Capítulo 8

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Simone


Irritada, entrei em meu apartamento com Ronaldo grudado em meus calcanhares. Como ele teve a ousadia de me procurar pela segunda vez consecutiva no restaurante da tia Pilar, exigindo explicações? O que deu nesse homem para agir desse modo possessivo comigo? Achei que tinha esclarecido a nossa relação quando ele me ligou no outro dia. O que eu precisava fazer para que ele entendesse que o que havia entre nós era um mero caso passageiro?

Cheguei na sala e joguei a bolsa em cima do sofá. Eu tremia de raiva e mal conseguia olhar para Ronaldo que estava parado em minha frente, me encarando com ar nada amigável. A vontade que tinha era de mandá-lo para o inferno, mas me contive. Respirei fundo e o encarei de volta.

— Ronaldo, isso, essa coisa entre nós — eu apontei para mim e depois para ele. —, já está passando dos limites. Você não entendeu o que eu falei ao telefone? — esbravejei possessa.

— Simone, você está nervosinha comigo somente porque eu estava com saudade e queria ver a minha namorada? — Ele fez uma cena, ignorando a minha pergunta.

— Nós não somos namorados! — bufei, já perdendo a paciência. — Eu falei outro dia com você ao telefone e achei que havia entendido.

— Simone, eu sei o motivo de você estar me tratando assim. — Ele deu um passo à frente se aproximando. — Eu vi você jantando com Conrado e o filho dele. O delegado está te cercando aos poucos, como um cão faminto.

— Conrado e Gui foram jantar no restaurante da madrinha Pilar como qualquer outra pessoa. Nós moramos em um país livre, Ronaldo. — Revirei os olhos, incomodada com aquela conversa. Na verdade eu nunca tive saco para ouvir esse tipo de assunto.

— Agora além de ter o delegado Guerra te devorando com os olhos, você tem o pirralho do filho dele babando aos seus pés. Que bela dupla! — disse fazendo uma careta de nojo que só aumentou ainda mais a minha raiva. Eu estava por um fio. Ronaldo estava com ciúme de mim? Isso era ridículo!

— Já chega! — Dei as costas para ele e comecei a andar em direção ao bar. Eu precisava beber alguma coisa. Estava sentindo um desconforto tão grande que me sufocava. Ronaldo estava me sufocando. Ele exigia coisas de mim como se eu as devesse.

Servi um copo com uísque e duas pedras de gelo e bebi um gole. A bebida desceu queimando a minha garganta seca e efervesceu a minha cabeça. Ronaldo se aproximou de mim e me abraçou pelas costas, afastando meu cabelo para beijar o meu pescoço. Enrijeci.

— Ronaldo, pare! — falei deixando o copo em cima da bancada do bar. Fechei os olhos e respirei fundo. Aquele toque tão costumeiro estava sendo um incômodo muito grande para mim.

— Simone, eu te amo! — sussurrou com voz suave em meu ouvido ainda distribuindo beijos em minha pele.

Eu me desvencilhei das suas mãos e caminhei para longe dele. Ronaldo girou o corpo e seus olhos azuis perfuraram os meus. Ele estava se sentindo rejeitado e eu não podia culpá-lo por se sentir assim. Eu o estava rejeitando. Isso era verdade.

— Não sei o que se passa na sua cabeça, Simone. Você é uma incógnita para mim — disse enquanto me encarava com olhar frustrado. — Sei que você tem algum receio em relação a relacionamentos, mas eu posso ajudá-la a resolver isso.

— Você está enganado! Eu não tenho problemas com relacionamentos. Simplesmente não quero isso para mim, porque eu prezo muito a minha independência e liberdade — respondi determinada, pois sabia que nunca iria me amarrar em ninguém.

— Isso é uma fachada. Não é verdade, Simone! — Ele caminhou até mim e me segurou pelos ombros. — Deixe-me tentar te fazer feliz.

— Ronaldo, por favor... — Fechei os olhos e balancei a cabeça, cansada demais.

Desejo em Julgamento - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora