Capítulo Cinco - Um despertar

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Amanda

Sinto meu corpo frio, minhas pálpebras estão pesadas, faço um esforço e abro meus olhos, uma claridade absurda me incomoda, sinto minha garganta queimar e meus pulmões arderem, tudo está confuso.

Olho em volta e percebo que não estou em casa, então me lembro do lago e que quase me afoguei e a ultima imagem uns olhos azuis preocupados, uma voz distante, não consigo raciocinar direito.

Sinto que não estou sozinha, olho para baixo e vejo um homem dormindo ao lado de minha cama. Ele tem um ar cansado, apesar das olheiras fundas não posso deixar de reparar que seus traços são lindos, sua barba esta um pouco rala, seus lábios estão entreabertos e seu cabelo cai em seus olhos. Agindo por impulso tento afastar seus cabelos com cuidado para que ele não acorde e sem querer eu o toco e ele acorda, me assustando.

Meu Deus que homem lindo, ele tem os olhos azuis o mesmo olhos que eu vi no lago, tem os cabelos negros e seu rosto é como de um anjo, tento não ficar muito abobalhada, mas ele me encara e mesmo não o conhecendo resolvo dar um "oi" e ele responde de volta, não sei por que a presença dele me deixa tranquila, mas eu estou quente, como se o seu olhar me visse por inteiro e isto me deixa um pouco envergonhada. Eu raramente interajo com rapazes, mas mesmo que interagisse este que esta na minha frente parece uma miragem.

- Eu sou Augusto! Eu te ajudei a sair do lago. – Ele diz.

Então me lembro, o lago sim, mas tinha o Jonas ele se afogando, meu peito aperta, me falta o ar o que será que aconteceu com o pequeno? Começo apensar alto e tento me levantar mas sou impedida por Augusto.

- Ele esta bem! Fica calma, por favor! Daqui a pouco ele vem aqui. – Ele diz e eu procuro a verdade em seus olhos, afinal ele podia estar tentando me deixar calma caso alguma coisa mais grave tivesse acontecido com Jonas. Mas vejo que ele fala a verdade.

Augusto me fala que ele terá alta hoje. Que vai buscá-lo para que eu possa vê-lo. E assim como eu também acha que Jonas é um espoleta.

Então percebo que meus pais não estão aqui, Augusto me fala que eles foram descansar em casa é claro que ele não conhece meus pais, no mínimo estão fazendo uma vigília convocando a toda a comunidade a agradecer a mais um milagre. Não que eu não ache que eu e Jonas estamos vivos por que providencia divina. Mas é o fato deles se utilizarem de qualquer evento para convencer seu rebanho que milagres acontecem devido a serem um casal abençoado e "escolhidos" os tornam diferentes e por isto eles tinham que ser seguidos me irrita profundamente.

Augusto se apresenta novamente dando um resumo de como Jonas chegou ao lago e pede desculpas, isto é o que mesmos importa, eu quero vê-lo, afinal ele estava sob os meus cuidados e o sentimento de culpa me toma de um jeito que choro.

Augusto me interrompe e me lembra que Rebeca não fez o seu papel e por isto do acidente com Jonas. Queria ter coragem para esbofetear a cara daquela louca.

Mas mesmo assim ainda quero ver Jonas, peço a Augusto e o medo de não o ver mais me deixa desesperada, volto a chorar. Sou surpreendida por um abraço reconfortante, Augusto me abraça, passando tranqüilidade, seu cheiro é maravilhoso, me sinto segura, acolhida, seu toque causa uma sensação boa em mim e eu me acalmo e paro de chorar.

Augusto percebe que eu estou melhor e me encara falando que irá buscar Jonas, sinto seu hálito o vejo encarar a minha boca, como se quisesse tocá-la, isto me deixa com uma mistura de sensações, não sei se quero ou se não quero.

Augusto fecha os olhos balançando a cabeça negativamente me solta e sai apressadamente do quarto dizendo que ira buscar Jonas.

Eu fico alguns minutos olhando por onde ele saiu tentando entender o que estava acontecendo. Uma sensação de vazio me tomou por inteiro, queria Augusto por perto, meu corpo ainda sentia calor pelas partes que ele tocou.

Passado alguns minutos escuto alguém bater na porta, Augusto entra trazendo Jonas em uma cadeira de roda acompanhado por mais um casal. Quando me vê Jonas abre um sorriso.

- Tia Amandaaaa! – Ele se levanta num pulo da cadeira, ignorando os alertas de todos e pula em meu colo, me abraçando.

- Tia Amanda você está bem! Me desculpa não ter esperado e por minha culpa a senhora quase morreu eu sinto muito! – Jonas chora em meu colo e meu coração se aperta.

- Jonas isto não importa o que importa é que estamos bem! Fique calmo, esta tudo bem meu pequeno! – Abraço Jonas tentando acalmá-lo.

Olho para o casal que eu deduzo serem os pais de Jonas e a mãe dele está em lágrimas. Eu imagino o sofrimento desta mulher, aliás, dos dois, perder um filho. Por um momento eu fico com inveja, pois meus pais não estavam aqui. Jonas se acalma. Então o casal se aproxima.

- Oi eu sou Joana a mãe de Jonas, não tenho como agradecer você ter salvado meu filho. – A mulher me abraça ainda com lagrimas nos olhos. Ela é linda, tem os mesmos traços de Jonas e parece realmente esta agradecida pelo meu ato.

- Eu sou Robson o pai do furacão aqui. – Diz o homem também lindo tem os mesmo olhos que Augusto, o que me faz pensar se é ele o parente e não Joana. Ele me estende a mão bagunça o cabelo do filho. – Eu não tenho como agradecer! Muito obrigada mesmo.

- Não foi nada, eu que peço desculpas por ter vacilado e não visto Jonas ir até o lago.

- Já sabemos o que aconteceu e não foi sua culpa. Jonas já nos prometeu que nunca mais irá fazer nada assim! – Diz a mãe olhando severamente para Jonas que a encara com aqueles olhinhos arrependidos, ela não resiste e lhe abre um sorriso.

Ficamos conversando e descubro que Robson é primo de Augusto e que ambos são bombeiros. Joana é professora e esta casada com Robson há sete anos e que estão juntos desde o segundo grau, pela troca de olhares dá para ver que eles se amam muito.

Ficamos envolvidos em uma conversa até o medico de plantão vir e avisar que ia nos dar alta, porém que meus pais tinham que vir assinar. Assim Jonas foi embora do hospital e eu fiquei aguardando minha mãe. Augusto ficou para me fazer companhia e ficamos falando de todos os assuntos, ele me contou da rotina de bombeiro e eu falei que queria ser enfermeira.

Uma hora depois minha mãe chegou para assinar minha alta, ela me encontrou conversando animadamente com Augusto e não gostou muito.

Augusto se ofereceu para nos acompanhar até em casa, sendo que minha mãe dispensou sua companhia. Quando eu me despedi de Augusto não podemos nem apertar as mãos, ficamos nos olhando eu agradecendo por ele ter me salvado e ele dizendo que eu devia entrar em uma aula de natação.

Com relutância eu fui embora! Entrei no táxi olhando para trás, eu sei que não devia, mas não queria esquecer daquele homem.



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