Capítulo 22

3.5K 322 141
                                    

Eram 18h30 e eu estava sentada no sofá do apartamento, com a televisão ligada, porém sem assisti-la. Até agora o Draco não tinha aparecido e estou pensando seriamente em ir em seu apartamento para chamá-lo, mas não tinha coragem. Hoje aconteceu algo que há muito não acontecia, o Draco me abraçou e me consolou.

Não sabia se estava inerte neste sofá por conta do sonho ou por conta do que aconteceu, porém desconfiava que fosse pelo que aconteceu após o sonho, afinal ter pesadelos com meus pais era normal desde que soube das mortes deles, mas ser abraçada e tratada com carinho pelo Draco Malfoy, isso não era comum. Não mais.

xxx

Às 19h00 Draco bateu na porta do meu quarto, e entrou como se nada tivesse acontecido, como se nada tivesse mudado.

Triste então, aceitei isso e tentei não aparentar – tanto – a minha tristeza.

Aos poucos, com uma cautela silenciosa montamos todo um cronograma para as duas próximas semanas, de forma que pudéssemos – tentar – terminar esse antídoto.
Três horas depois já estávamos dormentes por ficarmos todo esse tempo sentados imóveis no sofá, mexendo apenas nossas bocas ao falar.

"Então... É isso, né?" Draco me perguntou, começando a se mexer para a dormência no corpo passar.

"É sim, Draco." Disse sem forças nem para enrolar um pouco, para ter mais tempo ao seu lado.

Ele, porém, me surpreendeu e perguntou sem me olhar nos olhos:

"Quer que eu peça uma pizza pra gente? Sei que a última vez que você comeu foi no almoço."

Abri a boca em surpresa e apenas consegui murmurar um "sim, claro."

Ele então foi na escrivaninha, pegou o telefone e um folheto em cima dela e ligou para uma pizzaria, cujo número estava no folheto. Falando em português, é claro. Língua esta que nem mesmo eu domino.

Ele pediu a nossa pizza favorita, metade Romeu e Julieta e metade de bacon.

Passaram-se cinco minutos e estávamos em silêncio ao lado do outro, assistindo uma espécie de série trouxa que estava passando na televisão.
Ele não falou nada, nem eu.

O pesadelo de hoje foi a pior versão dele. Fiquei muito abalada. Sabia que meus pais jamais agiriam como no meu sonho, jamais me matariam, jamais me culpariam... Mas isso não impedia que eu me sentisse culpada pelo que aconteceu a eles, e claro, meu subconsciente "aproveitava" para produzir horríveis versões do mesmo pesadelo. E o de hoje foi tão forte e intenso que eu não tinha forças para nada (e o que houve depois também contribuiu para isso).

Durante o planejamento do cronograma do trabalho, não falei praticamente nada, Draco cuidou de tudo e em nenhum momento me pressionou, ele deve ter sentido que eu não estava bem. Bem como pediu pizza para nós, pois se ele não tivesse feito isso eu iria apenas me jogar na cama após ele sair e dormiria, mesmo que passasse mal de fome. Tudo isso acumulada a falta que Draco me faz, só me fazia querer deitar na cama e ficar lá por horas.

Não sei quando passei a ser essa pessoa.

Eu sinceramente estava cansada.

Tudo que eu fazia era visando o bem de todos, nunca pensava realmente em mim, tentava sempre agradar a todos, pois se tinha algo que me doía era quando alguém ficava bravo ou magoado comigo, porém sempre que tentava fazer o que julgava ser certo para não magoar ninguém, acabava magoando a todos.

E isso tinha um efeito desastroso em mim. Parecia que dentro de mim tudo se quebrava. Eu sempre fui uma pessoa forte, já passei por muita coisa durante a minha vida, mas também era uma pessoa extremamente sensível. Quando eu ficava triste, eu realmente ficava. Ficava arrasada na verdade. Por isso eu sempre tive medo de entrar em depressão, pois sabia que se tratava de uma doença delicada onde você parece estar em um beco sem saída. Era muito difícil conseguir sair disso, e cada vez que coisas assim acontecem, meu medo crescia.

VOCÊ ME AMA - DRAMIONEOnde histórias criam vida. Descubra agora