Me afastei de Harry rapidamente, me sentindo envergonhada do que eu tinha feito. Richard me encarava perplexo, com algumas flores nas mãos, que eu notei que eram as mesmas que ficavam no parque onde eu o observava tocar, quando nos reencontramos. Dei um suspiro baixo, e meu coração foi batendo cada vez mais lento, como se eu estivesse morrendo a cada minuto.
- Jennifer também está aí? - falei para Richard como uma forma de não me sentir tão culpada por ter beijado Harry.
- Não, nós terminamos já tem um mês - ele respondeu olhando no fundo dos meus olhos.
- Richard fui eu que beijei Evelyn, eu não deveria...
- Eu não estava aqui quando ela acordou, já você - disse Richard interrompendo Harry -, bom... Você estava quando ela precisou. Eu não poderia impedir que ela se apaixonasse por você.
- Ela nunca se apaixonou por mim, isso você pode ter certeza - Harry me olhou com uma expressão de derrota.
- Hoje em dia meu coração só pertence a mim mesma - menti -, ele está muito machucado para se arriscar novamente.
- O meu continua sendo seu - Richard olhou para as flores que tinha em mãos - nunca consegui gostar de Jennifer, ou qualquer outra garota. Eu sei que hoje pode ser tarde para dizer que ainda penso em você, mesmo depois de 3 anos, mas Evelyn, a única garota que me fez descobrir o que eu sou de verdade foi você. A forma como você permanecia sorrindo mesmo lidando com a ideia que poderia morrer no dia seguinte me fez ver que os meus problemas não são nada, e que a vida pode ser simples se apenas você decidir vê-la assim. Eu ainda te amo, e já não sou tão novo para dizer isso. Desculpa se fiz você pensar que eu havia te abandonado, mas isso nunca aconteceu.
Depois de dizer isso Richard colocou as flores numa mesa que tinha do lado da porta e saiu. Eu não conseguir dizer nada. Lágrimas desceram silenciosamente pelo meu rosto, fazendo-me sentir uma angústia atordoante. Harry me olhou de lado, então saiu do quarto também sem dizer nem uma palavra. Fiquei sozinha no quarto ouvindo o som do vento entrar pela janela, pensando no que Richard dissera. Ele estava muito mais bonito que antes, mais alto e um tanto forte, ainda usando uma jaqueta de couro preta e, para minha surpresa, ainda usava o nosso anel de compromisso. Todos os momentos que eu tinha vivido com ele passaram como filme em minha mente, fazendo com que abrissem novas feridas dentro de mim. Quando ele me beijou pela primeira vez, quando dançamos no quarto, quando fomos na Cadbury. Era de torturar qualquer pessoa.
Minha mãe entrou no quarto e logo me abraçou, pois minhas lágrimas já tinham se tornado prantos.
- Richard esteve aqui, não foi? - minha mãe perguntou um tanto tensa.
- Sim - respondi olhando para o nada.
- O que ele viu filha?
- Harry me beijou, foi rápido, mas o suficiente para que meu reencontro com Richard se tornasse horrível.
- Ele acabou de ir embora, quer que eu vá com você atrás dele? - minha mãe parecia querer resolver o problema, mesmo que parecesse sem solução.
- Quero que ele vá mãe. Sei que mesmo que eu melhore, nunca estarei curada, sempre andarei na beira da morte. Estou cansada de ver pessoas sofrendo por causa de mim. Ele está sofrendo, e pior, deixando de viver. Não serei a pessoa que vai atrasar a vida de alguém. Estou matando o futuro dele, isso não é justo - senti meu coração arder.
- E é justo com você matar sua felicidade, mesmo que seja apenas por só mais um dia?
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Só Mais Um Dia
RomanceEvelyn Benetti, uma garota de 15 anos, conta como é lidar com o medo de só ter mais um dia de vida. Tendo que conviver com o câncer, ela transforma seus últimos momentos como os mais emocionantes e divertidos que já viveu. "A vida dela é frágil e a...