Prólogo

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Todas as minhas maiores alegrias aconteceram enquanto estava chovendo.

Um dia, enquanto eu tentava fugir de uma tempestade, entrei na primeira loja que avistei e, por coincidência, ela havia sido inaugurada há alguns meses. Como a chuva estava demorando a passar, decidi comprar alguma coisa lá - um Trident, para ser mais exato. Ao passar pelo caixa, uma música começou a tocar muito alto e muitas pessoas aleatórias e sorridentes ficaram em volta de mim jogando confetes e gritando. O gerente, que era uma delas, disse que eu era o cliente número 10.000 e portanto, ganharia R$1.000 por isso.

Sim, eu ganhei R$1.000 comprando um chiclete.

Alguns meses depois, em uma segunda-feira qualquer, por volta das seis horas da tarde, me deparei com um dos piores temporais que eu já tinha visto. E, enquanto eu caminhava na chuva, mesmo usando a minha capa ridiculamente grande, meus sapatos ficaram escorregadios. Tão escorregadios  que acabei caindo no meio da praça por onde passava todos os dias na volta para casa. Eu caí tão feio que o dono da padaria caiu também, só que de tanto rir de mim. 

Antes que eu pudesse esbravejar toda a minha raiva, ainda com a cara no chão, avistei uma bolsa embaixo de um dos bancos da praça. Peguei-a e olhei procurando documentos, porém não havia nenhum. O que tinha dentro da bolsa? Dois ingressos de um show da minha banda favorita, que por sinal já estavam esgotados há meses.

E, sim, foi o melhor show da minha vida.

*

Eu poderia contar aqui todas as façanhas que as chuvas, das mais bravas às mais mansas, fizeram por mim, todavia contarei a mais importante: a menina dos olhos de avelã.

O lado bom da chuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora