Capítulo 31

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Há cinco dias voltamos à Hartford.

Draco e eu fizemos um relatório ao professor logo ao chegar e entregamos nossa pesquisa. O professor ficou muito animado e admirado por termos conseguido tanta informação importante em tão pouco tempo, por isso ele nos propôs de continuarmos com a pesquisa. Draco logo aceitou, mas eu educadamente recusei. Não poderia passar tanto tempo assim com ele, sem sofrer tanto. Por isso achei melhor que ele continuasse a fazer o que ama, que é estudar essa área, e continuei com a minha vida longe dele.

Desde que percebi estar apaixonada por ele, minha perspectiva mudou. Uma parte de mim queria lutar por ele e por seu amor, porém eu sabia que isso não seria justo. Não seria justo tirar um noivo de sua noiva por conta de um amor platônico. Não seria justo que planos chegassem ao fim por causa de alguém que acabou de chegar. Não seria justo uma história terminar. Não seria justo...

Porém, ao perceber isso, cheguei à conclusão de que precisava me reerguer. Nunca dependi de ninguém, por que dependeria agora?

Voltei à estaca zero.

Com esse pensamento resolvi mudar a minha vida aos poucos. Todos os dias corri da minha casa até o parque que Aiden me levou, depois de tomar banho fazia um café da manhã reforçado e lia um livro a caminho da Universidade. Isso estava me fazendo muito bem. Quase todos os dias eu saía sozinha e aproveitava minha própria companhia.

Afinal, já que eu estava sozinha, precisava aproveitar o lado bom disso. Havia alguns dias que a tristeza vinha, mas no geral, eu estava conseguindo suportar sem surtar. Eu estava bem e esperava que apenas melhorasse. Que tudo isso passasse e apenas as memórias indolores ficassem.

xxx

Uma semana se passou, e nada em toda a minha vida me preparou para o que aconteceu.

Eu estava indo bem com minha própria companhia. Como sempre, Aiden estava sempre ali me fazendo sorrir e deixando os momentos mais leves.

Surpreendentemente, Draco procurava se aproximar de mim cada vez mais. Ele sempre me surpreendia dizendo que precisávamos conversar e que ele tinha algo para me contar, ele dizia que deveria esclarecer algo. Eu, porém, o afastava e me recusei a ouvi-lo. Eu fugia dele para não me permitir fazer alguma besteira. E não permiti, apesar do que conversamos no Brasil, tentarmos voltar a nossa amizade. Eu não suportaria aquela proximidade novamente, então decidi que o distanciamento seria a melhor solução.

Desde o momento que vi Draco naquela manhã, soube que havia algo errado. Ele estava mais pálido que o normal, com o rosto sem vida, tomado de olheiras e com o olhar cansado.

Assim que o vi, senti um inexplicável aperto no peito.

A aula daquela manhã foi passando, até que na metade da manhã tudo aconteceu.

Draco levantou o braço, interrompendo o professor. Seus olhos estavam muito vermelhos e aparentava estar sentindo muita dor. Após alguns segundos onde parecia estar reunindo forças, ele começou, com muito esforço, balbuciar algumas palavras. Instantaneamente me coloquei em pé.

"Eu preciso... Eu preciso..." Ele tentou falar, mas não conseguiu.

Só vi seus olhos se fechando e seu corpo ficando inerte, fazendo com que ele caísse.

Segundos antes de sua cabeça pousar no chão, saí do choque e corri para seu lado, fazendo com que sua cabeça caísse em meus braços. O medo me tomou e imagens inundaram minha mente, de momentos nossos e momentos que eu deveria ter percebido que ele estava doente. A minha ineficácia em perceber isso fez meu coração e minha mente ficarem em pedaços, fez meu corpo estagnar e nem ao menos piscar.

A única pessoa que se moveu foi o professor, que veio examinar Draco o mais rápido possível. Então seu corpo começou e ter espasmos e tremer convulsivamente. Ele estava tendo uma convulsão e congelei. Não percebi nem em qual momento me tiraram de perto dele.

"Preciso parar a convulsão e levá-lo ao hospital da Universidade, rápido, me ajudem!" disse ele tentando conter Draco.

Eles conseguiram imobilizá-lo e o professor colocou algo em sua boca que parou a convulsão.

Rapidamente senti braços fortes me segurando e percebi que estava tentando me aproximar dele.

Vi em câmera lenta o professor e alguns alunos colocando Draco em uma maca e o levarem para o hospital.

Me levantei para segui-los, porém mais uma vez os braços ao meu redor me apertaram de leve, fazendo com que eu não fosse à lugar algum.

"Draco... Eu tenho que... Ele precisa de..." murmurei em agonia em meio às lágrimas que inundaram meu rosto.

"Hermione, calma!" Aiden me virou para si e disse com firmeza.

"Olha em meus olhos." Ele disse.

Olhei e isso acalmou um pouco o meu choro.

"Ótimo, agora normalize sua respiração, se não, você pode passar mal também e não conseguirá ver o branquelo, okay?" Ele disse isso e fez com que eu me esforçasse ainda mais para me acalmar.

À medida que eu me acalmei, seu aperto afrouxava mais e mais, até que ele me libertou totalmente.

Estando mais calma, percebia as coisas mais claramente e raciocinava melhor. Lembrei das constantes dores de cabeça de Draco, que o faziam perder aulas ou se isolar de tudo. Como a dor de cabeça era o sintoma mais presente, possivelmente ele estava com algum problema relacionado à sua cabeça. Provavelmente no cérebro. Ao constatar isso, uma angústia terrível se apoderou de mim por completo. Problemas assim dificilmente eram reversíveis.

Porém, apesar de toda a tristeza e medo presentes em mim, fiz questão de me acalmar e me encaminhar ao hospital da Universidade.

Aiden não saiu do meu lado e agradeço a ele por isso e por não ter falado nada, por ter me deixado à sós com meus pensamentos.

Foi um longo quilômetro até o hospital. Provavelmente o levaram por alguma passagem, que servia para levar os pacientes o mais rápido possível para o hospital. Conforme me aproximava, meu coração palpitava cada vez mais. Estava ansiosa por vê-lo e saber em que situação ele estava.

Não me atrevia pensar que havia a possibilidade de perdê-lo. Isso estava fora de cogitação, eu não suportaria. Só de pensar nisso lágrimas escorreram como cascatas de meus olhos, inundando minha face preocupada. Apenas uma coisa se passava em minha mente:

EU NÃO PODERIA PERDÊ-LO.

Finalmente, o quilômetro e os sete minutos mais longos de toda a minha vida se passaram e cheguei à porta do hospital.

Aiden se adiantou por ver como eu estava e logo perguntou sobre Draco. Eles responderam que a única informação que poderiam dar é que ele estava passando por uma cirurgia de emergência.

Eu tentava me manter firme, mas era difícil. Imaginá-lo naquela maca passando por uma cirurgia, provavelmente na cabeça... Me deixava apreensiva e preocupada. Apesar dos métodos cirúrgicos dos bruxos serem mais avançados e seguros que os dos trouxas, o aperto em meu coração não saía.

Porém, tentei me fazer forte. Hermione Jane Granger não poderia deixar transparecer tudo o que sentia. Eu já passei por coisas horríveis, então sabia que precisava me manter forte. Não poderia desabar mais. Agora, mais do que nunca precisava me reerguer.


(E sim, nesse clima tenso me despeço, por hoje, de vcs. Até amanhã, lindas e lindos. Bom sábado. Beijos de lumus <3

~N)

VOCÊ ME AMA - DRAMIONEOnde histórias criam vida. Descubra agora