A mesa sete.

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Não sabia quanto tempo tinha ficado encarando o rosto de Nicholas, apenas percebeu, quando o mais velho começou a sacudir suas mãos na frente de seu rosto. Abaixou o rosto e começou a encarar seu sanduíche intocado em cima da mesa, para esconder seu rosto que deveria estar igual a um tomate maduro.

-O que foi?- ele sorriu de lado- Sou tão bonito assim?

Alex arregalou os olhos e negou freneticamente, estava muito envergonhado.

-Me desculpe, não foi minha intenção.

-Mas é claro que não, assim como não foi sua intenção matar Alexandre.

Alexander suspirou e revirou os olhos, Nicholas estava parecendo uma vitrola quebrada. Sempre que tinha oportunidade, lá estava ele, dizendo palavras terríveis, fazendo Alex se sentir para baixo, se isso ainda fosse possível.

-Já disse para você parar, me ofender não vai

-Trazê-lo de volta?- o interrompeu- Mas não acha que alguém tem que pagar o preço?

Alex sentiu seus olhos pesarem e ficarem com uma ardência incomoda.

-E você acha que eu já não estou pagando o preço?

Ele levantou seu tom de voz, e as pessoas que estavam de passagem, paravam curiosas, para assistir a cena.

-Todos os dias tem alguém jogando isso na minha cara.- ele continuou- Acha que isso não dói, que é fácil ir em um mercado e ver todos apontando para você, te chamando de assassino?- Alex levantou-se da cadeira.- Acha que foi fácil ter uma mãe que todo santo dia te criticava, te xingava, falando que você é um inútil e que era melhor se eu nunca tivesse nascido?- seu peito subia e descia, tentando recuperar o ar.

Nicholas o olhava visivelmente assustado, mas permaneceu calado.

-Então, por favor, para de me chamar de assassino, eu não preciso de mais ninguém para dizer coisas horríveis para mim.

Alexander juntou suas coisas e saiu o mais rápido que pode do refeitório, desviando de algumas pessoas que começavam a voltar para suas respectivas classes. Seu estômago roncou, mas sabia que se comesse algo, seria um grande desperdício.

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Sua cabeça latejava e toda aquela bagunça que as pessoas sentadas na mesa sete estavam fazendo, apenas o deixava pior e mais mal humorado. A conversa que tivera com Nicholas Adams mais cedo, ainda martelava em sua mente. Nunca tinha levantado a voz antes, e esperava que Nicholas não começasse a odiá-lo ainda mais.

-Está se sentindo bem?- Carlos estava com a feição preocupada- Está muito pálido...

Alex balançou a cabeça.

-Minha cabeça está doendo um pouco, mas já tomei remédio, daqui a pouco estou melhor.- forçou um sorriso.

-Tem certeza meu filho?

O mais novo abraçou Carlos o tranquilizando.

-Está tudo bem, não se preocupe.

Soltou Carlos, e agora lhe ofereceu um sorriso sincero antes de sair e andar até a mesa sete para atendê-los pela milésima vez.

-No que posso ajudá-los?- sorriu falsamente.

-Vamos querer mais cinco cervejas.- ele sorriu maliciosamente- E também umas outras coisas que não podemos fazer na frente dos outros.- ele passou a mão nas nádegas de Alexander, que deu um pequeno pulo, pelo toque repentino.

Alex se mexeu desconfortavelmente e anotou o pedido daquele bêbado nojento.

-E então, o que me diz?- ele insistiu e dessa vez o apalpou.

Ele sorria abertamente para Alex e ainda mantinha suas mãos sujas e nojentos nas nádegas do mais novo.

Seu estômago embrulhou de uma forma que nunca ele nunca sentiu que fosse possível e se segurou para não botar todo seu almoço para fora.

-Me desculpe, mas tenho que atender as outras mesas.- ele se afastou da mesa, mas sentiu que o homem agarrou seu avental, o forçando a voltar para a mesa- Estou muito ocupado agora, o senhor poderia me soltar?- sorriu falsamente, mais uma vez naquele dia.

-Posso esperar até seu turno acabar.

Alex revirou os olhos e saiu de perto daquela mesa que estava o dando mais dor de cabeça do que já estava, e foi atender a mesa cinco, que era uma família muito educada e com os filhos mais fofos e calmos que ele já vira na vida, ou pelo menos as que passaram pelo restaurante.

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As luzes agora, só iluminavam a metade do restaurante, e Alex tinha acabado de colocar todas as cadeiras em cima da mesa.

-Querido, pode jogar o lixo?- Lynn torceu o pano de chão.

-Só o da cozinha?- ele dobrou o pano que usara antes.

Lynn balançou a cabeça e continuou a passar o pano no chão, cantarolando uma canção qualquer.

Avisou Carlos que jogaria o lixo e fechou a grande e pesada sacola cheia de sobras de comida e lixos queimáveis. Abriu a porta dos fundos que ficava em um canto afastado da cozinha e saiu do restaurante. O vento gelado bateu contra seu rosto e sentiu o corpo inteiro arrepiar-se.

Abriu a enorme lixeira, e com um impulso, jogou a sacola, que caiu com um estrondo, por talvez ser a única lá dentro, ou talvez não tivesse apenas papéis e alimentos dento dela. Escutou um barulho e se encolheu um pouco mais, deveria ser um gato, tinha que ser um gato.

Virou para trás e suspirou aliviado quando viu um gato saindo de trás de umas caixas de papelão que estavam no chão. Assim que se virou novamente para entrar no restaurante, levou outro susto. O homem de mais cedo estava parado na frente da porta, sorrindo.

-Disse que iria te esperar, não disse?- ele se aproximou.

-O senhor está muito bêbado, deveria voltar para casa.

Tentou passar pelo homem, mas o mesmo, em um movimento rápido, prensou Alexander contra a parede. Arregalou os olhos, seu peito começou a subir e a descer. Estava com tanto medo que não conseguia abrir a boca para gritar e pedir socorro, mas quando conseguiu abrir a boca, o homem a tampou com uma das mãos e com a outra livre, foi até o zíper da calça jeans que Alex estava usando.

Seus olhos começaram a lacrimejar, e tudo o que ele passou na cadeia, voltou como um raio em sua mente. Aquilo não poderia estar acontecendo, não de novo.
















desculpem a demora
beijos~

Alexander (Romance Gay) (EDITANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora