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RAINDOWNANDDESTROYME

Vá em frente e me faça desviar o olhar. Me derrube – Implicit Demand for Proof.

Louis sabia.

No momento em que ele entrou, Louis sabia. Talvez ele ainda estivesse completamente preso nos pensamentos que só acumulavam na mente, mas ele sabia. Fazia parte de todo um jogo de sensações que ainda o acompanhavam.

E lá estava Harry, no lugar de sempre. Onde ele passou muito tempo.

Ele ainda tinha os contrastes de antes - ainda parecia enviado de um lugar desconhecido - mas desenhado de um modo mais forte e cruel. Ele parecia abatido e também longe de qualquer coisa que chegasse perto de abatido. Ele era uma mutação de sentimentos. Uma mistura de tudo que existia.

E estava bem ali, na frente de Louis, e Louis sabia.

Mas ele precisava de mais. Precisa saber muito mais.

E por isso ele estava aqui. Diga. Estender.

Louis precisava entender.

"Me diga tudo", a voz saiu como um sussurro, ecoando devagar pela cozinha, até chegar em Harry.

Harry.

Não dava pra acreditar que ele estava no meio da cozinha de Louis, parado com as mãos ao lado do corpo, de capuz e com um pequeno floco de neve derretendo no ombro. Que veio bem cedo, quando tudo se acalmou, em primeiro de janeiro, apenas para contar tudo a Louis.

Depois de tudo. Depois de todo esse tempo. Depois de Louis empurra-lo para fora da mente todo esse tempo, ele estava aqui, onde tudo começou. Onde Louis o beijava. Onde Louis sentia que ele era a glória.

Harry engoliu em seco; abriu a boca e depois fechou. Puxou a manga do casaco e depois levou a mão para a cabeça por cima do capuz, até a nuca. Ele ainda não estava olhando diretamente para Louis. Ele só estava lá, parado na cozinha, com os pequenos raios do sol tentando chegar até ele.

E era como se mundos estivessem se colidindo. Mundos separados, que juntos, pareciam completamente diferentes. Milênios depois. Milênios.

"Eu vou", ele disse. A voz baixa também.

Ele parecia um pouco inquieto. Parecia quente e inquieto e pronto para gritar alguma coisa, como se estivesse prendendo algo.

Louis ainda estava de pé, o que era bom.

E Louis ainda estava são. Ele poderia fazer. Ele tinha que fazer isso. Não foi isso o que os pais disseram?

Se você quer esquecer, conte. Conte e escute. Entenda.

Então seria assim. Talvez acabasse assim.

E Louis tinha que fazer isso. Ele tinha que entender.

Ele tinha que ver Harry e escutar e pensar e decidir.

"Você pode começar", ele respondeu.

Hesitante. A glória bem a sua frente.

Harry olhou para o chão. Deu pra ver o corpo dele subindo e descendo pela respiração. Sem contar a madrugada, fazia quanto tempo que Louis não o via? Por onde ele andou?

"Eu... eu queria pedir desculpas por ontem porque...", olhos no chão. O cabelo dele estava escapando para fora do capuz, em mechas grossas. "Eu não tinha o direito de fazer aquilo."

"Não tinha", Louis disse, com a voz mais alta e forte. Louis estava forte. E então Harry levantou a cabeça, encarando os olhos de Louis pela primeira vez. Os olhos verdes brilhavam pela luz do sol da manhã. Entenda. "Mas obrigado, de alguma forma. Sua intromissão foi a razão por eu finalmente ficar livre de muita coisa."