Recadinho rápido no final.
Malu
Sinceramente, não sei por qual motivo fechei a porta tão rapidamente, mas Alice enfureceu-se e tive logo de sussurrar-lhe uma desculpa inventada de última hora. Ela não sabia os motivos daquele homem estar ali, ninguém havia nos comunicado que ele viria nos buscar no lugar do Rei Edmond, por isso ela devia desconfiar. Para o brutamontes parado do outro lado da porta gritei "perdão alteza, ainda não estamos prontas, pode voltar outra hora?". A voz que me respondeu de nada se parecia com a de momentos atrás, quando nos confrontamos, saiu de maneira suave, cortês e educada. Nem parecia a mesma pessoa que me havia "proposto" uma bela decapitação! E por mais encantador que aquele homem fosse, eu jamais acreditaria que é confiável. Falso, dissimulado e astuto sim, podia sentir que o cara era mestre na arte do engano! Não que todos tivessem essa mesma convicção, estavam com um pé atrás, mas fui eu quem viu e sentiu na pele a frieza e maldade que exalam de suas palavras e por isso jamais cairia em qualquer que fosse seu jogo. Sei que estou certa e como uma ótima jogadora, não me darei por vencida até que Christopher Walker deixe que suas máscaras caiam.
- Incrível Maria Luiza, parabéns! Sua brutalidade me espanta à medida que cresce, conforme as horas vão passando! Ele é um Príncipe herdeiro, não te ensinaram que não se deve bater portas na cara deles é muito menos mandar que esperem pois não estamos prontas? Além do mais, nós estamos! - era engraçado como ela ficava rosa enquanto vociferava.
- Ainda preciso de alguns retoques...
- Ande logo então, ele não pode esperar a vida toda no corredor!
Peguei um batom qualquer na penteadeira e passei rapidamente, conferi meus grampos, o forro da saia e o laço das minhas botas. Alice me observava e quando viu que tudo estava bem, faz um gesto de encorajamento junto com uma careta de confusão para que eu abrisse a porta novamente. Com cara de poucos amigos, escancarei a porta em um só movimento e percebi que não foi a melhor escolha da vida, de novo, pois levei um belo susto ao dar de cara com o príncipe mimadinho escorado com os dois braços nos batentes. Com meu sobressalto, vi o que era a sombra de um sorriso. Aquela expressão sarcástica estava tão próxima que eu poderia ver seus pequenos cravinhos, isso se o desgraçado os tivesse. Logo a expressão se foi, dando espaço para uma feição seria e branda ao mesmo tempo, endireitou a postura e fixou o olhar em um ponto logo atrás de mim, com certeza em Alice.
- Peço desculpas Princesa Alice, não era minha intenção interrompê-las e muito menos assusta-las. Venho para conduzi-la até o salão de refeições onde poderemos nos conhecer melhor. - Todas as suas (falsas) palavras tinham um Quê de maldade, um duplo sentido ou era impressão minha? Também não me passou despercebido que ele não usou o plural para dizer onde iríamos e por isso intervi em meu favor:
- Ei, alteza, preciso acrescentar que quando o senhor disse conduzi-la, esqueceu-se de mencionar-me.
- Creio que não senhorita. Príncipes e Princesas não devem se misturar com empregados além do necessário, dar liberdade exagerada à vocês, inferiores, faz com que se acomodem e isso é inaceitável. Creio que tenha se produzido atoa, pode ir para a cozinha, eu tomo conta da Princesa. - Como ele pode dizer tudo isso de forma tão branda? Como se não fosse uma ofensa? Alice deve ter visto o brilho de satisfação em seu olhar de crocodilo! Olho para ela em busca de alguma resposta e o que vejo é uma expressão fechada, sinto seu corpo forçando-se para frente, até ficar ao meu lado, sua mão pousa em meu ombro e as palavras saem como cristais de gelo:
- Malu não é uma criada, é minha Dama de Companhia, melhor amiga e CONVIDADA, se quiser que tenhamos uma boa convivência Alteza, precisará mudar seus modos e tratá-la com o respeito que ela merece. Se não quiser andar com ela, pode ir sozinho até o salão, afinal, o senhor já sabe onde fica.
Quis aplaudir minha amiga por seu modo firme e decidido de falar, não havia uma gota sequer da garotinha insegura que as vezes teima em aparecer. Me contive e apenas desfrutei da imagem de Christopher Walker engolindo em seco as palavras que uma verdadeira mulher jogava em sua cara!
- Não era intenção ofende...
- Pare de dizer que não era a intenção já entendi isso, preciso que se posicione, vamos os três ou não? - Quanto orgulho uma amiga pode sentir? Pois eu estou transbordando desse sentimento por Alice! Recebemos apenas um leve manear e uma mão estendida expondo o corredor logo a frente. Todo o caminho foi feito com o absoluto silencio de Christopher e o tagarelar entre Ali e eu. Aquele homem emburrado chegava a se hilário, não que eu estivesse reparando, mas o caminho todo suas sobrancelhas ficaram franzidas e ele se alternava entre morder os lábios e fazer um biquinho. Alice também reparou e me deu um leve sinal dizendo que Christopher Walker era Ok, não sei se ele percebeu, mas de qualquer forma não demonstrou estar interessado em nada que nos dissesse respeito (sinto que isso é culpa de minha presença) ele estava muito concentrado em seus próprios pensamentos e isso me assustava profundamente. O que um homem, sem escrúpulos, como ele estaria pensando?
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Poucos asteriscos porque escrevi esse capítulo pelo celular enquanto esperava no carro o veterinário chamar meu gato hauahauaya desculpem qualquer erro, mudei MUITA COISA da antiga história e esse capítulo não estava previsto. Eu tava na bad e resolvi escrever, me desculpem se saiu uma porcaria.yana_fontenele muito obrigada pelo carinho! Demonstrações pequenas de consideração geram coisas grandes em outras pessoas <3
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O Futuro da Nação
RomanceHá 50 anos toda a América enfrentava crises financeiras alarmantes, aproveitando-se disso, as três principais potências europeias iniciaram uma grande guerra contra Estados Unidos e seus aliados. Derrotados e escravizados, o sistema de monarquias se...