nove - tanques de oxigênio e cânulas.

911 134 123
                                    

FLIPPED

| LUKE |

Eu nunca estive com vergonha de minha voz. Eu sabia que não era muito bom, mas eu sempre achei que soava bem. Era assim, até que Michael Clifford disse que eu era um cantor horrível.

Durante o jantar, Ben e Jack cantaram a música que nós escrevemos juntos. Eu queria cantar junto, mas iria arruinar tudo. Eu tinha que fazer algo, e sabia o que era.

"Vocês estão cantando muito bem," Minha mãe disse, dando um beijo na cabeça de ambos os garotos. "Nós iremos gravar na garagem de Alex. Iremos nos tornar artistas. E se isso não acontecer, pelo menos aprendemos algo," Jack disse, fazendo um high five com seu irmão.

"Falando em aprender algo, " Eu comecei, "Eu quero fazer aulas de canto." A família toda franziu o cenho, e eu limpei a garganta, "Quer dizer, quanto poderia custar? Eu posso pagar com o dinheiro das mixtapes."

Meu pai balançou a cabeça, "Por que você iria querer isso? Você canta bem." Abaixei o olhar para meu prato, "É, se eu cantar uma música lenta talvez. Mas eu quero ser capaz de cantar com Ben e Jack, gravar com eles sem ter que levar meus tanques de oxigênio, cânulas e outras merdas que só me fazem cantar pior. E falando em merda, é exatamente isso que minha voz é."

"Isso não é verdade, Luke. Quem te disse isso?" Eu suspirei, contando até três antes de soltar, "Os Clifford's jogaram minhas mixtapes fora porque eles acham que minha voz faria lavagem cerebral em Michael para ele se tornar gay, e falaram que eu não canto nada."

Minha mãe engasgou, entrelaçando nossos dedos, "Karen disse isso?" Balancei minha cabeça, suspirando, "Não, Michael disse."

Minha mãe esfregou suas têmporas, "Não sei o que dizer, Luke, sinto muito. Talvez nós possamos achar aulas de canto, se realmente é o que você quer que eu faça."

Meu pai tossiu, balançando a cabeça, "Luke, sei que você quer, mas eu não deixarei a cantoria vir em primeiro lugar quando a sua saúde que deveria estar. O médico disse que você não deveria fazer isso, vai danificar seus pulmões mais ainda."

"Eu quero cantar, pai. " Protestei, "Quero cantar músicas como If You Can't Hang, Lego House e This Is Gospel mas eu não posso porque literalmente e metaforicamente tira muito o fôlego e eu odeio isso!" Isso acabou saindo como um grito, e me assustou.

"Luke, você soa incrível. Talvez músicas lentas foram feitas pra você, seja feliz porque você pelo menos consegue cantar alguma coisa." Balancei minha cabeça para Ben, escondendo meu rosto em minhas mãos. "Nós não iremos arriscar, Luke." Meu pai disse severamente. Olhei para minha mãe, que tinha um olhar de desculpas em seus olhos.

"Liz, não olhe pra ele desse jeito," Meu pai a advertiu, olhando em sua direção.  Ela revirou os olhos para ele, continuando a comer. Meu pai debochou por ela ter revirado os olhos. Minha mãe gritou com ele por apenas querer me fazer feliz.

Eles acabaram brigando. E essa foi a primeira vez que ouvi meus pais gritarem um com o outro. Naquela noite, ambos vieram para meu quarto. Meu pai conversou sobre como a segurança e saúde sempre vêem em primeiro lugar. Seu irmão morreu de uma doença séria que não contou que tinha, e continuou andando com aquela doença até que seu corpo não aguentou mais.

Minha mãe conversou sobre o quanto ela amava meu pai por sua força e coração gentil. Quando ela me deu um beijo de boa noite, uma de suas milhares de bênçãos, eu era seu melhor.

Eu senti pena de minha mãe. Eu senti pena de meu pai. Mas o mais importante, eu me senti sortudo por eles serem meus.

Um dia, sentando no cobertor no jardim da frente, tentei cantar uma de minhas músicas favoritas, mas fui interrompido por meus próprios tossidos. Eu me odiava.

"Tenha certeza de não tossir seu pulmão pra fora do seu corpo," Uma voz que não era familiar falou, e eu reconheci as características do homem, era o avô de Michael. Eu ri, "Talvez assim eu pudesse trocá-los por algum que funciona direito."

Agora ele era o que ria, "Oi, eu sou William Fields, avô de Michael. Peço desculpas por ter demorado tanto pra vir aqui e me apresentar," Nós apertamos nossas mãos, e eu dei a ele um pequeno sorriso. "Prazer em te conhecer," Eu disse educadamente, "Então, você está tentando cantar novas músicas?"

Dei de ombros, "Estou tentando, mas não consigo." Ele me deu um sorriso simpático, "Acho que com as técnicas certas você soará angelical."

Eu assenti, mas então a realização me bateu, "Escuta, Sr. Fields. Se você está aqui pelo que Michael me disse, não preciso de sua ajuda."

Ele balançou a cabeça, "Me chame de William. E não, eu li sobre você no jornal. Elizabeth teria sentado com você naquele terraço. Caramba, ela teria ficado lá a noite toda. Ela amava música, assim como você." Mais tarde ele explicou que Elizabeth era sua esposa, e que ela morreu muitos anos atrás. Ele me disse que eu lembrava ela. E disse que isso era um elogio. Eu não lembrava ela por sua aparência, mas sim por seu espírito.

Nós trabalhamos com minha voz a semana inteira. E durante todo o tempo que cantei, ele me dava dicas e truques. Isso ajudou. O contei sobre meus pulmões quase imediatamente, e que eu me odiava por ter pulmões de merda. Ele também queria saber mais sobre aquele terraço.

Ele sabia exatamente o que significava sobre o todo sendo maior do que a soma de suas partes. Ele disse que era o mesmo com pessoas, mas às vezes com as pessoas, o todo poderia ser menor que a soma de suas partes. Eu achei que isso era bastante interessante. Comecei a pensar em pessoas que conheço desde a escola primária tentando descobrir se eles eram maior ou menor que a soma de sua partes.

Ashton Irwin era menor, Calum Hood era menor, Caroline Bailey era bem menor. E William estava certo. Na verdade, muitas pessoas eram menor. De todos os meus colegas de classe a única pessoa que eu não consegui encaixar foi Michael.

Até recentemente, eu teria dito com certeza absoluta que ele era maior, muito maior que a soma de suas partes. Mas agora não tinha tanta certeza.

Em um sábado eu estava sozinho em meu quintal, no cobertor familiar cantando uma música que William disse que fazia minha voz brilhar. "Você, hm, você canta bem," Eu de repente ouvi a voz familiar até demais falar, olhei para cima, seu cabelo tinha um tom escuro de azul por causa do óculos que eu usava. Dei de ombros, "Obrigado. Agradeça ao William, na verdade."

"Sinto muito pelo que fiz, Luke." Balancei a cabeça com humor, "Não, você não sente." Voltei a tocar meu violão, tentando o ignorar. Ele suspirou, "Eu sinto."

Deixei uma risada sarcástica escapar, "Claro que sente." Ele realmente sentia muito? Ou ele estava apenas dizendo isso para se sentir melhor? Então eu pensei que talvez eu só quisesse que ele fosse maior que a soma de suas partes. Mas quando olhei para seus olhos, seus lindos olhos verdes, pela primeira vez, eu tinha bastante certeza que Michael Clifford era menor.

flipped ▷ muke (portuguese version)Onde histórias criam vida. Descubra agora