Parceiro de biologia

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O carro da família parou no estacionamento reservado aos professores e as quatro pessoas desceram dele. Julia colocou sua mochila nas costas e acompanhou as irmãs que já haviam engatado uma conversa sobre esmaltes e maquiagens para o baile de boas-vindas da escola. Geralmente acontecia três semanas depois do início do ano letivo, mas as jovens já sabiam até a data. O pai foi o encarregado de ficar vigiando os beijoqueiros na pista de dança.

Diziam que por serem novatas, as chances de conseguirem pares eram maiores, principalmente se elas se tornassem populares. Julia apenas queria aproveitar o dia de folga para assistir um filme qualquer que tivesse em cartaz. Talvez Anitta quisesse ir ao baile, ela gostava dessas coisas. Então poderia apenas se contentar em ter a noite sozinha para si mesma. Não era de todo ruim.

Seguiram o senhor Adams entre as passarelas de acesso, deparando-se com tudo completamente novo. Não havia muitos alunos ali e os poucos que já haviam chegado, estavam sentados na grama que crescia em frente ao primeiro pavilhão de aulas. Ninguém sabia ainda onde ficariam, exceto aqueles que já haviam ido até a secretaria e já tinham solicitado os horários. Julia e as irmãs seguiram direto para lá, conforme orientação do pai.

Quem as atendeu foi uma senhora esbelta e com bastante sardas. Extremamente simpática e com uma alegria que contagiava quem quer que fosse até ela. Os dedos pequenos batiam com agilidade nas teclas do computador e em menos de cinco minutos entregou as grades para as três, com um sorriso largo e os dentes brancos. Também lhes passou um papel para que todos os professores assinassem. Deveriam entregar a ela na saída.

- Bem-vindas a Cambridge High - as cumprimentou e as jovens deixaram a sala, agradecendo pela cordialidade com a qual foram tratadas.

As duas mais novas resmungaram sobre suas primeiras matérias, enquanto Julia só tinha a agradecer pelo que estava escrito em seu cronograma. Como eram de idades diferentes, cada uma cursava um ano diferente. A ruiva agradecia ao fato de ter, em seu primeiro dia, aula de história, inglês, espanhol, governo e biologia. Vibrava por não ter pego um horário semelhante ao de Tina. Ninguém merecia Educação Física justo no primeiro horário.

Na verdade, Julia não havia conseguido decidir se era melhor no início do dia ou no final, como ficou sendo a sua grade. Imaginou que estaria super cansada quando tivesse que encarar o seu professor, de quase dois metros de altura, usando o uniforme com as cores básicas da escola que era o vermelho e o amarelo.

Tina seguiu até a sala dos professores, na esperança de seu pai conseguir mudar seu horário - a realidade era que a jovem não gostava mesmo da matéria -, mas Julia sabia que não era assim que funcionava. Mesmo que conseguisse, teria que ter aula com o treinador Ortega naquele dia. Só adiaria o inevitável.

Depois de várias tentativas, a filha do meio retornou chateada para perto das irmãs e as três sentaram-se nos bancos da praça por alguns minutos. Conversaram coisas bobas por um tempo, antes que os pátios começassem a superlotar. A escola era grande e, consequentemente, o transito de alunos era numeroso. Julia conseguiu ver os grupinhos que já existiam, visto que elas eram as novatas e os outros se conheciam desde sempre.

Haviam os clássicos nerds, os rapazes vestidos com as camisas do time de futebol - mesmo tendo cartazes por toda parte informando que os testes só começariam no segundo dia de aula - e aqueles que pouco se importavam com a escola. Só estavam ali para fingir que se importavam. A realidade era que se preocupavam mais com o que fumariam do que com as matérias. Também não podia faltar o time das populares, que era o grupo mais disputado por todas as jovens da escola, mas poucas eram bonitas ou ricas o suficiente para entrar nele.

Julia as examinava de uma forma quase meticulosa. Como Tina e Marie conseguiam? Todo aquele brilho e cor-de-rosa chegavam a cegá-la. Preferia estar no grupo dos nerds ou daqueles pouco amados. Encarou aquela que estava bem na frente das outras. As mãos na cintura, segurando no cós da minúscula saia.

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