Capítulo 18

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Chego rapidamente à casa de Bernardo e estaciono meu carro. Se eles foram dormir tarde ontem fazendo planos para prender Valentim, Antonio ainda deve estar dormindo.

Desço do carro e caminho até a porta. Faz muito tempo desde que falei com ele, desde que salvei ele de Juan. Não sei porque ele não me denunciou, não me entregou a policia. Respiro fundo e toco a campainha.

O próprio Antonio abre a porta. Está de calça jeans, uma camisa social, meias e o cabelo desarrumado, me seguro para não rir.

- Oi, Antonio.

Não sei dizer ao certo cada uma das emoções que passa por seu rosto quando ele me vê, mas surpresa e receio com certeza estão lá.

- Maria Luiza? Er... o Bernardo não está, se estiver procurando por ele.

- Não,  eu vim porque quero falar com você.

- Comigo? - Ele olha em volta e percebe que ainda estamos na porta, então se desculpa e me conduz para a sala. Sento numa poltrona branca, enquanto ele senta-se numa vermelha, de frente para mim.

- Bom, Antonio, eu vim te procurar porque acho que podemos nos ajudar. - Ele inclina-se para a frente, para mostrar que está prestando atenção - Eu soube que está procurando um cara, Valentim. Acontece que eu também estou atrás dele, então vim propor que nós nos juntemos, para prendê-lo.

Antonio explode numa gargalhada. Não era bem essa a reação que eu esperava.

- Você está pedindo a mim, um policial, pra te ajudar a derrubar o cara que está acabando com suas vendinha? Pelo amor de Deus.

- Olha aqui, eu não estou pedindo pra você me ajudar em nada, estou oferecendo uma troca. Você prende o seu cara, eu retomo os meus pontos.

- Os seus pontos de venda de droga, algo que você deveria saber que é ilegal. Aliás, não sei porque eu ainda não prendi você.

- Porque não tem provas, tem apenas o seu testemunho, e... ah, porque eu salvei a sua vida. Vamos ser bem honestos aqui: Você tem informações sobre ele, eu tenho como levá-lo até uma armadilha. Ou nos ajudamos, ou você continua impossibilitado de prender ele, porque eu ouvi dizer que ele não sai muito da toca.

Ele esfrega olhos como se estivesse pensando muito no assunto.

- Ta, mas e depois?

- Depois nós fingimos que não nos conhecemos, e cada um pra seu lado. Então, topa?

- Ta, que seja. - Diz enquanto apertamos as mãos.

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Não volto para a escola. Dirijo até chegar à praia, então paro o carro e observo as pessoas. O que será que cada uma delas tem passado? Será que elas vão se encontrar com um traficante hoje à noite? Será que elas perderam suas mães quando eram novas? Será que elas tem algum tipo de "vida dupla"?

Ligo para Fábio. Ele atende no primeiro toque.

- Na escuta.

- Fábio, eu tenho  um serviço para você urgente.

- Pode falar, chefia. Eu faço.

- Eu quero que você dê um jeito e consiga o número de Valentim, consiga que ele vá a um dos meus galpões hoje á noite. Tenho contas à acertar com ele.

- Tudo bem, chefia, missão dada é missão cumprida.  Mas, se me permite, não é muito perigoso não?

- Diga para ele que vamos levar quatro homens, e só quero que ele leve quatro, ninguém mais. Ninguém do lado de fora. Arrume 3 dos seus melhores, e convoque Daniel. Quero todos lá assim que anoitecer. Como eu disse, ninguém do lado de fora. Compreendido?

- Positivo. 

E ai eu desligo. Olha, isso de falar como se eu fosse muito malvada é maravilhoso.

Respiro fundo e vou andar na areia.

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Durante todo o resto do dia, não faço nada além de caminhar na praia. Bloqueio todos os pensamentos e me permito apenas sentir, apenas ser eu.

Maria Luiza Amorim Sampaio.




Sucessora da máfia - finalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora