Thomas Blowest Norton

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Já era noite quando os dois finalmente chegaram em casa. Haviam passado a tarde sentados à beira de um lago, conversando sobre tudo que queriam dizer um para o outro naqueles dias que não se falaram.

Willa não deixou que Elizabeth recuperasse o folego da caminhada. Desandou a falar a respeito da burrice que foi negar o pedido do Sr. John Smith, mas ela pouco se importou em responder aquilo. Ela estava noiva sim, mas não de John. Ela se casaria em breve, mas não por dinheiro e não por status. Não seria uma mulher ranzinza em dez anos, não seria uma mãe frustrada. Se casaria por amor e isso lhe bastava.

Para encerrar a conversa, Lizzie apenas sorriu para a mãe e beijou-lhe a testa. Subiu correndo as escadas, em direção ao seu quarto e jogou-se na cama. Ela estava feliz, nada mais importava.

No jantar, haviam troca de olhares rápidas entre ela e Dylan. Um pouco constrangidas quando pegos no ato, mas ainda assim eles não paravam. Bruno percebeu aquilo e apenas limitou-se a analisar o mais novo casal secreto, sentado à mesa.

Quando todos terminaram, a mais velha ajudou a serva a tirar a mesa e levar tudo para cozinha. Encostou-se na porta e sua mente, simplesmente, voou enquanto se lembrava do que aconteceu há pouco tempo atrás. Levou os dedos finos aos lábios e sorriu ao sentir o toque neles. Isso lhe fazia lembrar do toque dos lábios de Dylan.

— Você está bem, Elizabeth? — perguntou sua mãe. Willa usava um vestido verde escuro, com detalhes de renda branca. O cabelo estava preso de modo a deixar apenas algumas mechas soltas.

— Sim, mãe! Estou ótima — respondeu sorrindo, voltando sua atenção a um chá que havia posto no fogo, para servir a todos mais tarde.

— Acabei de vir da sala, estava conversando com seu pai. Conversávamos sobre o que você fez hoje mais cedo... — ela começou a falar enquanto amarrava o avental na cintura, mas a realidade era que Lizzie não se importava muito com o que a mãe dizia. Ela estava aérea e poderia permanecer assim por dias, se não fosse o sobrenome de Dylan ser mencionado. — Mas então o senhor Norton pediu para falar com ele. Disse que era um assunto muito importante. Os dois seguiram para o escritório e estão trancados lá dentro — enxugou as mãos molhadas no avental e virou-se para a filha. — Não imagino o que deva ser tão importante ao ponto de me excluir assim.

Nem bem havia terminado de falar, Elizabeth jogou seu avental em cima da mesa e saiu correndo na direção do escritório. Parou na porta, ouvindo a conversa do pai e do jovem. A mãe a seguiu e, de igual modo, espremeu-se de alguma forma que desse para que ouvisse o que se passava também. Marie e Tina desciam as escadas, comentando sobre algumas fitas de cetim que haviam comprado, quando perceberam a aglomeração na entrada do escritório de seu pai. Correram, o mais rápido que conseguiram, para saber o que estava acontecendo ali.

— Deixa-me ver se entendi — o senhor Blowest tentou assimilar o que havia acabado de escutar. — Você quer a minha permissão para se casar com uma de minhas filhas? — as três garotas se olharam e Lizzie sorriu. Tina fez seus lábios formarem uma perfeita letra "o" enquanto voltava sua atenção para a conversa dentro da sala.

— Sim, senhor — ele respondeu. — Especificamente, estou pedindo a mão da senhorita Elizabeth em casamento — Dylan concluiu. A mãe olhou para Lizzie com a sobrancelha erguida. Entendeu o motivo dela ter negado o pedido de John afinal, mas ainda assim não gostou da ideia de Dylan ser o marido de uma de suas filhas. Lembrava-se bem o que ele era.

— A minha Lizzie? — Bruno sentou-se na cadeira. As mulheres souberam porque há muito ela precisava ser trocada. Sempre rangia quando alguém se sentava.

— Eu sei que não tenho nada a oferecer a ela e que levaria uma vida bastante humilde, mas meu coração é dela. Eu arrisquei tudo por ela e gostaria que o senhor me permitisse tê-la como esposa.

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