Capítulo 17- Sinta-se em casa

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Talvez eu tenha as palavras que ela deseja ouvir, e só talvez mesmo eu consiga fazer tudo certo dessa vez. Ter ido embora para longe daqui é o que ela julga como erro, nunca ter a esquecido é o que denomino como amor.

Por impulso, sentei-me também tentando organizar as palavras em minha cabeça.

- Me olha Luna, nos olhos.

- .. - Me encarou, ainda resistente.

- Nós somos o amor. Individualmente, plantamos esse amor e ao nos juntarmos, florescemos. Fortalecer esse laço e torná-lo recíproco é uma dádiva, e a minha missão é não deixar essa nossa reciprocidade acabar, eu preciso dela e preciso de você. E mais do que isso, preciso que você precise de mim Luna, para me sentir parte de sua vida. Sabe, certa vez encontrei uma Moça, ela me ouviu e confessou que tinha um amor não correspondido. Ainda lembro da frase que ouvi daquela moça: "Ela se foi tarde demais, esperando um amor que nunca teria". Triste e sentada ao meu lado ela permaneceu com o olhar longe, como se imaginasse algo. E eu falei de você, Luna. Falei do meu amor para um alguém que mal sabia o nome, mas sei os sentimentos, e isso já basta.

(...) Imaginei você no lugar dela, ali sozinha e conversando com um estranho ouvinte. Eu saberia conviver com a idéia de que lhe perdi para sempre? Eu saberia lidar com a vontade compulsiva de te ter perto de mim? Eu te admiro por você sempre persistir, por ser a fortaleza que nunca encontrei no meu Eu de verdade. Te admiro por ser a esperança que há em mim, o amor que desejo ao próximo e a essência que me falta em dias que tudo amanhece nublado, inclusive meu coração. E por tanto te admirar, eu comecei a lhe amar.
Quando olhou para o céu e deixou escapar um sorriso espontâneo. Eu me apaixonei naquele sorriso, também. Apaixonei no seu abraço e em cada parte de você, que me apresentou sem pressa. Te conhecei aos poucos e ainda sinto que me falta te conhecer mais, Luna. Você é um mistério mais encantador que me já me propus a desvendar.

(...) Você aceitou o meu convite, e ver você na minha frente com o olhar fixo em mim me faz pensar que ainda tenho chances, que ainda posso fazer o nosso amor florescer novamente, mesmo no inverno, e por tudo que passamos não ter desistido de você foi a melhor escolha que fiz quando meu coração escolheu a quem amar. Porque seria como desistir do nosso particular, dos nossos sonhos. E eu Luna, sempre batalhei pelos meus sonhos.

De imediato ela se levantou e veio para perto de mim, ainda sentado. Me levantei a olhando sério, seria ali a nossa revelação de como seguiríamos futuramente. Chegou mais perto aproximando nossos lábios, me olhou nos olhos por alguns segundos, o suficiente para fazer meu coração acelerar.

Seria esse um sim? Sem nenhuma palavra? Um sim, dito em meio ao silêncio?

Sorriu, em seguida, selando com um beijo calmo e doce. Quando se ama incansávelmente alguém, um simples olhar faz seu corpo estremecer, um beijo de quem se ama acalma todo o nervosismo do coração.

Um beijo do seu amor é um lar, onde o seu coração se acalma.

- Você sempre quis ouvir de mim palavras bonitas e belas declarações de amor - Ela sorriu e continuou - Mas ao contrário de você, eu não me dou bem com as palavras, eu não sei usar o papel e a caneta para transferir os meus sentimentos para o mundo ou para guardá-los em uma gaveta, e mesmo com esse meu jeito você sempre entendeu o meu silêncio, sempre decifrou os meus olhares. Te agradeço por ser assim, e por gostar de mim. Seguiremos juntos, porque o meu silêncio não tem graça sem as suas palavras.

Sinceramente, eu não esperava ouvir isso. Quando você ensaia uma cena na sua cabeça e ela, em algum momento, foge do roteiro você faz uma cara de sem-expressão, como eu, neste momento.

- Juntos...juntos.. - Repito quase que para mim mesmo - O coração é seu Luna, e o lar também, sinta-se em casa.

Escrevi, apenas.Onde histórias criam vida. Descubra agora