Capítulo 9

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Conrado


Passei o restante da semana sem acreditar no que havia feito. Eu fui um idiota com a Simone. Um completo babaca. E tudo isso foi porque a imaginei saindo com o Ronaldo daquele restaurante, na noite em que jantamos juntos. Agi movido por algo que não sabia denominar. Era algo muito mais forte do que eu. Mas não era ciúme. Claro que não. Isso era um absurdo! Mas não podia negar que estava puto. Fiquei cego e a acusei, mesmo que indiretamente, de ter um caso com Ronaldo e Ricardo. Onde eu estava com a cabeça? Eu merecia era uma bofetada na cara, em vez do beijo correspondido da Simone.

Quando meus lábios tocaram os dela, perdi o domínio de mim e apenas queria saboreá-la mais e mais. Tive vontade de passear as minhas mãos em seu corpo, conhecer cada centímetro de suas curvas, me embriagar com seu cheiro e me perder em seu gosto. Eu desejava tudo isso e muito mais. Eu queria foder Simone com dureza, me enterrar dentro dela, dar-lhe muitos orgasmos, repetidas vezes, até que ambos estivéssemos esgotados de tanto prazer. Estava prestes a colocar o meu plano em ação, quando Alice invadiu minha memória. O efeito foi devastador. Eu me senti um canalha, um homem sem escrúpulos, como se tivesse traindo a minha falecida mulher.

Um sentimento estranho se apoderou de mim e me fez recuar. Pela primeira vez, não tive coragem de encarar alguém nos olhos. Disse para mim mesmo que aquilo nunca mais se repetiria, que eu não tocaria em Simone novamente, que não a desejaria como a desejo, que me afastaria para longe. Minha mente dizia para fazer uma coisa, enquanto meu corpo desejava outra. Eu era um poço de contradições.

Era noite de quinta-feira e eu estava lavando a louça do jantar. Na verdade, eu e Gui apenas lanchamos. Raramente nós jantávamos fora. Quase sempre nós comíamos sanduíches, torradas, hambúrgueres ou pizza quando estávamos em casa. E a tarefa da louça era minha. Eu lavava e Gui secava. Ele estava quieto, compenetrado secando os talheres, mas sem desviar os olhos de mim.

— Pai, a Mone é muito bonita e querida, né? — indagou puxando um banco e se acomodando ao redor da bancada de mármore.

— Sim, ela é muito querida mesmo — falei de costas para ele enquanto terminava de lavar o último prato.

— Ela é muito gata, pai, e gostou de mim. Ela apertou as minhas bochechas e eu gostei.

Me virei na hora e encontrei Gui com um sorriso largo nos lábios, de olhos brilhantes. A fascinação por Simone estava estampada nas suas feições e no modo como falava dela, deixando evidente o quanto a admirava.

— Você costumava se irritar quando as pessoas apertavam a sua bochecha. O que fez você mudar de ideia, filho? — Sequei as mãos no pano de prato e cruzei os braços sobre o peito, me recostando na pia.

— Ah, pai. Sei lá... — Ele deu de ombros um pouco sem jeito. — Ela cuidou de mim e eu gostei ainda mais dela. Mone tem as mãos muito macias. Parece veludo. E o beijo dela é... quente.

Porra! Eu havia acabado de escutar de meu próprio filho que Simone tinha um beijo quente?! Quase convulsionei. Minha boca ficou seca e meu coração disparou. Uma onda de eletricidade me percorreu e recordei do beijo que trocamos ali mesmo, na cozinha. Eu lembrei de cada detalhe, do modo como a desejei enquanto saboreava seus lábios, apertava seu corpo e sentia o calor que emanava de sua pele. Santo Deus! Nem o meu filho passava despercebido pelo poder que se chamava Simone de Assis. Gui tinha apenas 8 anos e já estava deslumbrado por ela. Aquilo me deixou ainda mais nervoso.

— Quer um suco de laranja? — desconversei indo até a geladeira. Gui me seguiu com olhar, me espreitando.

— Ah pai, eu não quero suco de laranja. Eu quero falar sobre a Mone. — A declaração feita por ele me impressionou. Eu não estava preparado para aquela conversa, que me pegou desprevenido.

Desejo em Julgamento - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora