DEVAGAR

15.4K 1.4K 4.4K
                                    

Eu irei mergulhar para o desconhecido, desconhecido - Happy Little Pill.

Louis pensava que não havia nada no rosto de Harry.

Mas quando acordou de manhã, e o sol bateu do rosto dele, a mancha roxa estava lá, ao lado do queixo. Louis esticou a mão, e contornou a pequena mancha com os dedos.

"Pensei que não tinha machucado."

Harry abriu os olhos, com a metade do rosto enterrada no travesseiro. Ele deu um sorrisinho, do tipo você não sabe de nada.

"Mas não machucou."

Louis levou a mão de volta para dentro da coberta, antes que começasse a tremer outra vez. Só que os dedos passaram até a blusa de Harry, encostando na pele dele. Então esticou os dedos lá, os mantendo quentes no corpo firme.

O Hotel Pousada não tinha aquecedor, e Louis quase esperneou por isso. Mas esse lugar era o único vazio na cidade (ou o único vazio que eles acharam), e naquele momento, qualquer coisa servia, porque Louis estava todo em choque.

Sentia o choque nas pernas e na cabeça. No cérebro.

Porque, gente, eles tinham feito aquilo de novo. Louis tinha transado com alguém num carro. No meio do estacionamento vazio. Talvez fosse a coisa mais ilícita que já havia feito, tirando toda essa história de ter um caso – seja lá como fosse – com o namorado do irmão. E ele tinha gostado muito, aprovou tudinho. Por isso sentia o choque. E precisava descansar, para não morrer eletrocutado.

E agora ele estava com as pernas emboladas na de Harry, as mãos espalmadas no peito dele, com uma camada grossa de coberta sobre o corpo. Estava quase entrando em choque outra vez.

"Eu acho que a gente deveria ir para a cidade", Harry sussurrou, quando Louis estava quase pegando no sono outra vez.

"Por quê?", ele sussurrou de volta, mas queria era chama-lo de louco. Ou talvez: "Ei, seu louco, olha que maravilha tá isso aqui, quer sair por quê?"

"Você mal viu a cidade", Harry disse, a voz arrastada. Louis sentia a vibração da voz na ponta dos dedos. "E também não comeu nada."

Levou os dedos para a baixo, depois para cima. Harry estava na ponta de tudo, a pele toda macia.

"Posso fazer isso depois."

"São quatro horas até Doncaster."

"A gente pode chegar mais tarde."

"Então tudo bem."

Louis endireitou a cabeça e depois respirou fundo. O quarto todo cheirava a desinfetante de lavanda horrível, mas agora, tudo tinha o cheiro de Harry e só. Até nos lençóis. E ele adorava toda essa coisa. Cheiro de outra pessoa nele. O cheiro de Harry.

Harry ali; na ponta dos dedos. Harry aqui; respiração na testa. Em todo o lugar.

Louis nem acreditava que isso estava acontecendo. Harry ali e aqui. Ai, ai, ai. Ele sentia o nervoso no estômago, e tentava não deixar que isso atrapalhasse o momento, porque ele poderia gritar de tensão. Tinha que tomar cuidado com a eletricidade.

Finalmente tirou as mãos de dentro da blusa dele, depois puxou o cobertor para fora do rosto. No relógio digital da cabeceira, marcava 10h30min da manhã, quase no limite do tempo.

"Será que ainda estão servindo o café da manhã?"

Harry olhou para baixo, os olhos completamente abertos – talvez estivesse acordado há um tempo.

"Eu vou ver enquanto você se arruma, tá?", ele passou a mão pela cintura de Louis, e levantou um pouco a blusa.

"Tá."

REFLECT | l.s » twin!louisOnde histórias criam vida. Descubra agora