Prólogo

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Sua visão estava turva, seus olhos pareciam pesar. Pesavam devido às lágrimas que saiam deles. Seu coração parecia esmagado por dentro, e tudo o que passava em sua mente era a discussão que ela tivera com o Zayn seu namorado. Fechou os olhos e automaticamente, as lembranças daquele dia invadiram sua mente.

O barulho da rua era a única coisa que a fazia perceber que não estava surda. Os dois se encaravam, o olhar castanho penetrante de Zayn a condenava. Ela apenas não se sentia confortável com isso, não agora. Fazia uma noite fria em Portland, e o brilho negro do céu deixaria o clima romântico se não fosse pela situação que eles se encontravam. Zayn indignado estacionou o carro na estrada, e sua namorada foi a primeira a sair. Com um andar lento, ele se aproximou dela. Sarah não sabia o que esperar diante de toda a tensão. Talvez ele terminasse? Não, ele não era do tipo explosivo. Um bom homem, certamente. Porém, mesmo aqueles que são bons se corrompem. Ele apenas se aproximou a olhou nos olhos e ficou em silêncio.

— Sarah, eu não entendo. Por que não quer? — Zayn perguntou ficando ao lado dela no capô do carro.

— Eu não me sinto confortável de ver seus pais agora, eu quero esperar mais um pouco! — Sarah explodiu, descarregando toda a angústia que sentia diretamente nele.

 — Como não? Você está saindo comigo faz quatro meses e não tem coragem de fazer uma programação comigo e minha família? Nossa! — Zayn magoado se afastou  — Eu não quero estragar nossa noite, mas preciso que você seja sincera comigo, e tome uma decisão logo. — disse entrando no carro. Segundos depois Sarah o acompanhou colocou o cinto de segurança, porém ele não.

— Eu não quero isso, entenda. — disse com a voz serena e então ele deu a partida no carro. O silencio permaneceu até o percurso de volta para casa, nenhum dos dois se ousava a se encarar, pois estavam perdidos em seus pensamentos.

— Eu sei que você se sente mal, mas ao menos tenha consideração. Eu não quero algo passageiro com você. — falou ao parar o carro na frente da casa de Sarah.

— Boa noite Zayn. —  foi tudo o que disse antes de sair dando as costas para ele.

Sarah pensava seriamente na proposta do seu namorado enquanto tomava um banho quente. A ideia de ter um relacionamento serio a deixava insegura, não queria se comprometer agora, mas também não queria vê-lo chateado. Saiu do banho decidida a ligar para ele e ter uma conversa, mas as batidas na porta do seu quarto não a deixara procurar pelo celular.

— Zayn bateu o carro, ele não sobreviveu querida. Sinto muito. — seu pai falou se aproximando dela, a mesma estava estática e entrou em prantos.

Apavorada com o som de um estrondoso relâmpago, Sarah despertou sentando de imediato na cama. Ligou o abajur que ficava em cima do criado mudo para olhar o relógio ao lado, ainda era madrugada. Esfregou a mão no rosto tentando afastar a angustia que aquelas lembranças a trazia, percebeu que a mesma suava frio. 

Buscou forças para ir ate o banheiro, já que sentia um cansaço inexplicável e o piso estava gelado. Levou água ate seu rosto, e respirou fundo para controlar a respiração que estava ofegante. Com corajem se olhou no espelho, estava horrível, com olheiras, a pele pálida, e com certeza destruída por dentro. Não conseguia acreditar que havia perdido o namorado fazia mais de uma semana, o sentimento de culpa a castigava, e nada podia ser feito. Se não fosse por sua imaturidade ele não teria ficado bravo e perdido o controle. Ela o amava e tinha o perdido para sempre e isso a torturava, não segurando mais se permitiu chorar mais uma vez.

De volta em cima da cama, pegou uma foto do seu namorado que havia revelado há pouco tempo, e começou a desenhar o rosto dele em seu caderno. Rabiscava sua imagem para preencher o vazio que sentia em sua alma. Ao terminar o desenho, Sarah pegou a foto e ficou a observando, ele era tão jovem e com uma vida pela frente, como o destino pôde ser tão cruel? Pensando nisso deixou alguns lágrimas de saudade escorrer pela imagem. Guardou o caderno, deitou na cama apertando a foto contra si, adormeceu imaginando sendo abraçada por ele.

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