NADA

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Escolha uma pétala, uni dune tê – Left Hand Free.

Louis era muito burro.

Ele só precisava meter o pé e ir embora. Nunca mais olhar para o lado Wolfe.

Porque não havia motivo para continuar; não havia nada.

Mas ele estava aqui, no dormitório de Harry, sentindo os dedos dele fechados sobre o braço. Como se ele pudesse pegar aquela sensação com as mãos, quase moldando. Ele poderia fazer isso se não estivesse paralisado. Ou quase tremendo.

Era só dizer não.

"Me solta", Louis repetiu, e olhou para a mão dele. Era enorme – mas ele nunca se esqueceu.

Solta, solta, solta.

Louis poderia gritar. Porque, assim, era a primeira vez que ele realmente via Harry de novo (inteiro, pelo menos). E era a primeira vez que ele o tocava ou ficava perto demais. E, nossa, que nojo. E era tudo uma bagunça. E tudo muito...

Ele soltou e deu um passo para trás. Harry estava com os olhos meio arregalados, os dedos inquietos. Foi para perto da cama.

"Você... você pode se sentar..."

Louis olhou em volta. O único lugar seguro era a cama do colega de quarto. O edredom preto com estrelas. Então sentou lá, e Harry na cama dele.

(Se sentassem na ponta das camas e esticassem as pernas, eles poderiam se chutar.)

Harry deixou as mãos sobre o colo, olhando para Louis daquele jeito (como se ainda estivesse esperando alguma coisa. Ou engasgado. Ele poderia estar engasgado.) E ficou em silêncio. Silêncio...

E, enfim, qual era o proposito disso mesmo?

O gato comeu sua língua, Harry?

"Você não sabia que seu pai tava aqui?", Louis não conseguiu segurar. Se Harry não abrisse a boca, Louis não iria gastar o tempo para nada.

Harry quase estremeceu. Parecia um bichinho molhado daquele lado do quarto (e ainda parecia macio e atraente, porque ele era assim.)

"Não, na verdade... "

"Na verdade o que?"

Harry esperou uns segundos, as sobrancelhas juntas na testa. Ele estava pensando, daquele jeito que fazia quando ficava muito tempo aéreo.

Louis tinha que segurar mais a boca. Ou ir embora. Ir embora era uma ótima opção.

Harry respirou fundo antes de falar novamente. Ele ainda parecia totalmente perdido e deslocado. Nem as mãos sabia aonde colocar.

"Minha relação com Des depois da separação ficou... abalada. Eu era pequeno e... não sei, ele foi morar longe demais. E, bem, a gente ficou sem muita comunicação e..."

"Entendi", Louis disse, olhando para os pés. O rosto de Harry agora deveria ser como um imã ou sei lá. Um filhotinho sem pais.

"É", Harry disse.

Louis deveria calar a boca. Porque, Jesus, que conversinha nada a ver.

Muito bem, a relação de Des e Harry não era uma das melhores e blá blá blá. Louis não tinha que se meter, não tinha que saber mais de nada. Foda-se, sério.

Foda-se.

Ele não tinha pedido para conversar? Então cadê? Cadê todas as frases bem boladas e coisas que dessem sentido a tudo? (Mesmo que desse sentido, foda-se.)

"Mas ele pareceu querer falar com você, tipo... me perguntou se você aceitaria almoçar com ele. Pensei que, nossa, se ele é seu pai, então vocês deveriam...", Louis parou. Tinha que parar de se meter; porque não existe mais nada. Não e não.

REFLECT | l.s » twin!louisOnde histórias criam vida. Descubra agora