25. Soltando a franga e a granja inteira (PARTE 2)

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Foi preciso que Dóris tomasse a iniciativa. Ela agarrou meu irmão pela cintura que, submisso à situação, se entregou. Os convidados aplaudiram; papai ficou emocionado enquanto mamãe, lá do seu cantinho, continuava incrédula acompanhando a cerimônia.

O que mais poderia rolar?

Rubem estava cada vez mais caindo num poço profundo. A única saída era contar a verdade antes que ele caísse mais. Todavia, eu conhecia o meu irmão. Ele era carne dura, nunca daria o braço a torcer. Já Dóris, estava crente que meu irmão sairia daquela cerimônia hétero da Silva.

Marjorie tirou seu Moto G da bolsa super discreta (só que não) e mandou uma mensagem rápida para alguém, era como se fosse um aviso ultra secreto. Eu percebi isso porque ela ficava olhando para os lados, super desconfiada, enquanto teclava.

— Falando com quem, meu amor? — papai perguntou. Fiquei observando os dois conversarem e me esqueci da cerimônia, que rolava a todo vapor.

— Resolvi fazer uma surpresa pro Rubem, docinho de coco. — respondeu a madrasta, encarando o noivo, que continuava em cima do altar improvisado do jardim — Convidei algumas pessoas chegadas a ele, mas elas só poderão vir para a festa e vão perder a cerimônia de casamento. Mesmo assim, tenho certeza que Rubem vai adorar!

— Marjorie, você é um anjo. — papai roubou uma bitoquinha dela. — É por isso que meus filhos gostam tanto de você. (não, ele não foi sarcástico)

— Eu daria minha vida pelo Rubem e pela Rosemary.
E ela o abraçou. Limpou na gola da camisa do meu pai o veneno que escorria da sua boca

Dóris jogou o buquê e, puxa, tudo é um clichê mesmo. Sabe nos filmes e novelas, quando aquela personagem coadjuvante, normalmente a mais peituda, que não está nem aí, acaba pegando o buquê? Quer dizer, quando o buquê acaba indo parar nos braços cruzados dela, como se houvesse um imã cujo todas as encalhadas tem?
Sim, o imã invisível e bizarro das encalhadas que eu possuo acabou atraindo aquele buquê para mim. Significava que eu estava pronta para me casar? Meu pretendente estava à milhas de distância naquele momento. Sorry.

A festa seria no amplo salão da mansão dos Maldonado, e começou assim que os noivos trocaram suas alianças. Papis fez questão de contratar o bufê mais caro, pois estava muito orgulhoso por seu filho estar se casando.

— Rose, já saiu o resultado daquela prova que você fez? — indagou papai, do nada. Quase me engasguei com o canapé. Perdi Marjorie de vista. Droga, o que ela estava aprontando? Ficar observando uma pessoa num lugar fechado e movimentado não era uma tarefa fácil.

Oh, aquela prova! Nem me lembrava mais dela. O vestibular para arquitetura. Lembrei que sairia segunda feira próxima, respondi isso a Zeferino e saí, procurando a lacraia da minha madrasta. Fui até o jardim e... Céus, esqueci que mamãe estava na área. Putz, as duas, a ex e a atual de Zeferino Maldonado estavam frente a frente.
Eu mal pude respirar, mal pude ter tempo de pensar em alguma coisa. Solange e Marjorie já estavam trocando farpas uma com a outra.
O que me restava era apenas observar, já que não existia ninguém no mundo que parasse aquelas duas.

— Que eu saiba não foi marcado nenhum evento de caridade hoje. É o casamento do filho do MEU marido. — falou Marjorie, olhando para o vestido da mamãe com repulsa.

— Rubem por acaso é meu filho também. — Solange respondeu friamente, mas eu sabia que, por dentro ela estava pegando fogo.

— Nossa, você é a ex do Zeferino? Credo, pelo visto ele melhorou e muito o gosto. Ora, depois de me conhecer, Zef não precisa de mais ninguém.

Os Clichês de RosemaryOnde histórias criam vida. Descubra agora