1- O melhor para você

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O dia passou devagar demais, porém finalmente a lua já chegou, depois de um dia difícil ajudando a mamãe na cozinha real, nada melhor do que encontrar o meu amor, Aspen. Corro até o nosso cantinho, a casa da árvore. Mal posso esperar para contar para todos o amor que sinto por ele, mas agora não é o momento certo. É melhor continuar escondendo o namoro, até as coisas entre o papai e os meus irmãos se acalmarem.

- Meri -Aspen me puxa com fervor e eu retribuo o beijo.

- Meu amor, - O afasto um pouco de mim- Você está com uma aparência tão cansada. -Falo, olhando para suas roupas sujas e muito gastas, trabalhar no estábulo não era nada fácil.

- Eu sei que estou, mas não precisa ter pena de mim, eu sou feliz assim, América. - A voz de Aspen soa num tom arrogante.

- Eu não estou com pena de você, só acho que você tem que se cuidar mais, se preocupar com sua saúde... -antes que eu pudesse terminar, Aspen me interrompe.

- Ah claro, eu sou o homem da família, tenho que sustentar minha mãe e meus irmãos... -Agora é a minha vez de falar.

- Mas desde que o seu pai faleceu, você trabalha feito um maluco, Aspen, você precisa descansar um pouco.

- Não é tão fácil como você pensa. -Aspen revira os olhos.

- Eu sei que não é, mas acho que não tem necessidade de você ficar fazendo hora extra no trabalho e quando chega o domingo, o seu único dia de descanso, você ir as ruas para procurar fazer mais trabalhos, por apenas
algumas trocados.

- Simples, além de ter que sustentar a minha família, eu quero me casar com você, América, e te dar uma vida digna. -Tem uma coisa molhada no rosto de Aspen. Espera, ele está chorando?

- Bem, nós já temos a nossa casinha na árvore. Poderemos viver aqui. Eu não me importo. -Digo, tentando amenizar a situação.

- Olha pra essa casa da árvore, a única coisa que tem aqui, é esse cobertor velho, remendado. Pense bem, eu quero te dar uma vida melhor.

- Se para ter uma vida melhor , significa trabalhar sem parar. Eu não quero, Aspen. Eu realmente não quero. -Estou ficando irritada.

- Acho melhor conversarmos outra hora. Você não sabe o que está dizendo. -Aspen já ia saindo da casa.

- É claro que eu sei o que estou dizendo, não quero nenhum luxo, só quero ser feliz ao seu lado. Por que você é assim, Aspen? Por favor -supliquei.

- Se você se casar comigo, mal vai ter como se alimentar, a minha situação financeira não é nada fácil. Você precisa entender e se acostumar com o meu trabalho. -Aspen olhou bem no fundo dos meus olhos.

- Já que é assim, eu posso te ajudar no estábulo.

- Nem pensar, América! Você é uma dama, uma mulher, a minha mulher. -Aspen pareceu muito ofendido.

- E você é um machista! Sério que vai recusar a minha ajuda? Sinceramente, está cada dia mais complicado conversar com você. -Disse, exausta.

- Eu só quero o nosso melhor... - o interrompo

- Mas por que, que todas as vezes que pensamos no nosso futuro juntos, começamos a brigar? -Essa pergunta o deixa surpreso, e ele não responde.- Talvez porque não vá existir nenhuma futuro entre nós.

Eu passei por ele como um furacão e o deixei sozinho na porta casa da árvore. Com lágrimas nos olhos, eu pulei a janela e entrei em casa, agora com passos calmos, para não acordar ninguém.
Ao entrar no quarto, encontro May, sentada na ponta da minha cama, batendo os pezinhos no chão, angustiada.

- Irmã, eu vi você pular a janela depois do jantar, quando todos já tinham ido para seus devidos quartos, você foi se encontrar com aquele rapaz do estábulo não foi? -May me perguntou, parecendo indignada. E eu apenas fiquei sem reação- Se sim, não faça mais isso de jeito, América! -May estava nervosa demais.

- Quem você pensa que é, mocinha? Não fale assim comigo, eu sou mais velha que você.

- Você não está vendo? -May fez uma expressão óbvia.- Aqui em casa todos os dias, brigas e mais brigas... Tudo porque a Kenna quer se casar com um homem de casta menor, casta seis.

- Não quero falar sobre isso agora, e acho que isso não tem a ver com você. -Falei já me deitando na cama, estava exausta, depois da discursão com Aspen.

- Então tá, você que sabe da sua vida, América. Mas saiba que só queremos o melhor pra você...-   Ah não, essa história de "melhor pra você " já está me tirando do sério.

May continuou falando algumas coisas que eu não consegui entender, já havia mergulhado nos meus pensamentos.

O sol forte entrando pela janela, mais um dia. Me levantei da cama com a cabeça muito dolorida, tomei uma ducha e fiz uma trança simples nos Meus longos cabelos. Preferi nem tomar café da manhã, tudo para evitar presenciar mais uma briga do papai com a Kenna e olhares acusadores de May. Passei pela cozinha, avistei o papai, a mamãe, e todos os Meus irmãos, Kota, Kenna, May e Gerad. Sussurrei um "bom dia" e corri para cozinha do castelo, antes que alguém me chamasse.

Pelo menos na cozinha, eu posso desabafar com a minha melhor amiga, Marlee.
O estranho foi que quando cheguei na lá, não havia ninguém. A cozinha vive cheia de gente para lá e para cá. Como sempre atrevida, eu  fui na pontinha dos pés entrando na sala real.

Um barulho ensurdecedor, todos os guardas correndo de um conto para outro. Ah não, ataques rebeldes mais uma vez.
Um medo invadiu o meu corpo, onde eu iria me refugiar?
Sai correndo pelo castelo tentando abrir as portas, mas nada. Todas trancadas. Eu já estava em pânico, ate que avistei uma porta encostada e, sem pensar duas vezes, entrei. Bati a porta com força e a tranquei. Eu estava salva. Ao menos por algum tempo.

- Ei - Ouvi um voz masculina logo atrás de mim, estremeci por completo. Não consegui me mexer. -Eiiiii - O som estava ficando mais e mais próximo, até que uma mão gelada toca a minha pele. E eu viro imediatamente.

- Príncipe Maxon ?

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