Capítulo 17

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Acordo e logo percebo que estou no meu quarto. 

A dor de cabeça é tão extrema que bloqueia todos os meus pensamentos. 

O que eu fiz ontem para estar assim? Será que isso é ressaca? Eu bebi ontem? Se bebi, como eu cheguei aqui?

Aos poucos as memórias voltam: A festa. O jogo. Vodca. Daniel. Ligação para Bernardo.

Mas que diabos? Porque eu liguei para ele? Ai que dor!!

Decido levantar. Vou até a janela e abro a cortina. O sol quase me cega, fecho-a novamente.

Que horas devem ser agora?

Vejo meu celular em cima da cômoda, pego-o. São 16:27.

Como eu dormi até agora? E a escola? Porque ninguém me acordou?

Olho o visor novamente e vejo que tem 52 ligações, desbloqueio meu Iphone pra saber quem ligou.

Tem 5 chamadas de Bruna, 3 de Bernardo, 1 de Daniel e 43, isso mesmo, 43 de um número desconhecido. Decido ligar para o desesperadinho primeiro.

O telefone chama 2 vezes até que um homem atende:

- Maria? Maria Luiza?

- Eu mesma. Pode falar.

-O meu nome é Fábio e eu trabalho para você. Trabalho na parte do transporte da mercadoria.

- Olha, Fábio, se alguma coisa deu errado, qualquer coisa, deve ser comunicado ao Daniel. Eu já deixei isso bem claro.

- Eu sei, mas é só que... as vendas tem diminuído cada vez mais. E isso não é de agora, já tem um tempo. Muitos compradores tem deixado de pegar com a gente, e preferindo a mercadoria de um concorrente nosso, o Valentim.

- ...

- Eu sei que eu deveria falar com Daniel, para que ele lha fale, ou resolva a situação, patroa, mas eu tenho conversado com uns colegas, e... bom, a gente achou que era melhor dizer logo à senhorita, porque muitos clientes foram perdidos nos últimos meses e esse é um problema que precisa de resolução urgente, se a chefa me dá a liberdade de lhe falar.

- Fábio, prometo que vou refletir sobre a melhor medida que podemos tomar para resolver isso, tudo bem? Agradeço muito sua preocupação e comprometimento.

- Por nada.

Desligo. Como eu vou resolver isso? Faz poucos dias desde que assumi a máfia e vou botar tudo a perder? Tenho que dar um jeito nisso. Mas como? 

Desço para pegar um Dorflex, essa dor de cabeça está me matando.

- E a Bela Adormecida acordou!

- Bom dia pra você também, pai. - o cumprimento.

- Boa noite, mocinha. A festa ontem foi boa hein? Fiquei com pena de acordar você, chegou em casa tão tarde.

Passo por ele e procuro a caixa de remédios. Acho o que estava procurando e tomo, mesmo sem água.

- Coma um pouco. - diz meu pai - Glicose é bom para a ressaca.

Agradeço, pego uma coca na geladeira e Oreo no armário, então dou um beijinho no rosto dele e  volto para o meu quarto. 

Fico pensando em soluções, quando me lembro das outras ligações - Bruna, Bernardo e Daniel.

Resolvo ligar apenas para Bruna. Ela atende no primeiro toque.

- Hey, amor.

- Como vai a ressaca?

- Sério? Bebi tanto assim ontem? 

- Qual é, você nem ao menos foi para o colégio hoje. Deve estar muito mal mesmo pro seu pai te liberar dessa.

- Na verdade, eu acordei a pouco tempo.  Perdi algo importante hoje?

- Bom, todo mundo com cara de zumbi do The Walking Dead. Ah... Bernardo perguntou sobre você... 

- Hm

- Eu não o vi falando com Jessica hoje, acho que brigaram.

- Que bom para ele.

Ficamos conversando bobagens até tarde, Bruna realmente consegue me distrair e me fazer esquecer os problemas, mesmo de longe.

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No outro dia, acordei cedo.

Ai como eu amo sextas feiras - melhor dia da semana. 

Tomo um banho de espuma demorado na banheira, visto-me e desço para tomar café. Meu pai está à mesa:

- Bom dia, pai. Como vai?

- Bom dia, Malu. Tudo bem, e com você?

- Tudo certo. - sorrio, mas logo me lembro do problemas com as drogas, tenho que resolver isso rápido.

Quando acabo de comer, levanto, pego minha mochila e vou até a garagem.

- Bom dia, Maria.

- Bom dia,  Adriano. Hoje pode deixar que vou no meu carro, tudo bem?

- Como quiser.

Pego a chave do novo carro que meu pai comprou pra mim, uma Maserati preta, e dirijo até a escola.

Cheguei muito cedo, não tem quase ninguém aqui. Sento num dos bancos ao ar livre no pátio e fecho os olhos absorvendo a luz fraca do sol desse horário.

- Bom dia, gatinha. - O encosto tinha que aparecer. Já não basta a vergonha que eu passei ante-ontem. 

- Bom dia, encosto.

- Malu, eu queria conversar com você sobre o seu telefonema...

-Bernardo, a gente pode esquecer isso? Eu tava bêbada e...

- Tudo bem, já entendi - ele me olha decepcionado. - Então vamos falar sobre amenidades, tudo bem?

- Certo, como amigos.

- Como vai a vida?

- Tirando a ressaca de ontem, tá tudo bem. E com você?

- A festa foi boa hein? Bom, eu acho que vou tomar bomba em química essa unidade. 

- Falando em festa, porque você não foi?

- Ah, você nem vai acreditar! Sabe o Antônio, meu irmão? - Balanço a cabeça afirmativamente. - Ontem, eu fiquei ajudando ele num esquema pra pegar um traficante novo, um cara aí que assumiu quase todo o comércio de drogas dessa região nos últimos meses. 

O QUÊ?????? O Antônio também está atrás dele?

- Sério? Quem é o cara? - pergunto fingindo desinteresse.

- Ah, um tal de Valentim, eu acho.



Sucessora da máfia - finalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora