Alguma coisa maligna

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Julia entrou na casa furiosa. Willa estava sentada no sofá quando viu a filha gritando com Bruno. Os dois discutiam severamente, como a mãe nunca tinha visto na vida.

— O senhor não tem o direito de fazer isso comigo! — a garota falou — Eu não sou mais uma garotinha, droga. Eu tenho dezoito anos e não pode controlar com quem eu saio ou não.

— Enquanto você ainda estiver sob o nosso teto, você vai obedecer ao que eu e sua mãe mandar, Julia — Bruno retrucou.

— A senhora concorda com isso? — os olhos azuis estavam marejados de lágrimas de raiva. — Concorda que deve ter um rastreador em meu celular ou que é melhor vocês escolherem minhas amizades?

— Nós amamos você, Julia, mais do que você possa imaginar — Willa se pronunciou.

— Só pedimos para que se afaste desse garoto — o pai completou.

— Ele ajudou a nossa família. Foi ele que impediu que o Bill desse um golpe no senhor e mesmo assim o odeia ao ponto de machucá-lo? Eu nunca vou perdoar o senhor pelo que fez ao Dylan hoje. Pode escrever minhas palavras.

— O que você fez com o rapaz, Bruno? — Willa perguntou.

— Ele o esmurrou, mãe. O agrediu em plena praça, só porque estávamos sentados em um banco e conversando.

— Você não fez isso — a mãe olhou para o marido. Expressava tremenda reprovação pela atitude.

— Vai ficar contra mim? Nossa filha estava em Boston com ele.

— Boston é ali do lado, Bruno — Willa comentou alterando um pouco a voz — E ela estava com Dylan. Ele pode protegê-la e você sabe disso.

— Não acredito que você está dizendo isso, Willa. Justo você que sempre o culpou pelo que aconteceu.

— Pessoas mudam — ela comentou e o homem franziu o cenho — Porque culpamos o Dylan por machucá-la se somos nós que estamos fazendo isso perfeitamente bem? — a mulher a abraçou, seguindo com ela para o andar de cima. Não esperou a resposta do marido, porque sabia que estava certa e que não havia como ele responder. Levou a filha até o quarto e a fez deitar-se na cama. Marie e Tina não estava em casa. Tinham ido ao shopping com as novas amigas.

Willa lhe acariciou os cabelos vermelhos enquanto Julia chorava e molhava o travesseiro com as muitas lágrimas.

— O que sente por esse rapaz, Julia? — perguntou, ainda lhe fazendo um carinho.

— Não sei, mãe — respondeu respirando fundo para que parasse de soluçar. — Eu gosto da companhia dele e gosto de como ele me conhece e me trata. Me sinto bem quando estou com ele, sabe? Não pareço sequer comigo mesma quando Dylan está ao meu lado. Me sinto viva e livre.

— Isso é porque você o ama — Willa constatou. — Sempre foi assim, antes mesmo que pudesse esquecê-lo. Você costumava cantar, enquanto me ajudava na cozinha, e o sorriso nunca saia do seu rosto quando o encontrava. Dylan sempre te fez bem. Não importa se foi nessa vida ou em outra, ele sempre causa esse efeito em você.

— Como assim "nessa vida ou em outra"? Eu não entendi.

— Nossa família diz que temos duas vidas: uma antes do acidente, que quase matou você, e uma depois — explicou e a garota assentiu —, mas o que nos preocupa, meu amor, não é o Dylan. É o Bill.

— O que eu tenho a ver com o Bill?

— Você acha que Dylan o teria traído se não fosse por você? Ele entregou a própria família porque te amava — Willa abaixou a cabeça por um tempo, observando as suas próprias mãos. A ruiva sentou-se na cama, encostando na cabeceira, antes que a mãe começasse a chorar. — O nosso medo é que Bill queira descontar em você. Ele é um homem mal, Julia, e não teria nada que o fizesse parar se quisesse se vingar. Temos medo que ele consiga te tirar de nós e por isso pedimos tanto que se afaste de Dylan.

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