Guardião - (Hiatus)

Duplicação de Alma

Dylan deixou o quarto quando Julia finalmente adormeceu. A ruiva chorou por horas, abraçada a ele, mas finalmente o rapaz havia conseguido fazê-la parar. Ele desceu as escadas da casa e apareceu na sala onde a família inteira estava reunida. Isso incluía uma senhora de cabelos brancos e com bastante idade. Ela era a líder do Coven, mãe de todos os bruxos que se conhecia. Ela foi a primeira bruxa pura a existir no mundo e ainda existia até os dias atuais.

— Mãe — ele comentou. Aproximou-se da idosa e beijou-lhe a testa. — Nos traga uma boa notícia.

— Eu acho que essa seja mesmo uma boa notícia.

— Então descobriu como livrar a nossa Julia da morte ou que impeça que ela seja encontrada?

— Não descobrimos um feitiço que impeça que Julia seja encontrada, mas um feitiço que possa quebrar essa maldição de ciclo. Assim sendo, os meninos Norton não teriam mais interesse nela. O sangue não seria mais importante — A senhora colocou o livro em cima da mesa e fez um movimento com as mãos. As palavras saltaram do livro e formaram frases no ar, como se fosse um holograma.

— Nós já sabíamos desse feitiço, mãe — Bruno comentou. — Ele entregaria a alma de Elizabeth, que está em Dylan, para a Julia. Dylan morreria no ato.

— Eu já disse que não me importo com isso. Contanto que ela viva — o rapaz comentou.

— E o que você acha que a Lizzie faria quando voltasse a si e percebesse que deixamos o marido dela morrer? — Tina perguntou.

— Sem contar que, querendo ou não, você é parte dessa família — Bruno concluiu.

— Mas não vai precisar que o menino Dylan morra. Vocês, bruxos novos, não entendem que todo feitiço tem um porém? — a idosa perguntou.

— Desculpe, mãe — Willa pediu em nome de toda a sua família. A senhora fez outro floreio de mão e as palavras se embaralharam. Quando novamente tornaram a se formar, havia outra coisa completamente diferente do que dizia o primeiro texto.

— Aqui está: Um bruxo poderoso pode fazer o feitiço de duplicação da alma. Dylan e Julia ainda teriam a mesma alma, só que agora ela se dividiria em duas.

— Isso é impossível. Pensei que fosse um mito — a filha mais nova comentou.

— Mas não é. Somente poucas pessoas tentaram fazer, por isso é tão raro — a idosa explicou.

— Quantos acertaram o feitiço? — Willa perguntou.

— Apenas uma pessoa — a mulher respondeu — os outros provavelmente erram justamente porque o feiticeiro escolhido para o trabalho não era forte o suficiente ou esperaram demais para fazê-lo. A duplicação de alma tem um prazo — ela abaixou os braços e as letras voltaram para dentro do grimório. Virou-se na direção de Dylan. — Duas horas é o tempo máximo de espera — estendeu a mão e tocou no peito do caçador. Os olhos dele se tornaram vermelhos imediatamente, assim como os da idosa assumiram uma cor de ouro. — Quando a alma de Elizabeth deixar o corpo do menino Dylan, um resquício dela ainda permanecerá aí. É assim que a alma sabe para onde deve ir depois de separada. Algumas pessoas não tiveram como fazer o feitiço de imediato, porque os caçadores estavam atrás deles. Quando tentaram, a alma não separou direito e retornou ao corpo do bruxo deformada.

— Já imagino o que tenha acontecido com o bruxo. Coitado — Tina comentou e a senhora assentiu, virando-se para ela.

— A questão é: quem é o bruxo mais forte entre vocês? — a mãe perguntou. Todos olharam para Dylan, no mesmo instante. Elizabeth, na verdade, era a bruxa mais poderosa da família, mas como a sua alma e seus poderes agora eram de Dylan, os olhos recaíram sobre ele.