ANA

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Último mês de gestação estava chegando assim como a data de um mês sem ter contato com Alexandre, ele não liga e nem manda mensagem está sempre disponível nas redes sociais. Enquanto Alexandre finge não ter uma família, Eduardo Ingrid descobre o meu paradeiro que também que estou grávida, mas ainda com medo faço login no meu velho perfil do Facebook, foi assim trocando mensagens discretas que ele conseguiu rastrear-me.
Plim* plim* " mensagem de Eduardo"
" Jake estarei indo para São Paulo como dizer final de semana, podemos nos ver? "
Aquela mensagem me deixou muito nervosa, não poderia receber visitas em casa sem ser a família de Alexandre, mas eu queria ver meus amigos mais que tudo agora, resolvi então pedir ajuda para a Angel.
Trim*trim*
-Olá Jake está tudo bem?
- Não Angel, nada bem e com você
-Estou preocupada com você...
- Angel meus amigos querem me ver.
- Jake não desça as escadas, fique longe delas, estou indo para aí...
- Angel que droga! Espera, me diz o que houve eu preciso de respostas!
- Só faz o que eu disser, fica onde está e não abra a porta para ninguém e o mais importante não chegue perto das escadas.
- tudo bem mas eu estou no sótão, não demore estou ficando com medo.
No caminho para casa havia uma velha ponte e já interditada, logo para chegar ao local teria que dar a volta, mas aquele era o único caminho rápido o bastante para evitar uma tragédia. Angel dirigia a cerca de 80 a 100 quilômetros por hora no meio de uma tempestade, trovoadas, relâmpagos e raios tomavam conta do céu, o celular de Angel tocava a todo instante a deixando ainda mais nervosa e com medo de algo ruim acontecer.
- Que droga Ângela! O que quer?
- Angel por favor tenha calma, diminua a velocidade e por amor ao nosso pai não Cruzes a ponte.
- irmãzinha pare de chorar, eu preciso chegar até Jake e levá-la para casa de luz, ela corre perigo!
- porfavor Angel ela sabe se cuidar!
Nesse momento Angel adentra a ponte ainda em velocidade, Ângela sua irmã continua chorando ao telefone e a chuva que não dá trégua atrapalhando ainda mais a visão.
- Edu Creio que não seja bom para mim receber visitas agora entende?
- Sim sei, Alex não te deixa receber visitas, normal ser tão Jhon depois de quase a perder várias vezes!
- por favor Eduardo não compare assim, Alexandre está no Canadá e eu estou sobre cuidados de Angel e Luz, elas proibiram visitas sem ser a família dele já que a minha não sabe do meu paradeiro...
- Sei bem Jake, você está com medo de algo, a gente nunca faria mal a você!
A ligação começou a ficar cheia de ruídos estranhos, a voz de Eduardo cortava e o que consegui ouvir era chuva e junto a ela murmúrios de Ingrid pedindo que ele entendesse o meu estado e implorando para deixar a dirigir.
Sinto dores fortes em minha barriga, é como se o bebê estivesse pronto para nascer, aquela dor era insuportável e uma voz me chamava ao longe, aquela vozinha da sala ou ao menos parecia vir, me levantei lentamente da cama, estava tonta mas ainda assim consegui chegar até a janela e ver um carro parado na frente de minha casa, nunca havia visto, não era de Angel nem de Luz e também não poderia ser de Alexandre, ele estava muito longe daqui e não tínhamos condição de comprar um como aquile.
Ligo novamente para Eduardo e Ingrid, o telefone toca sem parar e por fim vai para a caixa postal, Angel também não atendia e a minha dor só aumentava, o medo tomava conta de mim e aquela voz que me chamava para descer. Angel estava cruzando a ponte em alta velocidade no meio de uma tempestade, meu namorado não dava sinal de vida e Eduardo estava na estrada discutindo com Ingrid, por algum motivo sentir que algo ruim aconteceria com um deles, meu coração sabia disso e agora doía tanto quanto minha barriga, criei coragem e sair do quarto mesmo que Angel tenha me pedido para não descer as escadas, tomei cuidado o máximo que pude e em meio a dor consegui chegar ao segundo piso e me dirigir ao quarto em que dormia com Alexandre. Na estrada Eduardo por incrível que pareça teve a brilhante ideia de pegar o atalho da ponte no meio daquela tempestade, ele e Ingrid não paravam de brigar um segundo, nada se via, nem um palmo à frente dos olhos.
- Jake continue onde está, estou chegando pra te ajudar. - Angel falava assustada no telefone.
- Por favor desligue o telefone e para o carro está muito perigoso Angel!
Mal terminei frase e um trovão soou no céu deixando a ligação ficou muda.
- Jake! Jake está ai? Responde por favor!
Uma luz forte surgiu da neblina causada pela chuva, Angel distraída com telefone na mão não conseguiu perceber a tempo que outro carro vinha em sua direção. Quando Angel se deu conta do que iria acontecer ficou ainda mais desesperada, soltou o pé no freio e sem querer perdeu o total controle do volante. Ingrid antes mesmo de Eduardo viu o carro sem controle, ela puxou o volante para desviar mas pouco adiantou, o carro sem controle pertencia a Angel e este capotou na ponte fazendo que o carro de Eduardo batesse na traseira e perdesse o controle sendo arremessado para fora da Ponte.
Meu telefone toca e uma voz nervosa grita comigo, ordena que abra a porta, a voz que antes vinha da minha sala, a dor era incontrolável eu estava com medo de perder minha filha.
- Garota insolente desça logo e abra essa porta!
Aquela voz, aquele jeito inconfundível de falar, não pode ser, isso não é real, ele estava morto. Fiquei no topo da escada olhando diretamente para a porta onde uma figura masculina permanecia em pé com o telefone na mão, pensei em porão pé na escada mas lembrei-me do que o Angel disse sobre não descer, o homem batia na porta agora com raiva e a chuva parecia pegar em suas costas, Meu celular começou a tocar do nada me dando maior susto, era Alexandre ao telefone.
- Oi meu amor, o que houve? Por que sumiu assim?
- Oi, precisamos conversar Jake
- Jake? Por que me chamou assim?
- só me escuta ok.
- Alexandre o que você fez? Me fala logo o que aconteceu?
-Fica calma, como está Ana?
-Como está Ana? Sério isso? Sua filha ainda não nasceu Alexandre! Você sumiu não deu notícias e queria o quê? Que Ana estivesse com um ano de idade, seus pais me aceitando e os seus irmãos formados!
- Jake se acalma, não me faça ficar nervoso.
- Agora fica nervoso por minha causa, por favor queria o que? Você sumiu!
Sinto algo gelado tocar minhas costas, meu corpo, não sinto mais meu corpo, as minhas pernas não me manter em pé, meu celular cai escada abaixo e meu corpo se lança junto a ele como se houvesse um combinado tal ato, tudo ficou escuro para mim naquela casa mas quando abri meus olhos eu estava viva, estava na ponte em frente um carro queimando, minhas roupas eram brancas e estavam cheias de sangue, podia ver a lateral da ponte quebrada, caminhei até lá como se fosse normal, não conseguia ver nada só ouvir o barulho da água, ouvi uma voz fraca e assustada pedindo por socorro, era a voz de Angel vindo diretamente do carro em chamas.
- Alô, Luz? Preciso de ajuda urgente!
- Olá, sim é ela, quem está falando?
-Sou eu Luz, o doutor Marques.
- Ah o pai do dramático, o que você quer?
- estou em frente a casa de Jake e ouvi um barulho estranho como se algo caísse!
- Juro que se algo aconteceu com a piralha ou com a criança dela eu juro que...
- Calma garota outro jogo na cadeia.
- Joga se for homem! Você sabe que é mais fácil você ir preso primeiro do que eu!
-Calada Luz, quem você pensa que é para falar assim comigo?
- Eu sou seu pior pesadelo Marques.
- Que seja sua inútil! Viajar para casa do meu filho!
- Você não manda em mim só vou por causa de Jake!
Angel estava sangrando, ela estava muito machucada e parecia que a qualquer momento iria desmaiar, coloquei minhas mãos na barriga e ela não estava mais lá, o que eu quero dizer é que minha filha não estava lá, tirei Angel do carro com dificuldade, quando tentei levar levá-la para o outro lado uma ambulância chegou, eles passaram direto por mim, deram assistência a Angel mas ninguém me via lá eu estava invisível de verdade.
- Que diabos estava fazendo aqui está hora idiota?
-Olha como fala comigo Luz!
- Marquês vai para o inferno!
Luz abriu a porta de minha casa e me viu jogada no chão ainda sangrando, ela parecia desesperada e meu sogro pela primeira vez demonstrou importasse comigo. Luz fez os primeiros socorros enquanto o pai de Alexandre ligava para o hospital. O socorro não demorou, eu ainda sentia dor e podia ouvir alguns comentários sobre ter um gato no topo da escada, ouvi também sobre esconder de meu marido a verdade o que resultou em mais discussões entre luz e o doutor Marques.
Eu abrir meus olhos vagarosamente não conseguia ver tudo claramente Mas sabia que estava no hospital, Luz chorava muito e Henry meu antigo médico tentava acalmá-la, alguém que não soube reconhecer o rosto aplicou uma anestesia para que não sentisse dor e também para dormir, não sei se funcionou pois mesmo de olhos fechados ouvia perfeitamente os comentários.
Hospital estava movimentado naquela noite,Henry não pode ficar comigo no quarto se bem pude entender em meio a tantas vozes, três pessoas estavam feridas e uma delas parecia sem vida, acidente na velha ponte de madeira. Acordei na manhã seguinte com uma figura masculina ao meu lado, olhos tristes e a prancheta na mão esquerda, Henry assinava alguma coisa.
- Bom dia doutor, posso ir para casa?
Bom dia apressadinha, não, você ainda não pode ir.
- Doutor cadê minha filha?
- Jake...
Fez silêncio na sala por alguns minutos, nunca havia visto Henry daquela forma, ele realmente estava muito nervoso.
- Fala Henry! O que houve?
- tenho algumas notícias não boas para você..
- Doutor Fala logo não faz isso comigo!
- Luz vem aqui e traga um calmante. Quanto a você Jake se acalma, ficar assim é pior.
Luz entrou no quarto com uma injeção e mesmo contra a minha vontade aplicou, eu estava pronta para as notícias.
- Jake, ontem à noite Angel sofreu um acidente na ponte mas ela está bem, ela conseguiu sair do carro antes que explodisse.
- Eu disse a ela para não dirigir naquela tempestade, mas minha filha Doutor?
- Bem eu não sei como te dizer isso mas você precisa saber. Seus amigos estavam na ponte e se envolveram no acidente de Angel... sua amiga Ingrid, bem ela foi se encontrar com Luan.
- Não, diz que é mentira! O Edu está bem? Ele já sabe?
- Calma Jake! Ele está bem e sim já sabe.
Neste momento Luz retorna ao quarto na companhia do pai de Alexandre.
- Pronto Doutor Henry, já pode acabar com isso.
- Garota fica caladinha ai!
-Não comecem, doutor Marques, Jake, o que eu tenho para dizer é que... ANA não resistiu a queda da escada, sinto muito Jake.
- Não não doutor não diga isso! Por favor não!
- Calma Jake!
- Calma Marques! Você queria isso! Mas é a minha filha! A minha filha!
- Senhor Marques saia por favor, deixe a com Luz.
Henry e Marques saíram da sala por algum tempo mas eu estava muito alterada, perdi minha filha e minha amiga mas o que mais doía era saber que minha Ana estava morta, luz tentou me acalmar mesmo estando com raiva, eu sentia muita dor, minha barriga doía e meu coração estava em pedaços e eu queria morrer, eu faria tudo para morrer. Marques entrou no quarto segurando um buquê de flores como se aquilo fosse trazer minha filha de volta à vida.
- Meu filho chega pela manhã, conseguu adiar o velório e o sepultamento para amanhã à tarde.
- Eu não quero ver você, eu não quero ver ele! -Eu tremia voz enquanto eu chorava.
- Jake desculpa mas agora você precisa ser forte, precisa refazer sua vida com meu filho.
- Me me deixe sozinha ou eu me mato e a culpa será toda sua!
Doutor Henry entrou no quarto e trocou algumas palavras com o Marques, depois me medicou e eu fui sentindo meu corpo perder as forças, minha visão se foi, eu estava morrendo, eu iria encontrar como Ana...infelizmente não tive tanta sorte, acabei acordando no dia seguinte com o Alexandre e o pai ao meu lado...

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