Elizabeth Blowest, 1767

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Quando Dylan percebeu que William havia desaparecido, correu até o encontro de Julia. A garota ainda estava deitada no chão e se arrastava na tentativa de chegar até a sua bolsa, que voou para longe quando foi arremessada.

— Julia — chamou ao se ajoelhar ao lado dela.

— Fica longe de mim — o encarou, enquanto fazia uma careta. — Você é tão mentiroso quanto a minha própria família. Você me abandonou.

— Me deixa explicar. Eu imploro — pediu tentando erguê-la. Julia urrou de dor e o empurrou. Apoiou-se em uma das árvores e ergueu o corpo.

— Não — respondeu. A dor em suas costelas era quase insuportável. Cada movimento de respiração era um dos maiores sacrifícios que ela fez em sua vida.

— Então me deixe apenas te levar a um lugar seguro e prometo sumir da sua vida — Dylan respondeu por fim. A garota ergueu os olhos em sua direção.

— Tudo o que eu lhe pedi foi a verdade — Julia chorou enquanto fazia uma careta de dor. — E você não teve a coragem de me dizer.

— A verdade é feia e perigosa, Julia.

— Não é muito diferente da mentira — ela respondeu tossindo. Aquele simples movimento foi o suficiente para lhe fazer ir ao chão outra vez. Parecia que engasgaria a qualquer momento, até cuspir uma quantidade de sangue. — Eu não consigo respirar direito.

— Tenho que te levar a algum lugar, por favor. Não posso perder você outra vez. Eu não vou suportar — implorou, segurando o rosto dela e fazendo-a encará-lo. Julia abaixou a cabeça e assentiu.

Dylan a segurou pelas costas e pelas pernas, erguendo-a nos braços. Julia gemeu e apoiou a cabeça no ombro do rapaz. Ele caminhou apressadamente para fora da propriedade, parando exatamente quando um carro freou bruscamente em sua frente.

— Entrem, agora — Tina mandou. Estava sentada no banco da frente e quem dirigia era Bruno. O rapaz não pensou duas vezes e colocou Julia deitada no banco, apoiando a cabeça e uma de suas pernas. — O que aconteceu com ela?

— Bill apareceu e... — parou de falar. Prendia um choro de desespero. — Se eu não tivesse chegado a tempo, ela estaria morta.

— Droga, Dylan — o pai respondeu, batendo a mão no volante. — Onde você esteve todos esses dias? Não é obrigação sua protegê-la?

— Eu estava tentando despistá-los — respondeu. — Minha fonte me disse que viu meus irmãos na propriedade da escola, sondando os funcionários do local para saber a meu respeito. Não tive outra opção a não ser pegar a droga da moto e mudar de cidade. Achei que fazendo isso eu os afastaria de Julia, mas Bill descobriu que morei aqui por um mês inteiro e ficou. Georgiana e Charles foram atrás de mim.

— Poderia ter ao menos respondido meus e-mails — Julia sussurrou em meio a uma careta de dor e outro gemido. — Achei que eles tinham feito alguma coisa com você.

— Eu não podia dar a eles a chance de te encontrar. Descobriram meu perfil do Facebook, por isso tive que excluir. Determinaram a origem do meu IP e qualquer mensagem que eu trocasse com você, eles saberiam. Fiz isso para te proteger, mas falhei mesmo assim — alisava a testa dela e prendeu algumas lágrimas. — Me desculpe.

— Como o Bill a encontrou? — perguntou Bruno.

— Eu não sei como, mas...

— O que? — Tina perguntou.

— Thomas está vivo — Dylan respondeu.

— Não — Bruno bradou. — Thomas está morto.

— Ele está vivo. Estão com meu filho e o transformaram em um deles.

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