Capítulo 19

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Mais de uma semana se passou e o Draco ainda não falou comigo. Na verdade, quase não o vi, ele faltou boa parte das aulas.

Segundo Meg, que ao que parecia estava mais próxima dele do que nunca, ele estava sentindo constantes dores de cabeça e não estava aguentando permanecer na aula, o que me fazia ficar muito preocupada com ele, pois essas dores constantes não podiam ser normais. Mandei diversas cartas para ele, mas nenhuma delas foi respondida.

Enquanto isso, me aproximei mais de Aiden, porém, apesar de ele ter uma agradabilíssima companhia, não conseguia deixar de pensar que quem eu queria ao meu lado, era o Draco. O Aiden era perfeito em todos os sentidos, mas acho que era a imperfeição do Draco que me atraía. A sua capacidade de ser gentil e carinhoso, porém ser duro e hostil quando queria.

Só ele tinha mil e uma personalidades e conseguia ser ele mesmo com cada uma dessas personalidades. Sem fingimento, sem atuação. Ele apenas conseguia ser ele mesmo, assim.

Imersa em meus pensamentos, não vi o professor de antídotos entrar na sala e apresentar o nosso próximo trabalho.

Teríamos que viajar em duplas e iríamos trabalhar em um projeto de pesquisa, com antídotos inovadores, nunca antes vistos, para doenças ou feitiços.

Seria o trabalho mais difícil até agora, teríamos que passar duas semanas no mínimo para realizar esse projeto.

O professor iria sortear a cidade para onde iremos e a dupla irá escolher o seu ramo de pesquisa.

Imediatamente o Aiden me olhou, deu uma piscadela e disse:

"Senhor Bennett, já tenho minha dupla. A mulher mais linda e mais inteligente dessa turma"

Eu ri do modo como ele falava. Mas o professor não. Ele o respondeu totalmente sério:

"Senhor Withmore, as duplas já estão escolhidas. As duplas que farão esse trabalho, serão as mesmas que fizeram o primeiro trabalho sobre antídotos. Se preparem, vocês viajarão daqui a dois dias. Agora irei sortear a cidade para onde cada dupla irá."

Estava num misto de emoções. Estava chocada. Estava animada. Estava apreensiva. Estava feliz. Estava nervosa. Estava alegre... Não conseguia definir o meu estado, estava mortificada. Só despertei do meu torpor ao ouvir meu nome pelo professor:

"...Senhorita Granger e Senhor Malfoy, vocês irão para a cidade de Belém, no Estado do Pará, no Brasil. Avise e explique esse trabalho para o Senhor Malfoy, Senhorita Granger, pelo fato dele não ter vindo hoje. Continuando, Senhor Cordovil..."

Assenti com a cabeça.

Eu ainda não estava acreditando que iria fazer um trabalho com o Draco novamente, essa poderia ser a chance de reatarmos nossa amizade. Eu não aguentava mais poder vê-lo, sem poder conversar horas a fio com ele, sem poder me divertir... Só esperava que ele estivesse um pouco mais aberto a aceitar essa nossa reaproximação.

xxx

Estava há meia hora em frente ao espelho, tentando domar meu cabelo, fazer com que essas olheiras desapareçam e tentando parecer saudável, já que estava totalmente pálida, talvez pelo fato de que iria para a casa do Draco explicar o nosso trabalho. Tinha medo de que ele nem quisesse me ver e ainda deixasse com que eu fizesse esse trabalho sozinha, mas estava tentando - desde o momento que o trabalho foi anunciado - ignorar esses pensamentos negativos e dar uma chance a essa oportunidade que me foi dada, de fazer as pazes com o loiro mais irritante que eu já vi, mas também o homem mais incrível que já conheci.

xxx

Toc, toc, toc.

"Já vai!" uma voz fina respondeu as minhas batidas na porta da casa do Draco.

Ao ouvir essa voz me virei para a rua e vi minha alegria ir se esvaindo aos poucos. Desde o momento que o trabalho foi anunciado eu não me lembrei da noiva do Draco. Ouvir essa voz fez com que a realidade caísse, e me fez perceber que nada mais será como antes, pois fiz a minha escolha.

Eu sabia que teriam consequências, mas mesmo assim continuei firme na minha escolha, e as consequências foram piores do que imaginei. Me custou algo que eu nunca imaginei que doeria tanto. Custou o meu confidente, o meu companheiro nas noites de pizza, o melhor cozinheiro que já conheci, o dono do melhor beijo que já experimentei, diga-se de passagem, mas principalmente, custou o meu amigo.

Perdida em devaneios não ouvi a porta sendo aberta, só percebi isso quando ouvi uma voz me chamando com surpresa:

"Pequena, o que faz aqui?" Meu corpo se arrepiou ao ouvir essa voz inesquecível bem próxima de mim, então eu me virei e nossos olhos se encontraram. Nenhuma palavra saiu da minha boca. Estava petrificada olhando esses olhos acinzentados, que apesar de sérios, demonstravam saudade, alegria, tristeza, cansaço... Tudo ao mesmo tempo. Eu queria pular nele e lhe abraçar, dizer que senti sua falta, dizer que eu me arrependia da minha escolha, dizer que a minha vida ficou vazia sem ele, ainda mais vazia do que quando fiquei sem o Harry, Gina e Ron... Mas não disse isso.

"Temos que nos organizar para fazer um trabalho" foi o que eu disse, lembrando que foi a mesma frase que disse a ele no primeiro dia de aula, e ao olhar em seus olhos vi que ele também lembrou. Acho que todos os nossos momentos juntos estavam gravados em nossas memórias para sempre, não importa o que aconteça.

VOCÊ ME AMA - DRAMIONEOnde histórias criam vida. Descubra agora