A família Norton

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O senhor Adams fez com que Julia sentasse na sala, ao lado de toda a família, e reafirmou a mentira contada por Dylan. Com muito mais detalhes até. A realidade era que como já haviam dado essa desculpa anteriormente, eles já sabiam exatamente o que dizer e como dizer. Além de saber também onde erraram da primeira vez. Dessa forma, Marie foi advertida para tomar o máximo de cuidado quando estivesse conversando com a irmã.

E assim a semana correu da melhor maneira possível.

Como o prédio da escola ainda estava interditado, até o término das investigações sobre o solo, não teve aula para ninguém e isso bastou para que os jovens tivessem muito tempo livre e muitas festas para ir. Como Tina e Marie perderam a festa na casa de Sylvia - por causa de Julia, que passou a tarde com Dylan e sem dar notícias - elas ficaram de organizar outra e por isso nem sequer paravam em casa, já Julia não participou de nada disso. Preferiu passar um tempo livre com sua amiga ou em casa mesmo com sua família. Isso quando não estava estudando sozinha.

Naquele dia, ela preferiu adiantar o seu trabalho de história e, mesmo que tivesse procurado em vários sites na internet, não havia encontrado grandes textos sobre a revolução. Resolveu então ver se encontrava alguma coisa na biblioteca da escola a respeito do tema. Retirou a bicicleta da garagem e pedalou até lá. O tempo estava realmente bom e ela aproveitou cada momento daquele passeio e chegou cerca de vinte minutos depois. Como o lugar era grande, não teve como estar no mesmo terreno da escola e por isso ficava do outro lado da rua. Segundo a bibliotecária não houve tremor ali. Dessa forma, o prédio permanecia aberto para quem quer que precisasse estudar.

Apresentou sua carteira na entrada e perguntou onde ficava a sessão dos livros de história. Um rapaz, que trabalhava no local, a levou até um corredor mais ao fundo. Quando se viu só, passou a buscar pelos livros que estavam na lista - dada pelo professor - até que um lhe chamou a atenção. Era todo preto e com letras garrafais e douradas no título "Revolução Americana".

Ela o pegou e sentou-se em uma das inúmeras mesas que tinha ali. Passou a mão pela capa, sentindo as ondulações da lateral, próprio de livros antigos. Ele parecia emanar uma aura que fazia a jovem querer lê-lo e descobrir cada canto do que ele revelaria. Parecia que continha uma magia oculta esperando para ser descoberta. Era algo curioso se parar para pensar.

O abriu devagar, reparando nas páginas amareladas e nas bordas pintadas com um dourado desbotado. Na primeira página, escrito por uma caneta de pena, havia um nome e um ano: Elizabeth Blowest, 1823.

- O que você faz em uma biblioteca, a essa hora da manhã, sendo que as aulas estão suspensas? - ouviu alguém perguntar atrás de si e virou-se apenas para encará-lo. Reconheceria aquela voz em qualquer canto. Já estava cansada de sonhar com ela.

Dylan deu a volta e sentou-se na cadeira que ficava de frente para ela. O relacionamento deles havia se limitado apenas a conversas nas redes sociais, durante aquela semana.

- Não tenho nada melhor para fazer e odeio acumular trabalho do colégio. Então vim pesquisar e adiantar o trabalho de história - respondeu.

- Eu não vou deixar você ficar enfurnada nesse local cheirando a mofo - levantou-se e lhe estendeu a mão. - Vem comigo.

- Não, obrigada Dylan - negou e ele ergueu uma sobrancelha - Eu preciso mesmo saber sobre a Revolução Americana.

- Eu te disse que sou bom em Biologia, mas não apenas nisso. História também é o meu forte - Julia o encarou. - Vem comigo e eu prometo lhe ajudar com o trabalho. Garanto que vai tirar A+ - incentivou. Olhou para a mão que ainda se mantinha esticada na direção da garota.

- Se eu tirar nota baixa, Dylan...

- Não vai - respondeu segurando-a e fazendo-a levantar da cadeira.

Guardião - (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora