Evelyn Benetti, uma garota de 15 anos, conta como é lidar com o medo de só ter mais um dia de vida. Tendo que conviver com o câncer, ela transforma seus últimos momentos como os mais emocionantes e divertidos que já viveu.
"A vida dela é frágil e a...
Se pudesse escolher para que mundo eu vou depois de morrer, escolheria o mundo dos sonhos. Não faz muito sentido esse pensamento, mas digo isso por causa de um sonho. Foi um dos mais lindos sonhos que tive.
Parecia que eu estava numa praia, fazia bastante sol. A areia dourada sob meus pés era macia, o mar era de um azul incrível. Embora fosse uma bela praia, se encontrava deserta. Meus cabelos ruivos ainda eram longos e balançavam com um vento refrescante. Eu usava um vestido bege florido e andava descalça. Tudo isso era maravilhoso, mas a parte que mais me fez feliz foi que eu não sentia que tinha câncer, me sentia perfeitamente saudável. Eu possuía o cheiro de vida, doce e suave. Diferente do cheiro que eu possuía de vários remédios que eu tomava, juntos me deixavam com cheiro de dipirona.
Catei algumas pedras e conchas do mar no chão, muito diferentes uma das outras, porém igualmente belas. Eu parecia sorrir sem motivo, com uma alegria de transbordar a alma. De repente um garoto que aparentava ter uns 11 anos apareceu, era bem ruivo e tinha os olhos muito azuis. Ele correu até mim e me abraçou. O menino era muito fofo, com grandes bochechas e pele rosada.
- Eu te amo Evelyn. Não poderemos ter muito tempo, mas saiba que nunca deixarei que sua lembrança seja apagada irmãzinha. Logo nos encontraremos. - ele disse com uma voz meiga logo após de termos sentados na areia, observando as ondas do mar.
- Então você é meu irmão? Eu sinto muito por não poder ficar muito tempo com você. Eu realmente gostaria fazer parte da sua vida. - falei baixo olhando o horizonte.
- Então, onde estamos?
- Estamos onde gostaríamos de estar. Esse é meu lugar preferido nesse mundo.
Permanecemos sentados ouvindo o som das ondas do mar quebrando nas pedras. Era agradável. Eu estava ali com meu irmão, já crescido. Talvez fosse fruto da minha mente, do desejo de viver mais um pouco. Mas preferia acreditar que tudo aquilo era real. Que eu realmente tivesse vivido aquele dia.
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