A pena para traição

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Conforme ficou acertado com William, Dylan não seguiu na caça com os irmãos. Exceto quando descobriram onde ficava a casa da bruxa que eles buscavam. Ele aliviou-se ao perceber que a ruiva fez, exatamente, como havia mandado e fugiu o mais rápido que conseguiu. As roupas ainda no chão, os moveis revirados e os animais soltos na propriedade mostrava que eles não se demoraram muito por ali.

Com o passar do tempo, ele foi convocado para seguir novamente com o legado da família, mas o rapaz usou a desculpa de que ainda não sabia o que estava acontecendo com ele e não queria fazer mal a seus irmãos e amigos.

A realidade era que Dylan já não sabia se a prática de caça às bruxas era certa. Elizabeth era a prova viva de que ele mataria um inocente naquele dia. Se perguntava: quantas outras jovens inocentes ele deve ter ceifado a vida, desde quando seu pai lhe levou para a caça pela primeira vez? O sangue de mulheres que não tiveram culpa alguma, agora estava em suas mãos. Se odiou por isso, por ser o legado maldito da família Norton.

Estava distraído, lendo uma das cartas informativas que falavam sobre os primeiros confrontos da Revolução Americana, quando Charles entrou correndo na biblioteca.

— Bill, nós a encontramos — informou colocando um sorriso no rosto — os Wayle os viram em Charleston. Se instalaram em uma fazenda ao norte e não parecem preocupados em serem pegos. Querem saber se iremos até lá ou eles dão cabo da situação.

— Mande uma carta avisando que eles podem dar continuidade ao trabalho.

— Se não se importa, irmão. Eu gostaria de pegar a bruxa que me lançou o feitiço. Não queria que outros se encarregassem dela. É quase como uma vingança — informou Dylan e William assentiu.

— Então partiremos assim que os nossos homens retornarem com a notícia da caça às bruxas de Virginia. Uma carta chegou hoje cedo, estão há um dia daqui — William levantou-se rapidamente da cadeira e fechou um livro que lia — Por isso, não vamos perder tempo. Deixem tudo preparado para partimos o mais rápido possível.

O homem deixou a sala e os irmãos seguiram para seus quartos, para que pudessem começar com os preparativos da viagem. Exceto Dylan. Ele entrou em seu quarto com outros planos em mente. Pegou o papel, a pena e o tinteiro. Estendeu em uma mesa e começou a escrever.

Fazia uma carta endereçada ao Sr. Blowest, informando que ele deveria deixar o lugar imediatamente. Que caçadores estavam indo ao encontro de sua família, com o intuito de matar a sua filha Elizabeth por ser uma bruxa. Ao findar a carta, não assinou — Não queria que fosse descoberto, caso interceptassem a carta — apenas escreveu "de seu amigo" e selou com algumas gotas de vela vermelha. Também não colocou o brasão da família.

Pagou a um moleque que estava ali na estalagem, para que ele fosse discreto e que levasse um recado a um entregador. Não demorou muito para que o homem, montado em um cavalo, se encontrasse com Dylan no local onde o rapaz previamente havia marcado. O jovem lhe ofereceu uma excelente quantia em ouro e mandou que ele cavalgasse, o mais rápido que conseguia, e levasse o recado até a família. Que daria metade da quantia agora e o encontraria na cidade com a outra metade.

O homem informou que estaria lá em cinco dias, porque trocaria de cavalo no percurso. Pararia apenas algumas horas para dormir e prosseguiria conforme o combinado. A viagem da sua família, até a cidade, demoraria um pouco mais. Talvez seis ou sete dias. A realidade era que Dylan queria dar tempo para que aquela família escapasse. Se a carta de seu irmão chegasse nas mãos dos Wayle, Elizabeth não teria chance alguma.

Ele sabia que se sua família inteira fizesse aquela viagem, demoraria um pouco mais que um mensageiro, visto que Georgiana iria com o grupo e para viajar com uma mulher precisava de um pouco mais de cuidado e tempo. Ainda mais sendo sua irmã como era — bastante delicada e com a saúde fragilizada.

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