Irish Boy

"Eu nem sei porquê ainda estou falando com você."

O sol fraco bateu em meu rosto no momento em que pisei na rua. Eu não sabia ao certo onde estava e nem como iria sair dali, mas eu precisava achar uma maneira. Precisava ficar longe daquela casa; daquelas lembranças; daquele garoto. Pensei em ligar para o Zayn, mas sabia que isso iria se resultar em um grande questionário. Então só consegui pensar em uma pessoa, a única que não iria me julgar.

- Giovana - A menina do outro lado da linha atendeu no segundo toque.

- Bom dia, minha flor - Disse com seu bom humor natural.

- Preciso que você me busque - Minha voz saiu mais fraca do que pretendia e Gigi entendeu na mesma hora que eu não estava normal.

- Onde você está? - Sua voz perdeu toda a alegria. Ela estava preocupada, como sempre ficava quando algo dava errado em minha vida.

Demorei algum tempo para conseguir explicar onde eu estava, já que nem eu mesma sabia. No fim, Gigi desligou o telefone as pressas, prometendo estar aqui o mais rápido que pudesse. E eu, bem, apenas esperei.

O carro prata parou em minha frente e minha amiga saiu correndo de dentro dele. Seu semblante suavizou quando viu que eu não estava machucada ou algo do tipo. Ela tentou, insistentemente, me fazer explicar o que havia ocorrido, mas apenas implorei para que me levasse para longe do lugar. E quando ela fez, pude respirar de alívio.

- Agora você vai me explicar direitinho o que aconteceu. - Giovana falou quando entrei em meu quarto, sendo seguida pela loira.

- Niall - Me joguei em minha cama com força. Gigi se deitou ao meu lado e esperou que eu continuasse. - Ele foi um babaca comigo.

- O que exatamente ele fez? - Sua voz estava tensa e seu extinto protetor em alerta.

Contei, com todos os detalhes, desde a hora em que fui atrás do garoto na festa, até a catástrofe na cozinha. E assim como Zayn, Giovana também queria matar o louro. Quando digo que ela e o moreno combinam em tudo, eles discordam.

- Eu vou acabar com esse babaca - Giovana estava com raiva, algo que era raro de se ver. A garota, sempre tão alegre, nunca briga com ninguém ou se mete em qualquer discussão.

- Não gaste seu tempo com ele - Suspirei frustrada. Como eu iria imaginar que depois daquele pequeno momento ontem, terminaria assim? Eu realmente não tenho sorte na vida.

- Você é quem devia ouvir isso. Não quero pensar em ver você triste por esse babaca. - Não tinha sido um comentário, era uma ordem, e eu decidi segui-la a risca.

(...)

Giovana foi embora um pouco depois do almoço, e eu permaneci em meu quarto, fechada para tudo. Minha mãe veio me ver e quando tentei explicar onde passei a noite, ela me disse que o Niall havia lhe mandado um mensagem as três da madrugada. Ela me perguntou como foi e jogou algumas piadinhas sobre o louro e tive que me esforçar muito para manter a calma.

Permaneci o restante do meu dia em frente a tela do meu notebook, assistindo diversas comédias para amenizar meu humor, ou pelo menos tentar. Se acordada eu já não estava conseguindo controlar meus pensamentos, imagina dormindo. Minha noite foi bastante agitada, o loiro me perturbava até em sonhos. Tive que lavar meu rosto algumas vezes até, finalmente, me afundar em um sonho calmo.

(...)

Acordei ao som de The Fray, meu despertador no momento. A melódia calma de You Found Me chegou aos meus ouvidos e me senti pronta para enfrentar mais um dia naquela escola. Saber que quem iria me levar hoje seria minha mãe me deixou aliviada. Não estava preparada e muito menos com vontade de olhar para o rosto do garoto mais detestável da face da Terra.