Capítulo 1

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Olho a minha volta assustada, onde estou? Apesar do lugar não ser agradável, tanto em seu odor quanto em seu barulho insuportável, para mim só o fato de ver tudo nitidamente faz com que seja lindo. Mas que lugar é aquele? Sempre imaginei como é o mundo, ou como as pessoas são, no entanto o que vejo é algo muito diferente do que sempre imaginei.

O ambiente é fechado e lotado, não sei se posso chamar esses seres que estão aqui de pessoas e também não sei do que se trata. Demônios? Humm, talvez. A sala é grande e tem uma espécie de altar, onde tem quatro pessoas, dois homens e duas mulheres, possivelmente se trata de dois casais. Meu corpo estremece quando a mulher loira grita, existe algo familiar nela, pensando bem existe algo familiar em todos os quatro. Por instinto de sobrevivência prefiro olhar para outro lugar que não seja aquelas pessoas, algo dentro de mim grita: perigo. Então olho para o "ser" que está ao meu lado resmungando de forma estranha, sinto meu estômago embrulhar a notar sua aparência, sua pele toda enrugada parecia uma casca grossa, sua pele se estende em gomos, e entre os vão existem uma gosma estranha e de aparência pegajosa, que nojo. Nem todos são iguais, uns tem chifres, outros não. Não muito longe, vi um homem muito bonito, ele está me olhando, seu olhar é profundo e sedutor, parece curioso. Desvio o olhar rapidamente, me sentindo estranha...

Daniel

A reunião já está me dando nos nervos, o fedor de bolor e a pouca iluminação misturado ao zumbido de vários demônios falando ao mesmo tempo tornava tudo ainda pior, se eu não estivesse muito interessado no que os ditadores desgraçados querem dizer dessa vez, já teria corrido o trecho. E isso tudo é só mais um motivo para eu odiar aquele maldito.

Sinceramente não consigo entender como esses vermes conseguem viver desta maneira, em pensar que todos um dia foram anjos, sinto meu estômago contorcer, com a lembrança de um tempo mais feliz, no tempo em que não precisava ver toda aquela imundice, no tempo em que era um arcanjo, maldita hora em que larguei tudo, maldito anjo da morte.

Sinto meu sangue ferver ao lembrar, do tanto que perdi por causa dele, e mais uma vez juro para mim mesmo que o farei pagar.

De repente uma voz forte ecoou fazendo com que todos os menores estremecessem de medo, não pude evitar e soltei uma rizada, uma diabinha que estava a poucos metros de mim, me olhou de relance, senti seu medo, fiquei intrigado com ela, será que desertou a pouco tempo? Era visto que era um menor, no entanto sua pele era lisa, perfeita. Interessante, muito interessante. Mas mais tarde tomarei nota disso.

— Idiotas!— A voz forte feminina se espalhou pelo ambiente. — São tudo um bando de incompetentes, já se passaram 17 anos mortais e ninguém encontrou Azrael e Fernanda é isso que estão tentando me dizer?

— É que acho que estão sendo protegidos.— Uma voz fina gaguejando tentou se justificar, mas que idiota.

— É sério isso? Você acha isso mesmo?— Não pude deixar de rir novamente, com o sarcasmo da voz dela, era lógico que eles estavam muito bem protegidos, eu não precisava ver a cena para saber o que aconteceria, coitado do dono da voz passaria os próximos cem anos se reconstruindo nas profundezas do abismo. Como se tivesse ouvindo meus pensamentos, com movimentos graciosos Alessa o atacou, e em instantes seu alvo virou pó. Todo o ambiente ficou em um silêncio profundo.

Não aguentei o impulso e bati palmas para todo aquele espetáculo de demonstração de poder.

— Bravo!!!— falei quando os olhos de Alessa me encontrou.

— Daniel? O que faz aqui? Pensei que não quisesse nada com nosso movimento.— Seus lábios sorriam, porém seus olhos me diziam outra coisa, rancor? Ela desviou o olhar antes que eu pudesse ter certeza.

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