Deixe-me voar

Capítulo quatro

Já ouvi dizer que existem anjos que tem o poder de se teletransportar, como nunca conheci um que tivesse, sempre pensei se tratar de uma lenda como tantas outras que existem. Mas estou começando a pensar que a Diabinha tem exatamente esse poder, pois somente isso explicaria o fato de ter sumido de uma hora para outra, daquela forma.

E que mulher é aquela, como pude perder a cabeça daquela forma? Desci as escadarias, sentindo o leve latejar nas minhas partes intima, reclamando o ato não consumado. Vou até o bar e peço uma dose de uísque, e viro em um único gole, preciso relaxar antes de retornar.

— Eu sei, ela enlouquece qualquer um.— Olho para o barman que está olhando para mim sorridente.

— Você a conhece?

— Só de vista... Não tenho permissão de falar com ela.— Ele pareceu desconfortável.

— E precisa de autorização para falar com ela?—perguntei intrigado.

— Demônios como eu precisam, mas vai ver esse não seja o seu caso.— Mas não é mesmo, nunca precisei de autorização para falar com alguém e nunca vou precisar, pensei comigo.

—E por que é assim? Ela é uma menor.

— Ela não é como nos, é especial. Li é única.— Então é esse o nome dela Li, possivelmente seja um apelido.

— E o que faz dela tão especial assim?— Eu estava cada vez mais interessado naquela história.

— Eu não sei.— Ele gaguejou, olhando para o alto.— Dá licença, tenho que trabalhar.

Acompanhei o seu olhar e me deparei com os olhos de Allessa me queimando. Ok, entendi o comportamento dele.

— Tudo bem, está na minha hora.

Já estava na hora de ir embora, no caminho de volta lembrei de comprar algo para Alice comer. Uma coisa era certo, eu não sabia como meu corpo reagiria quando a visse, depois de tudo que quase aconteceu com Li. Respirei fundo antes de adentrar o quarto, tentado controlar meus ânimos. Abri a porta cuidadosamente para não fazer ruido nenhum, e a cena que vi fez meu corpo inteiro ficar vivo.

Alice estava deitada, seu vestido acentuava suas curvas, o tecido da saia levemente levantado mostrando um pouco de suas belas pernas. Era a imagem mais angelical que vi nesses últimos seculos em que vivi aqui na terra. Linda! Desejei tocá-la com carinho, mas não queria assustá-la. Me aproximei e toquei em seus cabelos castanho ondulado e seu perfume invadiu o lugar, me deixando embriagado. Ela é como um fruto proibido, sei que não devia mexer, no entanto meu corpo não responde ao meu comando. Não vou fazer nada, mas só quero senti a textura de sua pele, a imagem lasciva de Li invadiu minha mente. Sim, elas são iguais fisicamente, porém são duas essências diferente e ambas com o mesmo poder de me enlouquecer.

Uma é um furacão cheio de sedução e sensualidade, a outra o frescor da inocência. Ela está virada para o outro lado, muito cuidadosamente deite-me ao seu lado, ela se agitou por um instante, penso que está acordando, no entanto seus movimentos apenas serviu deixá-la mais confortável em meus braços, ainda que dormindo ela não soubesse disso. Me aconcheguei nela e senti uma paz que a muito tempo não sentia, e foi assim que adormeci abraçado nela.

Acordei, e antes mesmo de abrir meus olhos pude sentir que estava acordada, mas ainda deitada em meus braços, não estou disposto a abrir mão do meu pedaço de céu, Alice é o frescor que minha miserável vida precisava. Sei exatamente o que o meu corpo tão perto dela pode lhe causar, qualquer demônio é a tentação em pessoa, sinto o desejo emanar de sua pele, sei que preciso me alimentar, seria ótimo me alimentar de seu pecado, e ainda por cima me deleitar em seu corpo delicioso. Meu corpo responde aos seus estímulos, e sou tentado da mesma maneira.