DORMIR

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Seria para o meu irmão, porque nós temos o mesmo nariz - Stressed Out.

Highfield Hall seria a casa de Louis pelos próximos quatro ou cinco anos (se tudo corresse bem).

Havia um certo tipo de atmosfera pesada, junto com o vento do outono. Dava para sentir a insegurança de todo mundo no estacionamento – pelo menos de quem estava segurando uma mala ou uma caixa.

"Os pais são autorizados a subir, não são?"

"Qualquer um é autorizado a subir", Joahnnah respondeu.

Mark deu de ombros e tirou uma mochila do carro.

"Não sei porque não trouxe as roupas nas malas", Margaret entregou uma caixa a Louis – a que estava sobre seu colo – e saiu do carro.

"Malas ocupam muito espaço, vovó."

Louis empilhou duas caixas de roupas sobre o asfalto, e depois tirou mais uma do chão do carro.

"Poderíamos levar as malas de volta."

"Seria muito trabalhoso."

Mark abriu o porta-malas e começou a tirar o restante das caixas.

Joahnnah foi para o lado de Louis, observando o Highfield Hall. Era um prédio enorme – o maior do campus da cidade – e abrigava gente de todos os cantos. Ficava bem no meio da Universidade de Southampton, quase no coração. Louis poderia ir a pé para qualquer lugar se quisesse, ou ir para o ponto de ônibus.

As ruas eram estreitas, mas largas o suficiente para serem consideradas alguma coisa. Era fácil se imaginar seguindo de carro por lá (se os estudantes ficassem no seu devido lugar).

"E então?", Joahnnah deu um pequeno tapinha nas costas de Louis. "Vai deixar a gente subir?"

"Eu tenho escolha?", ele levantou uma sobrancelha.

"Claro que não."

Era isso.

Não havia escolha para muita coisa quando William não estava ali. Louis sabia, sim, que deveria ser grato por ele ter ido. Por ele ter caído fora em uma hora – a hora – como essa. (Muito obrigado por ter ido, William, obrigado!). Mas foi o seguinte: Joahnnah estava quase, quase uma mãe inaceitável.

Era Louis o tempo inteiro. Louis aquilo, Louis isso. Louis, pode me ajudar? Louis, vou passar o final de semana com você. Louis, o que você acha de vir para casa e me ajudar com umas coisas no laboratório? Louis, William tem falado com você?

E, ah, era um sobrepeso.

Louis, por que você não vem para casa? É o seu ultimo verão aqui.

William, como o bom puxa saco que era, poderia muito bem lidar com esse lado de Joahnnah. O lado de mãe que ama e protege (Louis era muito grato). Mas depois que ele foi embora, caiu tudo em cima de Louis. Ao quadrado. Uma mãe que por dezessete anos teve que se dividir com dois filhos, estava penas com um.

Era complicado? Com certeza.

Mas Louis não trocaria nada.

Deixe William lá, dormindo. Deixe todo mundo de antes dormindo. Eles estavam dormindo em algum lugar distante. Todos os dois. Deixe eles lá, inertes na vida de Louis. Nunca mais.

Foi assim. Nunca mais nenhum deles. Estavam dormindo. E só acordavam quando Louis dormia. Aí sim eles ficavam vivos. Nos sonhos.

"Meu Deus", Margaret disse. "Aquilo é uma saia'-'"

"Mamãe, elas estão na faculdade", Mark disse.

Ela continuou olhando o grupo de garotas passando. Deveriam ser do segundo semestre, ou então mais velhas. Dando as boas vindas para os gatinhos. Eram seguras demais para serem calouras.

REFLECT | l.s » twin!louisOnde histórias criam vida. Descubra agora