Capitulo 06

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 Bernardo põe sua cabeça na cama. Passo a mão em seu cabelo, e ele se aninha a mim. Apesar da posição desconfortável na qual ele se encontra, sentado ao lado da cama, parece se sentir bem.

- Bernardo. - Ele acena com a cabeça. - Acho que você deveria ir para casa. - Sussurro.

- Eu não quero ir, Malu. - Sua voz sai abafada. - Bruna tem alta hoje. Vai querer vê-la?

Sorrio, mesmo sabendo que ela teve estar uma fera comigo.

- Quando ela vem me ver? - Pergunto, empolgada. - Nossa, eu tenho que pedir desculpas. Que saudades. - Falo baixinho.

- Ah! - Ele tira do bolso algo, sem sair de perto de mim. - Seu celular. A polícia me entregou. - Seguro o IPhone e percebo a quantidade de notificações. Quase 5.000! Largo ele em cima da cama e passo a mão pelo rosto. 

Um médico entra acompanhado do meu pai, alguns diagnósticos são feitos e dizem que foi um alerta do meu cérebro. Precisam de uma ressonância. Suspiro e olho para meu pai, que por sua vez olha para Bernardo.

- Já vou. - Ele sai rindo e meu pai acaba relaxando também.

- Malu, as coisas são mais serias do que eu imaginei. Você bateu no veiculo de uma multinacional. Mas não é isso que está te complicando. Você estava dirigindo bêbada, minha filha! Você sabe que é proibido! - Abaixo a cabeça - Enfim... negaram seu pedido de 'habeas corpus'. Eu preciso de mais tempo e não será assim tão fácil. Por mais que você tenha desmaiado...

- Coma. Eu entrei em coma. - Reclamo.

- Você logo será liberada. E dai você vai direto para a cadeia, minha filha. Por isso, pensei em algo... - Meu pai me olha com receio. - Você vai para a casa da sua vó por um tempo e...

- Extradição? É esse o seu plano? Pedir auxilio? Mandar-me para a casa da minha avó só Deus sabe onde?

- Grécia. Ela mora na Grécia. - Ele fala abatido. - É isso ou uma cela de prisão. Não quero ver minha filha presa.

Respiro fundo e tento entender o porquê de tudo isso, afinal fui eu quem bateu o carro.

- Bruna entrará como cúmplice? - Ele nega com a cabeça. Ela diz que não se lembra de muito daquela tarde. Não serve de muita coisa na mão dos policiais.

- Quando?

- Assim que tiver alta. Preparei um jato que a levará até lá sem problemas. - Só por um tempo, penso. Não será tão ruim.

- Obrigada Pai. Será que a vovó ainda lembra de mim...? - Murmuro comigo mesma.

- Claro. Ela te ama mais do que tudo. Quando ela foi para lá, quase morreu de saudades. - Papai se lembra facilmente.

- Quando eu terei alta?

- Daqui a dois dias. É importante que não conte a ninguém até estar fora do país. Tudo bem? - Assinto. - Pedirei a Bruna que arrume sua mala... Ela não dev... - A porta se abre com um solavanco.

- Sua incompetente! - E a Bruna entra que nem um furacão pelo quarto e pula em cima de mim. - Serio? Me trouxe para um hospital por causa do Bernardo?! - E eu acabo caindo na gargalhada.

Meu pai olha pra nós com uma cara confusa, mas depois de um tempo ele desiste e sai do quarto.

- Me desculpe Bruna.

- Ta brincando, né? Eu enquanto estava aqui não precisei ir à escola. E os enfermeiros são bem gatos.

Caímos na gargalhada.

- Sério Bruna. Perdoe-me.

- Malu, a culpa não foi sua.

- Foi sim. Se eu não tivesse bebido...

- Ai Malu, para de drama. Se, se, se, se... Para de tanto se. A vida é assim.

- Mas você poderia ter morrido.

- Eu também poderia ter morrido quando cai do cavalo aos 7 anos, poderia ter morrido por câncer, ou ataque cardíaco. Aconteceu ok? O que está feito, está feito.

Ficamos em silêncio por um tempo.

- Eu fiquei sabendo que você vai ser presa quando sair daqui. Não tem como burlar isso?

- Você é tão sutil... Bem, meu pai ta tentando fazer isso, mas não ta colando muito...

- E agora Malu?

- Vou pedir exílio.

- Asilo? Não é o lugar que os idosos ficam? Antes que eu possa falar algo, o encost... Bernardo entra pelo quarto digitando algo em seu celular. Decido puxar assunto:

- O que eu perdi nas aulas, Bernardo? - Pergunto.

- Nada, já que você veio parar aqui dois dias antes das férias... - Ele me responde calmo.

- Mas... Porque você sai toda a manhã?

- Você quer que eu fique aqui o dia todo é? - Diz com uma voz quase safada.

- HaHa. - Finjo uma risada.

- Eu durmo Malu. - Ele tira seus olhos do celular e me olha com aquele pedaço de mar.

 - A pergunta que ela esta querendo fazer é: Com quem? - Comenta Bruna com a maior safadeza possível. Arregalo os olhos na direção de Bruna.

- Fala sério, claro que eu não iria perguntar isso. Todo mundo sabe que ele dorme de conchinha com a 'Jess'. - Falo o nome dela amargamente.

Bernardo fica vermelho e a Bruna o zoa. E apesar de que estou rindo também, não é nada legal imaginar o Bernardo com a Jessica.

- Em compensação... Ela não faz que nem você, Malu. - Eu o fito, enquanto a Bruna fala algo como: Que baixaria.

- Vai ter que se contentar... Porque vai ser a única coisa que você vai ter nas próximas três semanas. - Bernardo franze o cenho, mas eu me recuso a explicar. Colocar Bernardo nesse meio iria apenas criar problemas para ele.

- Serio? Você dorme com a vaca da Jessica? - E apesar de tudo, eu percebo que sentia falta disso. Nós, os três amigos, juntos, jogando papo fora. Bernardo ri.

- Nossa Bruna. Como você anda sutil esses tempos. – Ele comenta. - Saio com a Jessica às vezes. To pensando em pedir ela em namoro. O que você acha Malu? – E me olha com uma expressão provocadora. Eu odeio esse menino. Se ele acha mesmo que pode brincar comigo, está muito enganado.

- Por mim, tanto faz. Pode casar se quiser.

- Deixem para discutir isso depois. – Bruna interrompe. – Malu, e quanto ao seu exílio?

- Exílio?! – Bernardo se exalta. - Exílio, Maria? - A cor do rosto de Bernardo se esvai. - Para onde você vai? - Ele passa a mão nos cabelos. Isso não está me saindo bem.

- Vou passar um tempo na Grécia, Bernardo. - Ele franze o cenho.

- Vou buscar um café. Alguém quer? - Eu sorrio pra ela, o que seria de mim sem a Bruna? Assinto. Ela sorri e sai do quarto.

- É a sua cara fugir, Maria. - Eu me levanto daquela maca horrível e me deito no sofá, minha cabeça apoiada em uma das suas pernas.

- Você não presta. - Comento sorrindo.

- Vem cá. - Eu me sento em seu colo, minhas mãos em seu pescoço. - Você ainda vai acabar me matando. - Ele fuça meu cabelo com seu nariz.

- Bernardo, eu não estou de mudança. São apenas algumas semanas.  No máximo um mês.

- Um mês! - Ele resmunga e me abraça mais forte. - Você não pode fazer isso comigo. - Sempre gosto do cheiro de Bernardo.

- Vai ficar com a Jéssica. - Ele ri e passa a mão no cabelo. - Não é isso que você quer Bernardo?

- Eu... - Bernardo beija meu pescoço. - Quero... - Minha têmpora. - Você. - Ele olha dentro dos meus olhos e me beija.


Sucessora da máfia - finalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora