Capítulo 04

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Fechei a porta rapidamente, antes que ele me visse. Mas foi tarde demais, no último instante ele me viu. E pelo olho mágico vi que ele estava vindo à direção da minha nova casa.

"Granger? Granger é você?" perguntou ele batendo suavemente na porta.

"Granger, vi você. O que foi? Está me seguindo para ver se ainda sou um comensal? Responda, droga!" ele falou quase cuspindo as palavras.

Abri a porta e a expressão dele suavizou, mas depois franziu a testa de novo, encostu-se no batente da porta e cruzou os braços.

"O que está fazendo aqui, Granger? Não me diga que é coincidência você ir para a mesma universidade, mesma turma e mesmo condomínio que eu." Disse ele irritado.

"Olhe aqui, Malfoy. Não me importo com o que você pensa, mas é exatamente isso. Uma coincidência. Eu não imaginava nem que você viria para esse país, muito menos que iríamos ser da mesma universidade, turma e condomínio." disse fechando a porta na cara dele. Mas no último momento ele colocou o pé e impediu a porta de fechar. Então terminou de abrir a porta e falou olhando em meus olhos.
"Então o que faz aqui, Granger"? Perguntou suavemente, sem o sarcasmo característico dele.

"Pergunto o mesmo para você, Malfoy." Disse de nariz empinado olhando-o e cruzando os braços, assim como ele.

Então olhou para mim como quem diz "tá brincando, né?" e soltou uma gargalhada sem humor.

"Granger, você era uma das alunas mais inteligentes de Hogwarts e é da Ordem. Tem certeza de que não sabe o por quê de eu sair de Londres?" indagou ele sorrindo, porém seus olhos estavam tristes.

Então eu lembrei. Alguns bruxos que não acreditaram nos Malfoy e acharam injusto Draco e Narcisa Malfoy serem absolvidos e apenas terem prestado alguns serviços para o Ministério. Para eles os Malfoy deveriam morrer, por isso esses bruxos tentaram fazer justiça com as próprias mãos e fizeram um atentado contra o Malfoy e sua mãe. Draco Malfoy foi o único que sobreviveu. É disso que ele estava falando.

"Sinto muito, Malfoy. Você tem razão. Mas eu não menti. Tenho meus motivos para sair de lá também, não se preocupe que eu não vim atrás de você. Vim porque eu precisava." Falei sem olhar nos seus olhos.

Depois de um bom tempo, como ele não respondeu, finalmente olhei para ele. Ele estava me olhando como se estivesse concentrado em mim. Então percebi o que ele estava fazendo.

"SAIA DA MINHA CABEÇA JÁ, MALFOY! VOCÊ NÃO TEM O DIREITO!" Gritei para ele, chamando a atenção de uma família que estava passeando por perto e que nos olhou confusos.

Então ele arregalou os olhos para mim e fez uma expressão como se estivesse se desculpando.

Mas não se desculpou.


"Granger, acalme-se. Eu só estava verificando se você estava falando a verdade." Disse ele sério. Então sorriu e disse.

"Pelo visto parece que o trio de ouro finalmente se separou não é? Achei que nunca...".

Bati a porta na cara dele. Ele não tinha esse direito. Não tinha direito de invadir a minha mente assim.
E o pior é que não posso revidar, pois não dominava nem oclumência, nem legilimência e não conhecia ninguém que me possa ensin...
HARRY! Ele sabia oclumência!

Ah... Por um momento esqueci que nós nos separamos. Às vezes me dava uma angústia tão grande por ter perdido meus amigos. E perdi os três logo de uma vez.

"Que droga! Isso é tão estúpido!" Gritei me jogando no sofá, enquanto pesadas lágrimas quentes rolavam pelo meu rosto.

Mesmo não falando com eles e morando em um continente diferente, a dor no meu peito não se afrouxou.

Durante a caça das horcruxes Ron e Harry foram meu porto seguro. Sem eles eu não conseguiria prosseguir. O Ron, apesar de eu não estar mais apaixonada por ele, era uma pessoa muito importante na minha vida.

Foi ele quem me consolou depois da Segunda Guerra quando descobri que meus pais tinham morrido. Achei que meu mundo acabaria. Mas lá estava Ron. Ele também estava despedaçado pela morte do Fred, e assim nós nos confortamos. Ele me fez feliz por algum tempo, mas meu estômago não revirava mais quando ele sorria para mim.


Meus olhos não brilhavam mais quando eu o via.

Eu não me arrepiava quando ele me beijava.

Então entendi que não estava mais apaixonada por ele. E me senti culpada, pois estava claro que ele estava apaixonado por mim, e eu não me perdoava por não retribuir esse amor. Por isso resolvi ser sincera com ele.
Porém isso arruinou as coisas, não só entre nós dois, mas com sua família também.


E com Harry.


Aquele que me consolou quando Ron nos abandonou.
Aquele que sempre esteve do meu lado, não importa o que acontecesse.
Ele se foi.
Todos eles se foram.

Ron.
Harry.
Ginny.

Meus antigos melhores amigos.
Antigos, pois hoje não tinha mais nenhum amigo.

Então continnuei no sofá, chorando por aqueles que amo. Chorando por não ter mais o carinho de Ron. Chorando por não ter mais a amizade fiel do Harry. Chorando por não ter mais a cumplicidade da Gina. E chorando por não ter mais meus pais.

VOCÊ ME AMA - DRAMIONEOnde histórias criam vida. Descubra agora