onze - pessoas mortas.

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FLIPPED

| LUKE |

As manhãs de domingo eram calmas em nossa casa. Meu pai se permitia dormir mais, minha mãe não fazia o café da manhã e meus irmão ficavam até tarde tocando com sua banda, você nem perceberia que eles estão ao redor até meio-dia.

Mas nesse domingo, eu acordei me sentindo estranho. Eu tinha que fazer algo para acabar com os sentimentos confusos sobre Michael porque eles estavam começando a voltar. Eu estava sentado em meu quintal quando ouvi a porta da frente se abrir, me virei. "Olá, criança. Bom dia," Meu pai me cumprimentou e acenou um pouco.

"Onde você está indo?" Perguntei, o vendo andar até seu carro. "Ah, hm, eu estou indo visitar o túmulo do seu tio Peter," Ele murmurou, olhando para seu converse preto e sujo. Eu assenti, andando em direção ao seu carro. "Eu quero ir."

"Um cemitério é um lugar assustador, Luke."

Revirei meus olhos, "Tenho dezessete anos, posso aguentar." Meu pai assentiu, dando tapinhas em meu cabelo loiros antes de eu pular em seu carro. Em todos esses anos, eu nunca fui ver o túmulo do meu tio Peter, não sei porque. Sempre foi algo que meu pai fazia sozinho.

Não falamos muito um com o outro durante o caminho, mas eu não ligava. Eu apenas gostava de estar com meu pai. De alguma forma o silêncio parecia nos conectar de uma forma que palavras nunca poderiam.

Estacionamos o carro e saímos. Meu pai colocou um braço ao redor de meus ombros e andamos, sendo cumprimentados por um homem no portão. "Bom dia, estão aqui pra visitar quem?" O homem perguntou educadamente. Meu pai respondeu suas perguntas enquanto eu estudava as características físicas do homem. Ele era pálido, tipo, muito pálido e isso me lembrou Michael. Caraca, até flores me lembram o Michael, porque flores são bonitas, e Michael também é.

Meu pai agradeceu o homem e nós entramos no cemitério. Meu pai sabia exatamente onde o túmulo de Peter ficava, então não demorou muito para que chegássemos. As pessoas ao redor estavam chorando e gritando e isso me assustou. Eu logo concluí que não gostava dali.

Meu pai se ajoelhou e colocou uma caixa de chocolates no túmulo de seu irmão. Ele me disse que esses chocolates sempre fizeram Peter se sentir melhor. Meu pai falou com o túmulo, dizendo o quanto sentia falta de Peter e o quanto ele desejava que Peter tivesse o contado sobre sua doença.

Quando terminou, meu pai disse que eu deveria falar com ele também. Peter costumava ser um romântico sem esperanças, meu pai disse. Ele beijou minha testa antes de sair, me deixando sozinho com 'Peter'.

"Ah, hm, oi. Eu sou Luke, seu sobrinho. Me entristece que eu nunca cheguei a te conhecer, mas eu espero que você esteja bem aí. Veja, eu tenho esse amigo, bom, tecnicamente eu nem ao menos sei se ele é meu amigo. Mas, seu nome é Michael e eu sinto algo por ele desde que eu tinha dez anos.

Mas o problema é que Michael não gosta de mim. Cara, eu acho que talvez ele até me odeie. Peter, eu não quero ter sentimentos por Michael porque ele não nunca sentirá algo por mim e isso está me quebrando. O que eu devo fazer?"

Silêncio.

Eu não entendia porque meu pai gostava de conversar com Peter, porque não fez eu me sentir melhor, na verdade fez eu me sentir pior. Eu me levantei, agradeci Peter por nada e voltei para meu pai.

Quando chegamos em casa, eu queria ir diretamente para meu quarto, ouvir mixtapes tristes e ficar com os olhos de fora de tanto chorar. Mas aparentemente o mundo tinha outros planos.

Eu e meu pai andamos até a cozinha, onde mamãe estava batendo nervosamente os dedos no balcão da cozinha. Minha mãe nos cumprimentou, meu pai deu um selinho nela e ela deu um beijo em minha bochecha. "Estou feliz que fui," Menti, dando um sorriso falso.

"Que bom, querido. E, hm, a propósito," Minha mãe começou, "Karen Clifford nos convidou para jantar na sexta à noite." Eu engoli em seco, coçando a nuca, "Ela convidou todos nós?" Ela assentiu animadamente e eu queria vomitar e arrancar meus olhos.

"Até mesmo nosso amigo Pro Paganda?" Meu pai debochou, esfregando as têmporas. Minha mãe revirou os olhos pra ele, o direcionando um olhar de advertência. "Por quê? Depois de todos esses anos?"

"Bom, ela disse que se sentiu mal por não ter nos convidado antes e aparentemente eles querem nos conhecer melhor. E eu acho que seria bem legal," Ela respondeu sua pergunta. Meu pai revirou os olhos dramaticamente antes de assentir e sair da cozinha.

Não estava muito animado para o jantar com os Cliffords, mas eu podia ver que significava muito para minha mãe. Eu estava na biblioteca da escola no dia seguinte e não conseguia me concentrar. Meus pensamentos continuavam indo de Peter para Michael e então para o jantar que se aproximava. Eu me perguntava como meus avós se sentiram quando perderam um filho quando a realidade me interrompeu, "Michael Clifford gosta de você, pra resumir"

Olhei por cima de meu livros para ver um garoto com olhos castanhos e covinhas que eu sabia que tinha o nome de Ashton. "Uh, o quê?"

"Ele tem uma grande queda por você," Ashton riu, suas risadas enchendo toda a biblioteca. Eu debochei, "Você é engraçado. Michael Clifford não tem uma queda por mim. Ele nem ao menos é gay."

"Ah é? Eu peguei ele te comendo com os olhos na aula de Artes. Ele disse que era porque você estava desenhando um dinossauro. Ele não é idiota?" Ele estava falando a verdade? Ou era apenas outro amigo de Michael tentando brincar comigo?

Ashton me empurrou até um dos corredores da biblioteca, a que ficava atrás de Calum e Michael. Eu estava olhando para ele. A maneira como seu cabelo azul era uma grande bagunça e as olheiras debaixo de seus olhos estavam mais negras do que nunca. Mas ele ainda se parecia como um anjo para mim.

"Caralho, você tá com algum problema mental? Luke Hemmings? Um garoto, pelo amor de deus!? Você o odeia," Calum gritou, passando a mão por seus cachos negros e loiros feios enquanto andava pelo corredor da biblioteca em que estavam.

""Isso que é estranho, não acho que odeio." Michael falou. Calum resmungou, chutando um dos livros que estavam embaixo de seu pé. "Jesus Cristo, você sente alguma coisa por ele?"

"E-eu não sei." Michael respondeu timidamente, coçando o piercing em sua sobrancelha.

"Bom, você tem que arrancar esse mal pela raiz. Essas não são emoções reais. Você apenas se sente culpado por causa daquela coisa com a mixtape."

"Bom, é, e eu disse que ele não cantava nada," Michael adicionou. "Exatamente. É verdade, de qualquer forma."

"Não é culpa dele. É porque ele tem problemas nos pulmões e mal pode respirar enquanto canta."

Calum debochou, "Provavelmente causado por tanto tossir enquanto chupava pintos. Viado inútil." Michael riu, dando tapinhas no ombro do amigo, "É, viado inútil."

Ahston suspirou, colocando suas mãos em ambos de meus ombros, "Me desculpe. Eu pensei que-"

"Ok. Está tudo bem." Cortei, o direcionando um sorriso falso. E estava. Porque agora minha confusão havia ido embora, eu tinha certeza que não gostava mais de Michael Clifford.


flipped ▷ muke (portuguese version)Onde histórias criam vida. Descubra agora