Simone
Eu me acomodei ao banco de couro e lancei um olhar rápido para Conrado, que manobrava o carro em direção à avenida. O som ligou automaticamente e a voz de Britney cantando You Drive me Crazy ecoou no ambiente.
— Oh, me desculpe. Isso é coisa do Gui — disse sem jeito, abrindo um novo sorriso e diminuindo o volume do som.
— Eu adoro a Britney. — Sorri de volta animada.
— Ela é considerada uma loira fatal.
— Todas as loiras são fatais. — Deixei escapar o comentário de propósito somente para ver a reação dele.
Conrado me lançou um olhar rápido através das lentes dos óculos escuros e logo virou o rosto para frente, se concentrando no trânsito. A minha inocente declaração o deixou um pouco inquieto. Ele passou uma das mãos em seu cabelo negro, cheio e brilhante, como se quisesse acomodá-lo melhor e mordeu rapidamente o lábio inferior.
Eu encarei aquela boca bem desenhada e seu rosto quadrado coberto pela barba cerrada e respirei fundo. Estava doida para sentir o gosto de seus lábios, o contato de sua barba eletrizando minha pele, seu cheiro de masculinidade que estava me dopando aos poucos, como um entorpecente muito poderoso. Mas eu queria muito mais. Desejava sentir aquele corpo todo moreno, lindo e másculo, duro e forte sobre mim, me pegando de jeito. Ah, como eu desejava!
Contemplei seus antebraços expostos, as mãos bem feitas, de dedos longos e viris, que seguravam firme o volante e estremeci excitada. Pisquei rapidamente tentando manter o controle e virei o rosto para frente. Conrado estava calado, compenetrado guiando o carro. Observei o quão sério e enigmático ele era, o quanto estava mexendo comigo e com os meus hormônios, que gritavam descontroladamente em meu corpo. Será que ele sempre foi assim ou algo o tornou assim?
— Qual é a relação que você mantém com o promotor Mattos? — indagou me surpreendendo com o teor da sua curiosidade.
— Quem? Ronaldo? — Franzi o cenho olhando-o, enquanto ele mantinha o olhar atento a sua frente. — Por que a pergunta?
— Quando se responde uma indagação com outra é porque estamos saindo pela tangente e guardando algo que não queremos que o outro saiba — rosnou fazendo a sua análise.
— É isso que você aprendeu na academia de polícia, delegado? — Arrisquei em tom divertido e ele me lançou um novo olhar indecifrável.
— Se aprende muitas coisas na academia de polícia. Muitas! — falou parando em um sinal vermelho.
Conrado aproveitou que o carro estava parado e me analisou. Cada pedacinho. Muito atentamente. Embora o ar estivesse ligado, senti um calor absurdo tomar conta de mim. A temperatura estava tão alta que se assemelhava ao calor que fazia lá fora, só que em dobro.
Conheci muitos homens na vida, mas nenhum com o poder de sedução e virilidade como o delegado Guerra. Sem sombra de dúvida, era um homem que sabia exatamente o que fazer, como fazer e a hora certa de agir. Era um policial, sobretudo, esperto e vivido.
O sinal abriu e ele colocou o carro em movimento. Respirei fundo para oxigenar o meu cérebro e me virei para frente. Precisava fugir da tentação de ficar cobiçando seu físico perfeito.
— Ronaldo e eu somos amigos — disse finalmente sabendo que devia uma resposta a ele. E que essa resposta era a mais falsa que eu já dera um dia a alguém. Mas como eu não estava preocupada com meu relacionamento com Ronaldo, pouco importava o status naquele momento.
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Desejo em Julgamento - Degustação
RomanceConrado Guerra abriu mão da advocacia e agora é delegado da polícia federal. É um homem muito bonito e dono de uma personalidade forte e decidida. Após a morte de sua mulher, ele criou sozinho o filho Guilherme, de 8 anos. Gui é a sua vida, o seu be...