Diga-me

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1 mês depois...

O dia do novo ano estava ensolarado, perfeito para comemorar em uma praia ou sair para curtir com os amigos, mas para Becca Watterson iria começar de um jeito menos provável. A garota de longos cabelos ondulados com leves luzes que lembravam raios de sol e de pele naturalmente bronzeada olhava atônita diante a cena em sua frente, se aproximou ainda receosa e aflita até onde estava a cama com o corpo desacordado de sua amiga.

— Oi — conseguiu dizer mesmo com as lágrimas atrapalhando sua vista e a fazendo fungar.

— Eu me sinto a pior amiga do mundo. — confessou, sentia-se culpada por ter demorado tanto tempo para aceitar a verdade.

— Me perdoe por não estar ao seu lado no momento em que mais precisou de mim. —respirou fundo já regularizado a respiração e passou a mão nos cabelos.

— Eu não posso te perder, eu não suportaria isso. Eu só consigo pensar que... Eu nunca deveria ter te apresentado a ele.

Um ano antes...

"Esse amor faz até os fracos de coração se apaixonarem

Quando existe amor, ele é resistente

O amor de verdade é resistente."

O refrão da música ecoava pelo quarto de Becca, o volume estava consideravelmente alto mas não ao ponto de incomodar seus pais. Hoje era a noite do pijama, que se resumia somente entre ela e sua amiga Sarah, como qualquer noite do pijama as conversas principais eram: difamar ex namorados, assistir filmes românticos, entupir de doces e, claro, fazer bagunça como por exemplo guerra de travesseiro.

No momento Becca mantinha sua concentração em pintar as unhas de Sarah.

— Prontinho. — disse ao finalizar.

— Que gracinha. — respondeu Sarah analisando suas mãos. — Eu amo essa cor, minhas unhas ficam tão perfeitas.

— Ela realmente fica linda em você, assim como qualquer outra coisa. — esboçou um sorriso confortante para Sarah a olhando intensamente.

— Então... Já escolheu o que vamos assistir? — perguntou levantando-se, quebrando o contato visual com ela.

— Quatro amigas e um casamento. — disse ao desligar o rádio.

— Por favor, não seja romance, porque não aguento mais ver sempre os mesmo filmes de amor incondicional e absoluto. — comentou Sarah, desmotivada.

— Você não pode julgar um filme por um título, calma, é uma comédia romântica. — Justificou recebendo um bufar dela indignado.

— Qual seu problemas com filmes românticos? — Questionou Becca.

— Assim como existem pessoas que não gostam de terror eu não gosto de romance. E eu não acredito na forma em que é colocado o amor nos filmes, é sempre a mesma coisa, amor à primeira vista, o amor proibido, amor não correspondido onde é vivido ao extremo e no final o casal fica junto. Não existe esse amor sem moderação na vida real.

— Pra mim o que você tem é medo, sabia? Medo de se apaixonar de verdade, se entregar de corpo e alma a alguém, de encontrar alguém que esteja disposto a fazer tudo por você, de se tornar vulnerável e se permitir amar e ser amada como você merece. — Becca disse tudo olhando em seus olhos fixamente, como se ao mesmo tempo que justificasse estivesse se confessando.

— Talvez esse seja o problema de amar demais, qualquer coisa que o outro faça vai te afetar muito. - depois de longos segundos sem falar, Sarah completou. — Vamos assistir logo esse filme antes que eu durma.

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