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FRENESI

E a dor fica difícil, mas agora você está aqui, e eu não sinto nada - If I Could Fly.

Mark pegou a via A1 para sair de Doncaster, depois a M62 e seguiu até Knottingley. Os gêmeos estavam sentados no banco de trás, calados. Quando eram crianças, Louis e William brincavam juntos, riam e se divertiam. Depois de adolescentes, Louis deve ter perdido a graça para William.

"Sua avó leu em um catalogo de universidades que Londres é um ótimo lugar para estudar medicina", Joahnnah disse do banco da frente, sorrindo. Estava com um óculos de sol no topo da cabeça.

"Eu sei", William disse. "Mas os estilos não me interessam muito."

O que não interessa é Londres, Louis pensou.

"Margaret estava tão animada com a possibilidade de ir a Londres com você", Mark disse. William pegou o celular no bolso e checou alguma coisa. Louis não conseguia ver o que era. "Ela queria te mostrar o que viu nos catálogos"

"Faculdade não é uma obra de arte pra escolher em catálogos", William resmungou. "E eu já tenho umas em mente. Vovó pode levar Louis."

Louis ficou calado, mas quis mandar William calar a boca.

"Louis ainda não escolheu um curso", Joahnnah disse. Ela se virou um pouquinho, e sorriu para os filhos. "Mas você já; seria legal um tempo com sua avó, não é?"

William fez que sim, e Joahnnah voltou para frente.

A verdade era que William queria sair do país, e Joahnnah estava desesperada. A mãe não queria que William fosse para outro lugar, outro país. Jesus, era outro continente. E se encarnassem no sotaque de William? Se ele fosse um tipo de atração europeia?

Louis não estava nem ai pra isso. Seria até bom. Quem sabe William voltasse domesticado e passasse a frequentar o McDonald's?

Mark parou em um posto de gasolina em Knottingley e todos desceram. William foi no banheiro, e Louis e Joahnnah foram na loja de conveniência. Quando estavam escolhendo uns biscoitos, o celular de Louis tocou.

Ele sabia de quem era o numero, mesmo que piscasse desconhecido na tela. Louis lutava para não gravar aquele nome na cabeça e no celular. Foi pra fora da loja, e observou de longe Mark enchendo o tanque.

"Alô?"

"Onde você está?"

Louis olhou para o relógio do posto – daqueles que mostram a temperatura também - e eram quase cinco da tarde. Harry sempre perturbava Louis a essa hora, pelo menos por essa semana.

"Nós não estamos em casa"

"O quê?"

"Eu e minha família estamos indo pra Leeds", Louis murmurou. "Vamos passar o final de semana fora"

"Ah"

Louis ouviu a respiração de Harry no outro lado da linha. Deu uma olhada e viu William saindo do banheiro, checando o celular.

"Você não sabia disso?", perguntou.

A respiração de Harry estava alta.

"Ahn, não. Sabia não", ele fez uma pausa. "Tchau, Louis"

E desligou. Joahnnah saiu da loja, e William entrou no carro.

Quando voltaram a via expressa, comendo biscoitos amanteigados, Louis se perguntou se William tinha brigado com Harry.

Harry não sabia que a família estava fora da cidade, e William — como namorado — avisaria, não é? E por que Harry estava tão... alterado? Louis não sabia. Ás vezes, queria pensar muito em Harry. Pensar em como se beijavam e o que sentia sobre ele. Mas odiava o fato de que tudo o que poderia pensar, incluía William. Não havia um modo de se livrar.