O começo de tudo

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Respirou bem fundo aquele ar gélido, há quanto tempo não sentia aquele frio? Aquela liberdade? Alexander suspirou e colocou sua mochila nos ombros. Começou a andar em direção ao ponto de ônibus perto do portão de saída do presídio.

Sentou-se em um dos espaços sem sujeira do banco para esperar o ônibus. Não tinha onde ficar, no momento não conseguia pensar em um lugar para ficar e seus familiares não o aceitariam, não depois do que aconteceu.

Seis anos atrás, Alexander e Alexandre,-seu irmão gêmeo – estavam arrumando a garagem, quando de repente houve cinco disparos. Alexandre estava morto. A pessoa que atirou em seu irmão, jogou a arama no chão e saiu correndo. Alexander queria poder correr, ir atrás do assassino, mas não conseguia. Suas pernas estavam congeladas pelo choque de ver seu irmão morto no chão. Não sabia o que fazer e por puro impulso pegou a arma, mas no mesmo instante a soltou e foi tentar salvar a vida do irmão, mas ele sabia que já era tarde demais.

Mesmo tentando, e falando a todo custo para o júri, que não foi ele quem atirou em seu irmão, mas ninguém acreditava nele. Não havia câmeras de vigilância em nenhum lugar, e suas digitais tinham ficado na arma. Ficou cinco anos, preso por algo que não fez. Teria ficado mais tempo, mas seus trabalhos dentro da prisão o ajudaram. Não intendia o porquê de nem sua própria mãe não o ter ajudado.

Mas agora já livre, não sabiam nem se conseguiria arranjar um emprego, ninguém iria aceitar um 'assassino' recém-saído da prisão. Era muito ruim a sensação de ouvir coisas ruins da boca das pessoas que passavam por ali, sua única opção era ignorar o que elas falavam.

O ônibus finalmente tinha acabado de chegar. Sentou-se no fundo, onde não tinha ninguém e pode sentir o ar quentinho saindo do ar-condicionado. Era com certeza um dos dias mais frios de Londres, pensou Alexander, encolhendo-se no casaco em que estava vestido e suspirou pela segunda vez naquele dia. Lembrou-se do lugar onde trabalha no auge de seus doze anos de idade, iria conversar com a senhora Smith. Talvez a mesma o aceitaria, mesmo 'naquelas condições.'

Alexander agora tinha vinte e um anos de idade. Alto e tinha os cabelos castanhos. Seus olhos mais pareciam esmeraldas de tão verdes. Era tímido, como uma criança em seu primeiro dia de aula na escola. Diferente de seu irmão, que sempre dizia conseguir fazer amigos muito fácil, nunca soube realmente o que era ter um amigo.

O ônibus que pegara, levava até o restaurante da senhora Smith. Sua sorte, que quando apreenderam seus pertences, os deixaram intactos, e sua carteira ainda tinham algumas libras sobrando, pelo menos o suficiente para pagar a passagem do ônibus.

Assim que o ônibus parou, andou com cautela e vez ou outra pulando algumas poças de água. Antes de abrir a porta do estabelecimento, contou até dez -pelo menos umas três vezes,para então entrar. O local não estava cheio. Os clientes presentes, mais pareciam aqueles que mais ficavam ali do em suas próprias casas.

Alexander olhou em volta e sorriu. Praticamente nada tinha mudado naquele lugar. As paredes continuavam de um tom azul marinho, mas talvez por conta do tempo e da umidade, elas estavam um pouco claras e com algumas pequenas manchas de mofo nos cantos inferiores. Notou também que eles tinham arrumado o piso do pequeno palco que tinha mais no fundo.

-Alexander? - perguntou uma voz feminina , bem conhecida por ele.

-Senhora Smith?- a abraçou- A quanto tempo!

-Como tem passado?- colocou uma mecha teimosa, que ficava caindo, atrás de sua orelha.- Fiquei muito preocupada, nunca mais tive notícias de você.

-Não muito bem... A senhora com certeza ficou sabendo.- suspirou e abaixou a cabeça.

-Fiquei sabendo sim.- levantou a cabeça de Alexander.- Mas você deveria me conhecer o suficiente para saber que, eu sei que você não fez nada para o seu irmão.

Alexander (Romance Gay) (EDITANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora