Capítulo três

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Daniel

Estou andando sem destino certo, a espera de quem sabe o milagre de tropicar, assim do nada com Azrael. Mas se existe uma coisa que aprendi a milhares de anos é que milagres não acontecem para anjos, muito menos para demônios, se existe alguém que é privilegiado por eles, esse alguém é os humanos.

Pobre raça, tão suscetível e crédulos, é tão fácil enganá-los, não é a toa que o cara lá de cima dá tantas oportunidades, certamente é por causa da ingenuidade. Conversar comigo mesmo é a minha melhor maneira de passar o tempo, quando se tem todo o tempo do mundo, ele custa a passar.

Estou decidido, preciso encontrar Azrael a todo custo, pensei em sair da cidade, porém não entendo por que ainda estou preso aqui. Não tenho como saber se eles estão aqui ou não, no entanto, tenho uma forte intuição de que permaneceram aqui. O problema é saber onde. É como encontrar uma agulha no palheiro.

Estou passando perto de uma praça, quando sinto a presença forte da morte. Sorrio com a possibilidade de ser ele, no entanto espanto esse pensamento quando lembro que não é um anjo que procuro e sim um humano como outro qualquer.

Ainda assim sou obrigado a verificar, normalmente a morte não permanece depois de levar a alma. Todas as pessoas sentem a presença do anjo da morte, seja ele humano ou anjo, é impossível não perceber sua carga de sentimentos negativos, por onde passa deixa aquela sensação horrível. Os humanos nem sempre se dão conta de que o motivo da sua angustia é fruto da passagem do anjo. Como sei disso? Eu sei de muitas coisas, mas nesse caso é por tanto observar.

Por mais de um século fiquei observando como os humanos reagiam a morte, ajudei a transformar muitos anjos da morte em ceifadores, na real, o que eu queria mesmo era chegar perto dele, sempre foi ele quem eu quis. Então imagine a minha raiva quando descobri que perdi a possibilidade de tê-lo em minhas mãos. Nunca me conformei de ter chegado atrasado, mas como eu adivinharia?

Me aproximo cuidadosamente, evitando ser percebido e vejo o anjo conversando com alguém, ele está na minha frente e não consigo ver com quem fala. Tento me aproximar mais, mas o anjo começa a vasculhar com os olhos o lugar, sou obrigado a me esconder e quase fui visto. Foi por pouco.

— Quem está aí?— Escuto uma voz fina a perguntar. Que merda, acho mais seguro esperar de longe. Cuidando para não ser percebido me afasto, a uma distância segura. Mas não consigo ver nem ouvir nada. Me vem o pensamento de deixar isso para lá, não é da minha conta isso. Seria isso mesmo, se não fosse um anjo da morte o culpado de toda minha desgraça.

Respiro fundo tentando me conter, cedo ou tarde o anjo vai ter que ir embora, ai eu vou atrás da humana, para descobrir o que tem de especial. Afinal não é todos os dias que se vê uma humana conversando com anjo.

Só percebo a presença de Haniel, quando ele passa muito próximo a mim. Será que me viu aqui? Se viu fez questão de ignorar. Seja lá o que está acontecendo, os céus resolveu interferir, isso está ficando cada vez melhor. Tentei me aproximar novamente, mas agora não consegui, Haniel trouxe consigo algum tipo de proteção que impede a aproximação de pessoas como eu. Que maravilha!

Não existe alternativa a não ser esperar. Então percebi, que não era só eu quem estava esperando. Começou a aparecer muitos demônios, eles tentavam ultrapassar barreira protetora, mas era intransponível, ainda assim não desistiam, Que otários!

Senti minhas mão coçarem de vontade de bater em alguma coisa, sem pensar duas vezes parti para cima daqueles lixos, sou muito mais forte do que qualquer um deles, não sou um anjo caído qualquer, sou um arcanjo caído, treinado para batalha, empunhei minha espada que outrora exibia um brilho celestial, hoje seu brilho é negro. E sem muita dificuldade destruí dois deles, os outros fugiram.

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