Capítulo Sete - Um Talvez

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Amanda

Desde o dia que eu deixei aquele hospital não conseguia parar de pensar em um certo homem. Chegava a ser irritante, não consegui me concentrar em nada, não conseguia estudar, me dedicar as tarefas de casa, nem da minha comunidade em nada!

Eu não parava de pensar naquele momento que ele estava próximo a mim, queria e não queria aquele beijo. Ficava pensando que era impressão minha que ele queria me beijar, afinal eu não tinha muita experiência com meninos, para ser sincera nenhuma.

Já tinham duas semanas que tínhamos nos conhecido, e parecia meses, ele habitava meus sonhos, tirava meu sono, eu sorria lembrando de nosso rápido encontro, mas depois eu voltava para a realidade, um homem daquele não ia querer perder tempo comigo.

Volto a tentar me contentar em ficar com minhas lembranças e tocar minha vida. Tinha planos queria estudar enfermagem, crianças e idoso eram a minha paixão, então naquele dia em especial eu iria sair mais cedo de casa e fui para a biblioteca da escola estudar para o vestibular, com sorte eu conseguiria entrar em uma faculdade publica.

- Amanda aonde vai? – Minha mãe me questiona me olhando com desconfiança. Eu não podia sair de casa a não ser para ir à escola, a igreja ou fazer algo que ela me mandasse.

- Mãe vou a biblioteca da escola.

- Tão cedo?

- Sim para não atrapalhar meu horário na escola.

Ela me olhou avaliando se eu poderia ou não sair e disse.

- Tudo bem! Mas depois da aula direto para casa.

- Sim Senhora.

Sai as pressas antes que ela inventasse alguma coisa e não me deixasse sair.

Cheguei a biblioteca e ela estava vazia, consegui adiantar meus estudos e já fui direto para a aula. Passando pelos corredores indo direto para minha sala eu já não escutava mais os borborinhos, falando do ocorrido no lago e isto era uma alívio, eu não gostava de ser o centro das atenções.

O sinal tocou recolhi minhas coisas e demorei para sair pois tinha que esclarecer uma dúvidas com meu professor. Eu era muito bem quista pelos meus professores, acho que era por que ao contrário da maioria dos alunos eu os tratava com todo o respeito e mesmo quando tinha algum mais exaltado eu conseguia manter minha postura, sempre respeitei a todos, mas os mais velhos mereciam isto e minha admiração.

Estava distraída lendo minhas anotações, quando ouço alguém chamar meu nome eu ignorei pois ninguém naquela escola falava comigo, então ouvi novamente e quando levantei minha cabeça, não acreditei quem eu vi.

Ele! Ele mesmo, Augusto!

Ele estava de óculos escuro estilo aviador, com uma camisa azul, que fazia sua pele morena se destacar ainda mais, usava um jeans não muito justa, mas dava para ver que tinha umas pernas que ... melhor não comentar.

Meu protetor das meninas despreparadas, me ajude!

Eu fiquei sem reação, estava parada com a boca aberta não acreditando no que eu estava vendo. Minhas pernas não me respondiam, minha respiração estava oscilando. Sai do transe e olhei ao redor e todos estavam me olhando, acho que aguardando eu fazer alguma coisa, claro que  esta aparição de Augusto seria buchicho. Eu nunca tinha recebido uma visita, muito menos que fosse me buscar na escola, aliás nem meus pais me buscavam na escola.

Vendo que eu não me mexia, Augusto veio até meu encontro, eu ouvia os murmurinhos de todos inclusive das meninas se lamentando "o que ele quer com ela?", "o que será que ele quer com esta tosca?". Ele chegou perto de mim com aquele sorriso lindo, tirando os óculos, fixando aqueles olhos azuis lindos em mim. Ficamos calados só nos olhando, até que falamos uníssono:

- Oi! - Ambos falamos ao mesmo tempo e não teve como não rimos mais ainda daquela situação! Ficamos mais uma vez em silencio eu não sabia se olhava para ele ou se olhava para nossos pés, estava totalmente perdida quando ele diz:

- Desculpe vir sem avisar! Mas eu precisava conversar com você longe do hospital!

Analisei o que ele me disse e fiquei em choque o que ele poderia querer falar comigo e na hora me veio um pensamento que me gelou o corpo inteiro.

- Jonas?

Ele parou um momento como se tentasse entender o que eu disse então eu em meu desespero complementei.

- Jonas? Ele está bem?

Ele ficou confuso por um momento e ao que parece entendeu a minha pergunta e num sorriso disse.

- Aquele homenzinho está ótimo. Aliás, ele te mandou lembranças.

- Ufa é que pensei que por você estar aqui aconteceu alguma coisa. – disse aliviada!

Então se não era Jonas o assunto o que o trazia ali?

Acho que vendo minha confusão ele respondeu logo em seguida.

- Não vim falar sobre Jonas! Eu... eu ... – Ele passou a mão nos cabelos, desviando seu olhar dos meus e demonstrando um certo desconforto. – Bom eu estava pensando que talvez eu não tenha te agradecido direito você salvar o Jonas..... eu talvez não tenha sido muito atencioso e não... é que talvez!

Era visível que ele estava escolhendo as palavras e que ele não queria revelar o motivo que o levou ali. Eu estreite os olhos, eu não tenho contato com muita gente, mas ele era um péssimo mentiroso, ele se enrolava nas palavras e estava incomodado, como se aquela situação fosse fora do seu normal.

Augusto respirou, depois de olhou para mim e voltou a sorrir.

- É com você eu não posso jogar! Melhor eu falar a que vim! – Ele respirou fundo como se tomasse a coragem. – Eu vim te ver! No hospital eu não consegui pegar seu telefone e eu queria muito te ver novamente.

Desta vez quem ficou sem fala fui eu, senti meu rosto ficar mais vermelho que já estava, minha respiração oscilava, como eu iria agir.

- Você vai me falar alguma coisa? Ou você vai me mandar embora? Preciso de um sinal do que fazer agora Amanda. – Era visível que ele estava tão perdido que eu.

- E...eu... – Merda eu tinha que ficar gaga agora? Poxa Amanda se concentra e tenta completar uma frase completa.

Parei respirei! E disse.

- Eu fico feliz que tenha vindo me ver Augusto! – Pronto agora meu rosto pegava fogo.

- Guto!

- Como?

- Guto! Meus amigos me chamam de Guto! Meu pai me chamava assim para me diferenciar do meu avó. – Ele disse sorrindo, já um pouco mais aliviado. – Então eu gostaria muito que você me chamasse assim.

- Guto – Eu disse sorrindo. Gostei deste apelido, era mais leve.

- Isto mesmo! E você tem algum apelido?

- Não! - Como explicar para ele que não tenho amigos.

- Há!

Ficamos mais um tempo mais calado.

- Como descobriu aonde eu estudo?

- Na realidade, descobri com o Jonas a qual comunidade que você pertencia, fui até lá e disse que tinha algo para te entregar e me informaram que você estava na escola e que se fosse o caso eu podia aguardar, pois seu pai estava chegando. Fiz uma busca nas proximidades e vi que esta era a única escola que tinha na redondeza, então fui até a secretaria e apresentei minha identificação de bombeiro e disse o que ocorreu no lago e me confiram que você era aluna, mas que não tinham autorização para eu poder chamá-la. Assim fiquei aguardando você na saída.




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