O pedido de casamento

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As semanas se passaram rapidamente e quando Dylan se deu conta, já estava morando na casa dos Blowest há quase três meses. Ajudava Bruno com os animais e com a administração da fazenda — era excelente com cálculos — e também auxiliava as jovens no plantio das hortaliças.

Seu relacionamento com cada uma das meninas diferia de uma maneira avassaladora. Com Marie ele era o parceiro número um para jogar xadrez ou ensinar a tocar piano, ensinava Tina a como usar arma de fogo ou arco e flecha — dizia que ela era excelente naquilo — e nos momentos de leitura da família, Willa pedia sempre para que Dylan desse sua voz macia aos contos dos mais diversos livros que tinha na biblioteca. Já com Elizabeth, ele simplesmente não sabia como agir. Então apenas limitava-se a longas conversas sobre políticas, caçadas e magia.

Durante aquele tempo, ensinou tudo o que sabia sobre os caçadores para a família e também mostrou como se esconder deles. Ensinou a encobrir os rastros e desaparecer. Bruno não podia estar mais feliz com a presença dele ali. Sempre quando perguntavam sobre quem ele era, dizia que Dylan era um sobrinho que estava morando com eles agora.

Naquela noite, a família Smith — uma das mais ricas da região — ofereceu um baile em honra ao aniversário de sua filha mais nova e todos foram convidados. A família seguiu em sua carruagem, parando em frente à entrada da enorme mansão. Dylan auxiliou para que cada uma das mulheres saísse da carruagem, mas seu interesse mesmo era acompanhar a mais velha. Ofereceu um dos braços para ela que prontamente aceitou.

As três jovens Blowest usavam roupas simples, porém bastante bem para a ocasião. Eram vestidos na cor branca, repletos de babados e fitas de cetim. Os cabelos presos, enfeitados com tiaras de pérolas, combinavam perfeitamente com a maquiagem leve que haviam feito. Bruno e Dylan usavam roupas de festa, com cortes impecáveis que ninguém poderia colocar defeito. Já Willa usava um vestido, também de renda e cetim, na cor verde bem clara. Estavam, de fato, no patamar das pessoas que se encontravam ali.

O baile tinha sido preparado exatamente aos moldes daqueles que aconteciam, a todo instante, nas pequenas cidades da Inglaterra. Havia a banda que tocava as mais diversas músicas para que os casais dançassem. Haviam também garçons no meio das inúmeras pessoas, servindo-as no que precisasse, e os oficiais da coroa Inglesa que usavam suas fardas vermelhas e chamativas.

Dylan foi apresentado a todos como da família e, de alguma forma, sentia-se pertencer mesmo ao núcleo dos Blowest. Depois de entrarem na festa, foi convidado a se juntar a uma conversa ao lado de Bruno e de outro senhor, mas sua atenção estava presa logo mais à frente, em Elizabeth, que conversava animada com algumas damas que moravam próximo da fazenda ou que conhecia por frequentar a cidade.

Ela sorria e o jovem fazia o mesmo, involuntariamente.

— Dylan — Bruno chamou. Ele olhou para o homem e engoliu secamente. Foi pego no ato, observando sua filha.

— Mil perdões. Eu estava distraído com a festa — tentou se justificar, mas Bruno o olhava de soslaio. — Sobre o que falavam?

— Daniel me comentava sobre o crescimento de sua fortuna, com a criação de caprinos. Eu disse que você era excelente com números e que tem me ajudado com a administração da fazenda.

— Sim, a fazenda de meu tio é bastante prospera. Em alguns meses ouvirá notícias a respeito dos milagres daquela terra.

— Fico ansioso para saber e até, quem sabe, não fechamos uma parceria. O que acha, Bruno? — o homem de cabelos já brancos bateu nas costas do Sr. Blowest.

— Adoraria fazer negócio com um amigo — comentou.

— Me deem licença, por favor — Dylan pediu e os dois homens assentiram. O rapaz seguiu até onde as damas conversavam e as cumprimentou abaixando a cabeça levemente. As garotas devolveram o cumprimento curvando o corpo para baixo e retornando a postura no instante seguinte. — Prima, me concederia a honra da próxima dança? — pediu estendendo a mão para Elizabeth que sorriu e corou.

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