O Acidente

449 52 98
                                    

O corpo de Sarah, completamente inconsciente, adentrou o hospital em cima de uma maca enquanto uma equipe de enfermeiros e paramédicos a levava para a ala de emergência.

— Coloquem um tubo torácico e levem-na! — ordenou um dos paramédicos que a acompanhava bombeando um pequeno balão de plástico para ajudar em sua respiração.

Ao entrar no centro cirúrgico, Harry faz uma analise para saber a proporção dos ferimentos.

— Contusões cerebrais, — disse ao olhar o exame da tomografia computadorizada da cabeça da garota. — Também há hemorragia interna e costelas quebradas. — respondeu olhando os outros exames.

— Não há muito que possamos fazer em relação ao cérebro. Temos que esperar para ver. — ordenou. — Enquanto isso chamem o banco de sangue. Precisamos de duas unidades de O positivo e mais duas de reserva. — dito isso, fez a higiene e proteções necessárias para começar a cirurgia.

A sala de cirurgia era pequena e estava cheia, repleta de luzes fluorescentes, o que destacava as marcas de ferrugem no chão que, apesar de polido, é perceptivelmente manchado de sangue antigo. Os médicos são precisos nos movimentos, cortando e costurando como se fosse um quebra-cabeça, só que com bastante cuidado com as peças, pois é uma vida que está em jogo. E era isso que pesava nos ombros de Harry.

Nunca queixou-se da responsabilidade que ser medico o trazia, ao contrario, sentia como se tivesse um dom, como se outra pessoa tomasse conta de suas mãos e o mostrasse como fazer. E sempre tinha um resultado positivo em relação a isso. Porem, não deixava de haver tensão na hora da cirurgia, o medo de errar e falhar com o paciente o deixava bastante aflito. Apesar de ser jovem e com poucos anos de residência no local, Harry mostrava ser um médico competente. Mostrava resultados no que fazia e com isso adquiriu o respeito de todos.

A anestesista ao seu lado observava os sinais vitais da garota, ajustando a quantidade de líquidos, gases e drogas que são injetadas. Qualquer cuidado é pouco em um trabalho duro e complicado como esse, a cirurgia parece interminável, mas Harry ainda consegue energia para continuar ali, em pé, trabalhando.

Depois de horas no centro cirúrgico, terminaram os procedimentos e a levaram para a sala de recuperação. A Unidade de Tratamento Intensivo.

No meio do quarto havia um computador que registrava os sinais vitais de Sarah, e uma escrivaninha enorme com uma enfermeira sentada e mais duas enfermeiras que a observam, além de inúmeros médicos ligando os tubos em sua garganta, para ajuda-la a respirar, outro em seu nariz, mantendo o estomago vazio, em seu peito, registrando seus batimentos cardíacos e em seu dedo, registrando sua pulsação.

Os pais de Sarah aguardavam na sala de espera noticias da cirurgia. Eva ainda não acreditava no que estava acontecendo. Saiu do trabalho indo direto para o hospital, recebendo a noticia de que sua filha tinha sofrido um acidente de carro, e o mesmo havia capotado. Seu estado era grave, pois não usava cinto de segurança. Tentava acalmar-se nos braços do marido, mas isso não afastava a agonia que sentia por não poder fazer nada.

— Por que diabos demoram tanto? — perguntou, já sem paciência, levantando e saindo do abraço do marido.

— Ei, amor, não se agite tanto, pode fazer mal para o bebê. — disse o mesmo, levantando também.

— Eu não consigo ficar calma! Sinto-me uma inútil por estar aqui parada sem poder fazer nada! — alterou seu tom de voz, descarregando sua aflição.

— Eu também estou preocupado, mas temos que esperar! Não temos outra escolha. — respondeu calmo e se aproximou para um abraço, que foi retribuído.

SuperarOnde histórias criam vida. Descubra agora