20 - The Past

268 9 0
                                    

Quinta atravessa a porta de madeira do ancoradouro como foguete e se detém para ligar alguns interruptores. Ouço as lâmpadas fluorescentes estalando e zumbindo em sequência enquanto uma claridade dura inunda a ampla construção de madeira. De cabeça para baixo, noto um iate impressionante flutuando docemente na água escura da doca, mas só vejo de relance, pois ela logo sobe uma escada de madeira me carregando para o andar de cima.

Ela para no portal e liga outro interruptor - acendendo agora lâmpadas halógenas, que são mais suaves, com regulador de intensidade - e estamos em um sótão de teto inclinado. A decoração é em estilo náutico da Nova Inglaterra: combinação De azul-marinho e creme com traços de vermelho. Há poucos móveis, dois sofás e é tudo o que eu consigo ver.

Quinn me coloca de pé no chão de madeira. Não tenho tempo de examinar o ambiente - meus olhos não conseguem desgrudar dela. Estou fascinada... observando-a como alguém faria com uma predadora rara e perigosa, esperando o bote. Ela está ofegante, acabou de atravessar o gramado e subir um lance de escada me carregando nas costas. Seus olhos estão inflamados de raiva, desejo puro e legítima volúpia.

Puta Merda. Eu poderia entrar em combustão espontânea só com o olhar dela.

- Por favor, não me bata - sussurro, implorando.

Ela fecha a cara, arregalando os olhos. Pisca duas vezes.

- Não quero apanhar de você, aqui, agora. Por favor, não me bata.

Ela fica boquiaberta, surpresa. Num rasgo de coragem, estico o braço hesitantemente e toco seu rosto, correndo os dedos pelo seu rosto até chegar em seu queixo. É uma mistura curiosa de maciez e ao mesmo tempo sinto ela tensa. Ela fecha os olhos lentamente, encosta o rosto na minha mão e fica com a respiração presa na garganta. Levanto a outra mão e corro os dedos pelo seu cabelo. Ela solta um gemido quase inaudível e, quando abre os olhos, está com o olhar desconfiada, como se não entendesse o que estou fazendo.

Adianto-me, ficando mais perto dela, puxo-a delicadamente pelo cabelo, trazendo sua boca até a minha, e beijo-a, enfiando a língua em sua boca por entre seus lábios. Ela geme e me abraça, puxando-me para junto de seu corpo. Suas mãos encontram meu cabelo, e, forte e possessiva, ela retribui meu beijo. Nossas línguas se enroscam, consumindo-se mutuamente. O gosto dela é divino.

De repente, ela recua, nossas respirações ofegantes Se misturando. Deixo cair as mãos em seus braços, e ela me olha furiosa.

- O que você está fazendo comigo? - sussurra, confusa.

- Beijando você.

- Você disse não.

- O quê?

 Não para quê?

- Na mesa de jantar, com suas pernas.

Ah... então é tudo por causa disso.

- Mas estávamos na mesa de jantar dos seus pais. - Olho para ela completamente perplexa.

-Ninguém jamais me disse não antes. E isso é muito... excitante.

Seus olhos se arregalam, cheios de espanto e desejo. É uma mistura embriagadora. Engulo em seco instintivamente. Suas mãos descem para minha bunda. Ela me puxa com força contra seu corpo.

Minha nossa...

- Você ficou zangada e excitada porque eu disse não? - suspiro espantada.

- Estou zangada porque você nunca me falou da Geórgia. Estou zangada porque você foi beber com aquele cara que tentou seduzi-la quando você estava bêbada e a largou com uma pessoa praticamente desconhecida quando você estava passando mal. Que tipo de amigo faz isso? E estou zangada e excitada porque você fechou as pernas para mim.

My Dark WordOnde histórias criam vida. Descubra agora