CAPÍTULO 7 Noites Seguintes

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A tarde foi longa e não suportava mais toda aquela cobrança de minha mãe por não ter dito nada antes de tentar ser uma guerreira e resolver tudo sozinha.Deve estar se perguntando o que eu fiz de grave para receber aquele discurso patético sobre tomar atitudes erradas. Tentei me acalmar mas é tarde, não consigo ficar em silêncio sabendo que estou certa, é como se eu estivesse em um inferno onde é totalmente proibido ter opinião própria e questionar a uma pessoa superior, sabendo que discutir com ignorantes só me torna um deles, não tem futuro, não vai me ajudar a fazer alguém me ouvir, mas ainda assim eu fui grossa e bati de frente, eu não queria ouvir minha mãe falando para respeitar.
Saí de casa faltando pouco para às 4 da tarde queria e precisava esfriar a cabeça antes que eu começasse a matar pessoas idiotas, sim eu tenho coragem de sujar minhas mãos com pouca coisa porém ainda não é hora de pensar nisso e sim em mim, na minha vida e no meu psicológico aquele iluminado pelo tempo e alimentado de ódio e vontade de Vingança. Andei por lugares que nunca havia de ter ido, encontrei casas abandonadas que me trouxeram pensamentos suicidas mas também trouxeram desejo de renovação e de exploração, passei pela casa dos meus tios e sem querer ouvir conversas sobre mim e uma grande quantia em dinheiro que não me importava nem um pouco, continuei em meu caminho até um lago e fiquei lá por horas olhando para água e pensando como seria estar lá embaixo de tudo aquilo sentindo meu pulmão implorar pro um pouco de ar.
Sai daquele lugar antes que fizesse algo ruim comigo mesma, andei sem rumo até me lembrar da praça norte e do enorme livro em minha mochila, por mais bom que fosse ficar naquela praça ela me lembrava dos momentos ao lado de Jonathan e do primeiro encontro do grupo, todos aqueles momentos Pareciam tomar conta de mim que voei para longe em um dos meus apagões e só voltei quando  uma mão gelada tocou meu ombro.
Já não éramos apenas as árvores, as enormes mãos de cimento segurando uma bíblia e eu, mais alguém estava ali e em minha mente julgava não ser boa coisa.Já não éramos apenas as árvores, as enormes mãos de cimento segurando uma bíblia e eu, mais alguém estava ali e em minha mente julgava não ser boa coisa.
- Jake? -Uma voz feminina surgiu bem suave.
- Sou eu... -Me virei com o coração acelerado imaginando ser minha ex sogra, para minha surpresa era aquela garota. -Anne, você aqui! O que faz em Dois Vizinhos?
-Estava por perto e ouvi dizer que ele está em um hotel aqui.
- Ah, que bom que veio por Alexandre, ele vai ficar muito feliz em vê-la.
- Não sei, ontem conversamos e ele foi um idiota, não muda o maldito comportamento infantil.
-Espera! Vocês brigaram?
- Não exatamente mas ele me deixou muito brava.
-Alex tem dessas e eu o admiro por manter a infantilidade para nos fazer sorrir.
-É mas ele sabe que eu não gosto.
- Certo, mas fale com ele e tentem se acertar.
- Bem se nos encontrarmos pode ter certeza que farei o possível para ser doce com ele.
Ficamos por horas sentadas falando sobre ele, mostrei nossas conversas para ela e consegui perceber que seus olhos brilhavam a cada novo texto, Anne parecia não acreditar que tudo era real, ela dizia para mim com um lindo sorriso que aquele era o Alexandre por quem se apaixonou,  por um instante pensei que conseguiria jantar novamente o casal fofinho, a garota Pegou seu celular da bolsa muito animada e procurou número do amado, o que me  surpreendeu foi perceber que ela gravou um áudio miando, fiquei sem entender o motivo até meu celular tocar. Para minha surpresa era Alex me ligando para contar que enfim havia ganho um áudio, Aquele que Anne se recusava a mandar a muitos anos e eu já sabia disso, era cúmplice da menina, que agora queria marcar um encontro ali mesmo e eu estava envolvida naquilo, marquei com Alex para as 10:00 da noite porém quem estaria esperando por ele seria ela.
Tudo estava indo muito bem, Anne estava radiante e parecia inquieta, esperávamos ansiosas por Alex, as horas corriam e a cada minuto o coração parecia sair pela boca, resolvi me afastar enquanto dizia para Alex as roupas que estaria usando, Anne ficou de costas para a rua de onde ele viria e eu me sentei atrás de uma árvore para observar o encontro dos dois. Percebi que um garoto se aproximava lentamente do lugar onde Anne estava mas não era seu amado, pensei que seria Jonathan me procurando para discutir ou querendo meu perdão mas não, nunca havia visto aquele garoto ou pelo menos não lembrava dele de lugar algum.
- Jake! -O garoto chamou em voz alta, uma voz que parecia a de Alex chamou por mim fazendo com que Anne vira-se rapidamente.
-Alex meu am...
Anne mal completou a frase ao ver aquele homem anônimo sacando uma arma e mirando em seu peito, tentei gritar mas foi em vão, minha voz não saía, minhas pernas não se moviam e aquele cara de sangue frio não ligou para as palavras de Anne, não acreditava ao ouvir a jovem dizer que não era eu com os olhos cheios de lágrimas. Todos ouviram aquele estrondo, minhas pernas amoleceram, gritei o nome de Anne e desesperada corri para ajudá-la, mas foi tarde, ele já havia atirado, ela no chão frio da praça, sangue escorria de seu peito e eu me sentia culpada por ter a deixado sozinha,segurei sua cabeça em meu colo imaginando como Alex iria me odiar por ter armado tudo aquilo.
Não demorou muito para Alex chegar e junto a ele uma ambulância e dois carros de Polícia, Aquele maldito que atirou em Anne saiu correndo e entrou em um carro vermelho, Alex paralisou ao ver sua amada sangrando, ele olhou trêmulo, não sabia o que falar ou como reagir diante daquilo, foi a primeira vez que eu o vi chorando, foi uma cena horrível daquelas de filme onde a personagem mais amada morre.
Meu coração ficou em mil pedaços, tentei me desculpar mas ele não quis ouvir, só queria salvar a vida de seu amor, queria de alguma forma trocar de lugar com ela, ele sabia que era impossível e que o coração dela já não batia.

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