Capítulo 26

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- Hã? Pode me explicar? - William pediu.

- Então, esse casamento foi um contrato, certo? Meu pai assinou e eu fui obrigada a casar com o Felipe. Antes desse contrato, eu já tinha um relacionamento com outra pessoa, e mesmo depois do contrato, já casada, eu estava com o meu namorado. Eu engravidei dele e agora depois da data do contrato chegar ao fim, eu quero o divórcio.

- Felipe sabe que não é pai das crianças?

- Ainda não, mas contarei o mais breve possível, fique tranquilo. Você vai me ajudar com o divórcio? - Ela perguntou cruzando a perna.

- Sim, claro que vou. Só responda as minhas perguntas.

William e Monica ficam conversando por cerca de quarenta e minutos. Ela pede pra chamarem Bruno com o carro e logo desce.

Ele abre a porta para ela e segue para o banco do motorista.

- Eu comprei o que a senh... você pediu. Um pedaço de torta de brigadeiro, um de torta de limão e um copo de chocolate, me falaram que é novidade da doceria. - Ele entregou o pacote e ligou o carro, dando partida.

- Obrigada. Se quiser parar em algum lugar pra gente comer juntos, tudo bem. - Ele a olhou pelo retrovisor e parou no estacionamento do posto. - Você prefere brigadeiro ou limão?

- Hum, acho que limão. Mas podemos dividir. - Ele parte os dois pedaços ao meio. - Ah, esqueci de lhe entregar.

Ele entregou a cédula de cinquenta reais a ela.

- Você não pagou os doces?

- Paguei, mas não com seu dinheiro. Acho que poderia ser um presente, já que deve ser a única vez que vou acompanhá-la. - Ele sorriu.

- Bruno, se eu lhe chamasse para ser meu funcionário, esqueça o Felipe agora, ser apenas o meu motorista, você aceitaria?

- Sim. Mas porque pergunta isso? Está...

- Eu pedi divórcio ao Felipe, mas não conte nada a ele! - Bruno assentiu de boca cheia. - Ganhei uma parte da empresa do meu pai para trabalhar, acho que precisarei de um motorista para me levar e levar os meus filhos para escola, médico, essas coisas.

- Vai demorar muito para sair o divórcio?

- Não sei, às vezes não demora tanto. Temos ótimos advogados, acho que sai logo logo. - Ela terminou a torta de brigadeiro e partiu para seu pedaço de limão. - Faz tempo que trabalha com o Felipe?

- Sim, eu trabalhava com o pai dele e estou com o seu... quase ex marido há três anos. - Monica riu.

Bruno voltou a dirigir. Os dois ficaram em silêncio, pois Monica continuava comendo a torta de limão. Quando chegaram em casa, antes de descer do carro, Monica falou:

- Você é bem bonito, não sabia que Felipe deixava um rapaz tão charmoso como você lá em casa como segurança. - Ele riu. - É sério, ele fica irado quando eu falo com algum amigo na rua.

Bruno desceu do carro e abriu a porta para ela, segurando sua mão para ajudá-la a descer:

- Qualquer pessoa ficaria com ciúmes de você com outro homem, senhorita. Você é uma bela mulher, há motivos para ter ciúme. Claro que se der motivo. - Ela sorriu.

- Obrigada por me acompanhar, Bruno. Não se esqueça da minha proposta. - Ele assentiu e se aproximou para beijar sua mão.

- Não esquecerei, Monica.

Ela seguiu para dentro de casa, sentindo os olhares de Bruno de longe. Assim que entrou no quarto dos gêmeos, viu Felipe com Lucas no colo. O pequeno chorava muito, estava bem vermelho.

- Meu Deus, porque não me ligou!? - Monica perguntou soltando a bolsa no chão. - Me dê ele.

- Não, eu sei cuidar dele. Deve estar com fome.

- Se ele está com fome, me dê ele. - Monica tentou pegar, mas Felipe se virou. - Felipe!

- Ele pode estar com dor.

- Então deixe eu levar ele ao médico. Felipe, você nunca segurou uma criança na vida, muito menos cuidou.

- E você já cuidou alguma vez? - Ele a encarou.

- Mas eu sei bem mais que você. Você pode estar machucando ele! - Monica disse com lágrima nos olhos ao ver o filho chorar mais alto. - Ele vai acordar o irmão!

- Se ele acordar, você cuida do outro e eu desse, pode ser?

- Você é um doente!

Monica saiu do quarto chorando e desceu a escada. Viu Maria e outra empregada na sala.

- Eu não sei o que deu nele! Ele não deixa eu nem tocar no meu próprio filho! - Monica andava de um lado para o outro.

- Fique calma, eu vou buscar um copo de água pra senhora. - A empregada correu pra cozinha.

- Eu vou tentar fazer algo, fique aqui por enquanto. - Maria subiu a escada.

Monica saiu da sala e foi para o jardim. Viu Bruno encostado no carro e de cabeça baixa. Ao notar sua presença, ele se ajeita e a observa.

- Porque está chorando? - Ele perguntou se aproximando.

- O Lucas está chorando e o Felipe não deixa eu pegar no meu filho. - A empregada entrega o copo de água e se retira.

- Calma. A Maria subiu? Só ela consegue dobrar o Felipe. - Monica assentiu e bebeu a água, limpando as lágrimas. Bruno limpou as últimas que teimavam em descer. - Não chore.

- Falar é fácil. Não é seu filho que está com um louco lá em cima. - Ela falou encarando a gravata preta dele.

- Não se preocupe. - Ele baixou a voz e sussurrou: - Daqui a alguns dias você estará com um divórcio na mão pra ficar bem longe dele.

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