37 - Fase 2 - Make You Feel My Love

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Não posso conter minha alegria. Meu inconsciente me encara em um silêncio atordoado, e meu rosto se abre em um sorriso de orelha a orelha enquanto a observo, ansiosa, os olhos torturados de Quinn.

Sua confissão doce e suave me toca em um nível profundo e elementar, como se ela estivesse buscando uma absolvição; suas duas palavrinhas são meu maná do céu. Lágrimas enchem meus olhos mais uma vez. Sim, ama. Eu sei que me ama.

É uma revelação libertadora, como se um peso enorme fosse tirado de mim. Essa mulher linda e fodida, a quem já considerei minha heroína romântica – forte, solitária, misteriosa: ela possui todas essas características -, também é frágil, estranha e cheia de desprezo por si mesma. Meu coração se enche de alegria, mas também de dor por seu sofrimento. E sei neste momento que meu coração é grande o suficiente para nós duas. Espero que seja grande o suficiente para nós duas.

Eu me inclino para pegar seu querido e belo rosto entre as mãos e beijá-la suavemente, derramando todo meu amor que sinto nesse contato suave. Quero devorá-la debaixo dessa ducha. Quinn geme e me envolve em seus braços, segurando-me como se eu fosse o ar que ela precisa para respirar.

- Ah, Rach – sussurra, a voz rouca. – Quero você, mas não aqui.

- Sim – murmuro fervorosamente junto a sua boca.

Ela desliga o chuveiro e pega minha mão, levando-me para fora do box e me envolvendo no roupão. Quinn enrola uma toalha nela, pega uma menor e começa a secar meu cabelo com delicadeza. Quando termina, envolve minha cabeça com a toalha de forma que, diante do grande espelho sobre a pia, pareço usar um véu. Ela está de pé atrás de mim, e nossos olhos se encontram no espelho, olhos fumegantes mergulhando em meus olhos, e isso me dá uma ideia.

- Posso retribuir? – pergunto.

Ela faz que sim com a cabeça, mas franze a testa. procuro outra toalha em meio à enorme quantidade de toalhas felpudas empilhadas ao lado da penteadeira e, diante dela, na ponta dos pés, começo a secar seu cabelo. Ela se inclina para frente, facilitando o processo, e, a cada vislumbre de seu rosto que capturo por sob o tecido, percebo que está sorrindo feito uma garotinha.

- Faz tempo que ninguém faz isso comigo. Muito tempo – murmura ela, mas, em seguida, franze a testa. – Na verdade, acho que ninguém nunca secou meu cabelo.

- Certamente Judy já deve ter feito isto, não? Secado seu cabelo quando você era pequena?

Ela nega com a cabeça, atrapalhando meu trabalho.

- Não. Ela respeitou meu limites desde o primeiro dia, apesar de ter sido doloroso para ela. Fui uma criança muito autossuficiente – diz baixinho.

Sinto uma pontada nas costelas, porque ninguém mais se importa. O pensamento é tão triste que me faz ficar enjoada. Mas não quero que minha melancólica interrompa esse principio de intimidade.

- Bem, eu me sinto honrada – brinco, com gentileza.

- Com certeza, Srta. Berry. Ou talvez seja eu quem se sinta honrada.

- Isso nem precisa ser dito, Srta. Fabray – respondo, com mordacidade.

Termino de secar o seu cabelo, pego outra toalha pequena e dou a volta, ficando de pé trás dela. Nossos olhos se encontram de novo no espelho, e seu olhar vigilante e interrogativo me impele a falar.

- Posso tentar uma coisa?

Depois de um momento, ela faz que sim com a cabeça. Com cuidado e muito suavemente, corro o tecido macio ao longo de seu braço esquerdo, absorvendo a água sobre a sua pele. Erguendo o olhar, verifico a expressão dela no espelho. Ela pisca para mim, os olhos queimando os meus.

My Dark WordOnde histórias criam vida. Descubra agora