Luna
Preciso me acalmar, e tentar achar uma maneira de ajudar o Pedro. Eu sabia que não deveria tê-lo deixado para trás, mas fui idiota e fiz o que ele falou, agora fico aqui, preocupada e irritada. Depois de perceber que ele estava demorando, eu retornei e tentei me manter escondida para não ser pega novamente, cheguei em tempo de ver que Pedro não conseguiu escapar como eu. Fiquei aliviada ao perceber que ele ainda estava com suas asas. Mas por quanto tempo?
Sempre nutri uma paixão platônica por ele, desde criança, mesmo quando todos se afastavam dele por causa do seu poder, eu sempre quis estar por perto, mas ele sempre foi muito fechado e me manteve distante, para falar a verdade acho que ele nunca gostou de mim, ou talvez nunca tenha gostado de ninguém.
Quando o vi indo em direção daquele antro, não pensei duas vezes em detê-lo, infelizmente cheguei tarde demais para evitar o que aconteceu. Mas o que não entendo é o por que ele fez aquilo? Não faz o jeito dele, sempre foi tão correto apesar de tudo, obediente em seus atos, sendo o anjo mais jovem que assumiu seu cargo.
O que me preocupa é que uma desobediência não passa desapercebido, o que dificulta em conseguir a ajuda para ele. Mas eu preciso fazer alguma coisa, estou encima desta montanha já há quase meia hora, estou aqui no escuro, ouvindo apenas os barulhos das corujas, andando de um lado para o outro, pensando e ainda não cheguei a nenhuma conclusão. Decido orar aos céus para que clareiem minha mente. "Oh pai celestial, me ajude nessa empreitada tão difícil, não sei o que fazer, nem para onde correr, para onde olho parece não ter solução, somente o senhor pode me ajudar." Foi eu terminar de pensar nisso um rosto surgiu em minha mente: Arcanjo Haniel. Eu nunca falei com ele, nem sei se ele aceitaria ter uma audiência comigo, mas já ouvi falar que ele está envolvido pessoalmente nas questões referentes a família do Pedro. Será? Será que ele pode me ajudar? "Obrigada senhor, por essa luz." Depois de agradecer silenciosamente, me lancei no céu escuro rumo a cidade celestial. A noite está estranhamente escura, o céu encoberto de nuvens, procuro não me prender muito nisso e me concentrar somente na minha missão.
A viajem não foi muito longa, mas me pareceu ser uma eternidade, fui correndo ao palácio central onde os arcanjos se reúnem, tinha esperança de encontrá-lo. Mas fui barrada na entrada, nunca precisei procurar os arcanjos para nada, por isso nem sabia que era tão controlado assim o acesso a essa área.
— No que posso ajudar?— O anjo que estava na entrada é enorme, tampava quase toda a visão do saguão.
—Preciso falar com o arcanjo Haniel.—Respondi com uma confiança que não possuia.
— Não vai ser possível.— Me estiquei para tentar olhar para dentro, mas o anjo a minha frente bloqueou com seu corpo.
— Mas é urgente!— Tentei parecer firme, e ele me fulminou com os olhos
— Já disse, Haniel não pode te atender agora.
—Por que?— Eu sei que não deveria questioná-lo, mas meu desespero fala mais alto.
—Não é da sua conta. Vai embora antes que eu perca a paciência contigo.
— Por favor! Eu não quero desobedecer, mas eu preciso falar com Haniel.— Eu não sei o que se foi minha cara, ou o que aconteceu, mas os olhos deles que estavam severos, se suavizaram.
—Você precisa de um copo de água?— Não entendi sua pergunta. Só então percebi que estava chorando. Merda! Odeio quando isso acontece, me sinto vulnerável.
—Eu aceito, obrigada.— Ele se virou rapidamente e pegou a água em um bebedouro que estava ao lado.
—Tome. Vai te fazer bem.— Peguei o copo e beberiquei, respirando fundo, tentando me acalmar.
—Obrigada.
—Agora, me conte por que toda essa urgência?— E agora? Será que eu poderia confiar nele?
—Me perdoe, mas só posso contar a Haniel.
—Infelizmente agora não será possível conversar com ele, pois ele está em uma missão externa e não tem previsão de volta.— Aquilo não era bom, cada minuto que Pedro passa naquele antro, menos são as chances dele.
— Eu não posso saber onde encontrá-lo? Juro não atrapalhar em sua missão, mas é muito importante.
— Infelizmente não. Lamento.— Uma movimentação estranha chamou sua atenção por uns instantes e tornou a me olhar.— E agora é melhor você ir.
Me sentindo derrotada, me virei sem saber para onde ir. Que merda! Nunca precisei de nenhuma ajuda superior e agora que preciso me sinto desamparada. Eu estava me afastando quando ouço:
— Hey garota!— Olho para trás sem muita esperança.— Talvez você devesse visitar todos os hospitais da cidade. Isso pode ser uma ótima terapia.— Dizendo isso ele me deu uma piscadela.
—Obrigada.— Seria isso uma dica? Sem dúvida eu verificaria.
Depois de passar por vários hospitais sem ter sucesso faltava apenas mais dois, o Santa Casa e o Cajuru, decidi deixar o Cajuru por ultimo, por alguma razão que não sei explicar aquele lugar me causa arrepios.
Entrei na Santa Casa pelo portão principal, decidida passar por todos os andares. Andei pelo terreo e já estava quase indo para o piso superior quando vi Haniel. Senti a alegria e a esperança nascer em meu coração novamente.
—Com licencia! Senhor Haniel?— Ele olhou para mim, seu olhar me causou calafrio.
— No que posso ajudar senhorita Luna?— Ele sabe meu nome!
— Preciso falar contigo, preciso de ajuda, pode me dar uns minutinhos.— Ele deliberou por alguns instantes.
— Tudo bem, mas só por alguns instantes, espero que seja algo serio. Depois vou querer saber como me encontrou.— Ixe, tomara que ele esqueça, não posso entregar aquele anjo.
—Então Senhor Haniel, eu gostaria de falar sobre o anjo da morte Pedro.
— O que tem o Pedro?
— Há algumas horas, ele cometeu um desatino de ir até um covil, eu o interceptei, porem estava muito perto e ele acabou capturado.— Haniel não parecia surpreso e nem preocupado.
— E o que tenho haver com isso?— Uma resposta curta e grossa, engoli seco.
— Eu não sabia o que fazer, orei ao pai celestial e seu rosto surgiu em minha mente, penso que pode me ajudar a libertá-lo.
— E por isso veio até mim, mas não posso ajuda-la, Pedro sabia que sua escolha tinha consequência e ainda assim foi até lá, ele escolheu seu caminho, não deveria ter tentado impedi-lo.— Ele era severo e seco em suas palavras, parecia sem um pingo de compaixão.
— Eu sei senhor, mas ele tinha se arrependido.— Eu já estava me sentindo mal com toda essa situação essa já era a terceira ou quarta vez que eu estava praticamente implorando ajuda, é tão difícil fazer isso quando não se tem o costume.
— Eu não posso ajudá-la, mas conheço alguém que talvez possa.— Ele ficou pensativo.— Mas você terá que falar com ele e tocar seu coração, e já vou lhe avisando não será fácil.
—Não importa quão difícil seja eu vou conseguir.— Ele sorriu para mim.
—É bom que esteja tão confiante assim, pois vai precisar de toda confiança que tiver para convencer o demônio Daniel.
Um Demônio? Eu teria que convencer um demônio. Senti meu sangue gelar, nunca conversei com um caído antes, sinto um arrepio de medo percorrer por minha espinha, o que eu não faço por você Pedro?
E ai o que acharam? Deixe seu comentário e seu voto. Beijos meus amores.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Deixe-me voar
FantasyPLÁGIO É CRIME!!! Não copie, se inspire Anjos... De um lado Anjos da morte, Anjos da vida e do outro Anjos caídos e ceifadores ... A luta entre o bem o mal continua... Tudo parecia ter se resolvido, a vida parecia correr seu curso normal para Fernan...