Irish Boy

"Você?"

A figura adentrou a sala se posicionando ao lado da diretora que continuava a falar sobre algo relacionado a educação, mas naquele momento eu já não conseguia prestar atenção em nada. Meus olhos estavam cravados naquele ser, mais especificamente, naquele menino. Ele tinha os cabelos louros quase platinados que foram levantados em um topete levemente bagunçado. Seus olhos eram um azul piscina, quase que hipnotizantes e sua boca, meu deus, era fina com um tom rosado que me fazia ter vontade de beijar. O que está acontecendo com você Melanie?

- Tenta ser mais discreta – Zayn sussurrou no meu ouvido – Você está dando muito na cara.

- Vai a merda Malik – sussurrei de volta fazendo Zayn soltar uma risada. Parece que acabei falando um pouco alto, pois assim que olhei pra frente vi que aquele menino me encarava intensamente, mas assim que percebeu que eu também o olhava desviou o olhar novamente para a diretora que ainda não havia parado de falar.

- Senhor Horan, sente-se na ultima cadeira, por favor – Sr. Philips, nosso professor, se pronunciou assim que a diretora saiu pela porta. O garoto caminhou a passos lentos até o lugar indicado. Quando passou ao meu lado não pude deixar de notar suas tatuagens espalhadas pelos braços e pescoço. Os desenhos eram variados, mas todos eram coloridos em um tom negro.

Sr. Philips deu continuidade na aula, mas parece que os alunos não queriam fazer o mesmo. Alguns, os mais discretos, espiavam o garoto com olhares curiosos. Já outro, sem nenhuma cerimônia, giravam o pescoço para olha-lo de tempo em tempo.

(...)

O sinal tocou informando o início do intervalo. Como de costume, eu e os meninos fomos nos reunir em uma das mesas postas no exterior do colégio. Liam chegou com o assunto que foi o suficiente para que todos os meninos ficassem entretidos. Futebol.

Coloquei toda a minha atenção no lanche posto a minha frente. Um copo grande de refrigerante e algumas batatas fritas. Comi tudo em completo silêncio, já que de futebol eu não entendia nada.    
- Já volto – Informei ao me levantar da mesa. Os meninos apenas assentiram e continuaram a falar sobre o placar do último jogo. Nessa hora tive certeza de que eles nem ao menos haviam me ouvido. 

O banheiro era um local bastante espaçoso, pelo menos o feminino. A parede era totalmente coberta de ladrilhos brancos, ao contrário do piso que possuía um tom escuro. Havia quatro cabines de cor verde que estavam em um estado quase deplorável. Mensagens de ódio e desenhos pornográficos estavam espalhados por todo o local. Procurei pela cabine mais limpa, coisa que era difícil de se achar naquele lugar, mas que por fim encontrei. 

Assim que voltei a pisar no corredor, senti meu celular vibrar no bolso da minha calça. Na tela tinha uma notificação de mensagem. Era minha mãe.

Mom: "Mel, preciso que venha o mais rápido possível para casa. Vou precisar da sua ajuda. Te amo x"

Eu: "Ok mãe, te amo xx"

Estava prestes a devolver meu celular ao seu devido lugar, o meu bolso, mas senti meu corpo bater em algo, ou melhor, em alguém. Sem que desse tempo de impedir, meu celular se espatifou no chão, junto com alguns livros e um celular aparentemente idêntico. Não me dei ao trabalho de olhar quem era a pessoa que havia se esbarrado em mim, estava mais preocupada com meu celular.

- Merda - Foi tudo o que eu disse ao me abaixar para pegar o meu celular, ou o que restou dele.

- Mas que porra - Um voz masculina e um pouco rouca me chamou a atenção. Quando levantei meu olhar para a pessoa fui atingida por dois olhos de tom azul. Era o novato.

Ficamos nos encarando pelo que se pareceu séculos, pelo menos para mim. Senti como se estivesse paralisada. Tentei mexer minhas pernas, mas as mesmas estavam grudadas no chão, da mesma forma que meus olhos estavam grudados nos dele. Comecei a voltar a realidade e percebi o quanto aquela situação estava estranha e até mesmo constrangedora. Sem nem ao menos me preocupar, peguei o primeiro celular que vi pela frente e saí praticamente correndo.